Pacaembu e alguma coisa (por Paulo-Roberto Andel)

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Fla-Flu é Fla-Flu. Já aconteceu em Caio Martins, Ítalo Del Cima, no nordeste, no exterior e o escambau. Agora deságua – com calor – em São Paulo. Não que fosse por planejamento, longe disso, mas acharam que seria uma boa em termos de grana, a Globo – esse câncer do Brasil em geral e do futebol em particular – ficou satisfeita e não havia outras grandes alternativas. Então, o que não tem remédio, remediado está. Vai em frente o maior clássico do futebol brasileiro.

Nada contra o Pacaembu, pelo contrário: é lindo, histórico, charmoso e tem cara de estádio de antigamente, bem diferente desde elefantão sem alma que puseram no lugar do Maracanã. Mas só fomos parar lá porque os dirigentes dos futebol carioca prometem gestões, planejamentos, modernidade e… ploft! De toda forma, foi o que sobrou e, fazendo as contas, até pela situação inusitada, o público em Sampa vai ser bom para os dias de hoje, trinta ou trinta e cinco mil pessoas.

Mais um passo para Levir Culpi trabalhar na reconstrução de um time de futebol parado há três anos e meio. A partida contra o Criciúma foi animada, o Clássico Vovô foi um desastre salvo no último minuto com o velho Gum – a quem sempre respeitei, exceto quando pagou de cabo eleitoral do pavonismo, e que também entendi que merecia uma baita festa de despedida. Só que veio o Henrique e teve gente que sentiu saudades do Guerreiro. Deve fazer sentido.

Melhor ou pior fase, forma ou pontuação pouco ou nada contam quando as centenárias camisas vão para a arena dos gladiadores. O favorito pode rodar, a zebra pode se consagrar. Cento e catorze anos. Eu vi uns quarenta deles. Assis, Edinho, Rivelino, o drible do Cristóvão, aquele golaço do Dirceu da intermediária. O créu, a bomba do Conca de sem-pulo. Até o Nildo, irmão do desafiador Ciel, já se destacou. Quem se lembra do Rodriguinho? Perdemos também, também morre quem atira. É clássico.

São muitos e muitos jogos. Do gol de barriga já fiz dois livros, o segundo sai em breve. Mas o que me vem à mente agora é de 1982: olhos de criança na geral, o craque Andrade escorrega, o centroavante Amauri carregou a bola e finalizou no último minuto. Um a zero no Fla-Flu. Era o segundo turno, nosso time estava mal e a vitória foi um breve consolo. Porém, quando Assis fez as vezes de príncipe da Etiópia no ano seguinte e marcou o gol imortal de 1983, tudo também fez sentido ali. Quem disse que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes no mesmo lugar?

O Fla-Flu é a bela mulata que passa: um luxo só.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: self

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1 Comments

  1. O fla x FLU do Ítalo Del Cima, eu assisti ao lado do meu saudoso tio: um a zero pra nós, gol de cabeça do Super-Ézio, em 1992. O Maraca esteve interditado no segundo semestre de 1992.
    Que a velha máxima prevaleça, e possamos dizer às 18:00h que “vencer fla x FLU é normal.
    ST

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