Amigos, amigas, eu vinha dizendo que a missão do Fluminense no jogo da noite de ontem era sobreviver. O Fluminense sobreviveu ao Atlético e aos seus próprios erros, apesar do resultado: derrota pelo placar de 2 a 1.
Temos um bom tempo até o jogo de volta para Marcão sedimentar suas ideias e resolver o nosso grande problema expresso na noite de ontem, que é o nosso último terço de campo.
O jogo de ontem foi diferente do jogo da última segunda-feira. A estratégia de Cuca foi atrair o Fluminense para o seu campo de defesa e abrir espaços para seus jogadores criativos e verticais trabalharem a bola com mais liberdade.
A marcação à meia pressão foi um engodo, que deixava o Fluminense receber a bola até com certa liberdade por trás da primeira linha de marcação atleticana e ali eles pacientemente esperavam situações para roubar a bola e explorar os contragolpes.
No primeiro lance em que a estratégia funcionou, Fred foi desarmado e o Atlético ligou um contragolpe venenoso, desperdiçado por Hulk. A avisar, foi assim que o Atlético chegou ao gol da vitória sobre o River na Argentina na Libertadores.
Com Lucca, Fred e Luis Henrique inoperantes por dentro, o Fluminense dependia dos seus excelentes volantes para criar jogo, mas não tinham à frente uma movimentação que permitisse desarrumar a defesa atleticana. Com isso, nossa jogada principal era explorar o avanço dos laterais, uma ação suicida contra o time deles, que pegava nossos lados abertos.
Mesmo assim, e com Fred sem função em campo, o Fluminense tinha qualidade e valentia para chegar ao último terço de campo, mas ali não tinha qualquer efetividade. Luís Henrique tem muita qualidade técnica, mas é improdutivo nas imediações da área quando não joga de frente. Fred saía da área para abrir espaços que ninguém ocupava em facão, exceto em lance em que Lucca deixa de dominar um excelente passe vertical, deixando a bola limpa para o goleiro.
Aliás, Lucca é uma licença poética nesse time, que só tem fundamento a partir da ideia de jogo do Marcão, em que pese seu papel tático, que acabou pouco significativo com um time que só conseguia aprofundar o jogo com os laterais se atirando ao ataque e que buscava uma marcação surpreendentemente avançada.
Não que eu não goste de uma marcação avançada, mas precisamos também de qualidade para construir e finalizar jogadas, o que nos faltou durante os 90 minutos. Mas o pior foi o segundo gol do Atlético, quando acabáramos de empatar, num lance de pênalti, bem marcado pela arbitragem sobre Nino, lá nos confins do primeiro tempo, numa jogada bisonha de Luís Henrique, agora aberto pela esquerda.
Luís Henrique recebe no mano a mano contra o marcador. Tinha duas opções: tentar o drible para fora e ganhar a área, ou segurar a bola, aos 47 minutos do primeiro tempo, e voltar no setor de construção. Luís Henrique tenta o drible para dentro com dois adversários na cobertura. Desarmado, dali sai o segundo gol do Atlético, que pegou nosso sistema defensivo na contramão.
Amigas, amigos, vamos convir, isso é fundamento tático, se aprende na escola. A tal ponto que Luis Henrique é substituído por Arias já no intervalo. Arias nada acrescentou ao time, mas pelo menos mostrou uma movimentação digna de dar substância ao 4-3-2-1 de Marcão, com dinamismo na movimentação.
Acuado pelo Atlético no início do segundo tempo, Marcão finalmente coloca Gabriel Teixeira em campo e o Fluminense ressurge no jogo, como já acontecera na última segunda-feira, mas mantém Fred, praticamente sem função em campo e sem qualquer cacoete para dar profundidade às ações ofensivas.
Não quer dizer que Fred estivesse jogando mal. Ele só passou grande parte do jogo sem jogar. A substituição era tirar Fred para a entrada de Gabriel e deslocar Lucca para o comando de ataque para aproveitar as movimentações de Gabriel e Arias, criando dúvidas na defesa do Atlético.
Diante de tudo isso, saímos no lucro, porque ainda estamos vivos, mas o jogo de hoje deixou uma mensagem intrigante. Não conseguimos bloquear as ações do Atlético, como no jogo passado, tampouco conseguimos ser mais efetivos ofensivamente.
Quanto aos três volantes, tudo bem, o problema é o que acontece à frente deles. Sair tanto para o jogo como fizemos hoje, quase sempre marcando meia pressão, foi ousado, mas de nada adiantou com um último terço de campo improdutivo.
Luís Henrique, na minha opinião, tinha que disputar vaga com Egídio na lateral esquerda, para jogar vindo de trás, condição em que é muito mais produtivo do que tomando decisões erradas lá na frente. Fred deve dar lugar a Caio Paulista no comando de ataque para termos dinamismo e poder de fogo. Gabriel Teixeira é indispensável para fazer a conexão entre meio e ataque, seja jogando por dentro ou pelos lados. Arias tem que ser observado tecnicamente, mas, pela movimentação, pode ser titular.
Precisamos de quem conecte o meio com o ataque, que saiba se movimentar e construir à frente dos volantes. Arias? Gabriel? Os dois? Com Caio Paulista no comando de ataque? Alguma coisa tem que ser feita, porque não adianta termos uma construção feita pelos volantes que morre, inapelavelmente, quando chegamos ao último terço de ataque, por falta de movimentação e inteligência.
Esse é o desafio para Marcão enfrentar e isso tem um preço.
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O 4-3-1-2 seria uma opção, mas Ganso seria a peça ideal. Só que não sabemos quando ele volta. Por que não Wallace, que é a única peça do elenco que se encaixaria perfeitamente nessa função?
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John Kenedy fez ótimas exibições em 2020. Por que não é relacionado? Faz sentido Abel Hernández e Bobadilla (que só sabe fazer faltas) disputarem a reserva de Fred, que deveria ser uma opção no banco, como aconteceria em qualquer time lucidamente administrado do mundo?
Saudações Tricolores!