Vamos jogar bola (para variar)? (por João Leonardo Medeiros)

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Num mar de confusão, o Fluminense estava nos últimos lugares da tabela do Brasileirão de 2013 quando o juiz apitou o fim de seu último compromisso no campo daquele certame. Depois, como todos sabem, caiu no colo do Flu, de bandeja, a “vaga” na série A. Para isso, entretanto, tivemos de nos meter numa briga contra tudo e contra todos para que um flagrante descumprimento de regra por parte de dois rivais fosse penalizado, levando um deles à série B.

Eu e toda a torcida, menos o Nelson Motta, compramos a briga. Apoiamos ostensivamente e fizemos valer o único ponto de vista que não desmoralizava por completo o futebol brasileiro. Isso contra a big media, o que não é pouca coisa.

Quase ao mesmo tempo, o Flu se acreditou lesado pela Procuradoria Federal da Fazenda Nacional. Tenho dúvidas se o clube foi lesado, considerando o rombo que suas gestões aplicaram na viúva. Mas a reclamação do Flu não era sobre a dívida ou seu pagamento, e sim sobre o tratamento carinhoso dedicado a outros clubes, particularmente os chamados “clubes do sistema”.

Apoiamos, brigamos, estamos vivos depois da sangria.

Um ano depois, a briga com o patrocinador rendeu um rompimento. O presidente do patrocinador que se foi saiu atirando contra tudo e todos no clube. Só não reclamou da torcida, é verdade, porque, ao que me pareceu, optou por agraciá-la (falo das organizadas) com o propósito da cooptação. Não creio que surta efeito, mas foi feito. Pois bem: teve briga, de novo.

Apoiamos, brigamos, superamos.

Agora temos a perseguição da Ferj. Leiam os sites e blogs da intelligentsia tricolor. Estamos do lado do clube, para o que der e vier. Vamos para cima deles, numa tentativa de acabar com quem quer acabar conosco. Firme, dirigentes: terão nosso apoio.

Vejam só: já cheguei na parte final do texto e não falei de futebol propriamente dito. E por quê? Simples: desde o final de 2012, o Fluminense fez de tudo, brigou em várias frentes, comprou várias inimizades. A única coisa que o Fluminense não fez durante todo esse tempo foi jogar futebol, a não ser por um curto e inexplicável período de um mês e meio após a contratação do Cristóvão.

Confesso que estou de saco cheio. Não das brigas, que fazem parte do processo, mas da falta de futebol. A questão é: de quem é a culpa? Já que não sei a resposta, tento esclarecer a pergunta.

Creio que seja hoje um consenso que o Fluminense não treina em quantidade compatível com um esporte profissional, qualquer que seja. Basta para isso, como já disseram vários escribas tricolores, inclusive eu, olhar a programação semanal de “treinos”. Minha questão é: por quê? Vamos às possibilidades.

Possibilidade 1: é o método de trabalho do recém-demitido Cristóvão. Isso é pouco provável, porque Abel, depois de 2012, Renato, Vanderlei e Dorival também não faziam o time treinar muito. Mas que seja o método adotado no clube. Ora, é simples: obrigue o treinador a fazer aquilo que justifica seu salário, ou seja, treinar o time e muito. Não quer aumentar a carga de treinos? Que venha outro.

Possibilidade 2: os jogadores, unidos, não aceitam treinar mais até que todos os atrasados sejam pagos. A coisa aqui é mais complicada. Salário é o mais elementar dos direitos de um trabalhador assalariado, qualquer que seja a monta. Não vou ser eu o veículo da defesa da imposição de obrigações trabalhistas a trabalhadores que têm grana a receber. Neste caso, não vejo outra solução: acordo, pagamento e treino.

Possibilidade 3: o nosso CT-Laranjeiras não dá estrutura para treinamentos em dois períodos, por exemplo, porque não tem, entre outras coisas, espaço para descanso entre um período de treinamentos e outro. Cacete: nós temos vários diretores, uma turma grande PJ, uma galera recebendo bem nas funções administrativas do clube. Com todo respeito, não tem ninguém que possa resolver isso? Peçam ajuda, façam alguma coisa, sei lá. Mas façam um time profissional trabalhar como profissional. Em 2010 e 2012, quando fomos campões brasileiros num campeonato exaustivo, também treinávamos como agora? Duvido.

Enfim, seja qual for a saída, façam o time jogar bola. Nós apoiamos o clube nas brigas, porque o amamos incondicionalmente. Mas não dá para nutrir novas gerações de amantes apenas com confrontos. Que venha o romance.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: fluminense.com.br

#SejasóciodoFlu

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