Viva a gloriosa Copa do Brasil (por Claudia Barros)

Em mais um fim de semana modorrento, sem rodada no Brasileirão, mas por motivos justíssimos, resta falar de outras coisas. Coisas boas, coisas ruins. Coisas passadas, atuais ou futuras. O que não falta é assunto sobre o Fluminense. Isto posto, vamos falar de Copa do Brasil.

Ah, a Copa do Brasil. Adoro-a! Torneio capilar, democrático, divertido e… rentável.
Composto por quase uma centena de equipes, com representantes de todos os estados brasileiros, a Copa do Brasil se espalha pelo país, desde Souza, na Paraíba, passando pelo Trem do Amapá, pelo Águia de Marabá, pelo GAS de Roraima, pelo Brusque de Santa Catarina, pelo Nova Venécia do Espírito Santo, pelo Costa Rica do Mato Grosso do Sul, até chegar ao Rio de Janeiro.

É na Copa do Brasil onde estão os jogadores mais sonhadores. Pode estar numa partida a chance exclusiva de aparecer para o cenário nacional. Muitos se lançam, assim, para o mercado mais pujante do futebol.

O Campeonato é divertidíssimo. Lugares, nomes pitorescos, resultados inusitados. É o palco preferido da zebrinha.

Basta lembrar da Copa do Brasil de 2002 quando o condecorado Palmeiras sucumbiu ao ASA de Arapiraca, na primeira fase do campeonato.

E na Final da Copa do Brasil de 2004, quando o modesto Santo André, de São Paulo, conquistou o torneio em cima do Flamengo, de Felipe e Athirson.

Em 2005, o próprio Fluminense de Marcão e Tuta perdeu a final daquele ano para o Paulista, de São Paulo.

Já em 2020 o Atlético Mineiro, dos laterais Guga e Guilherme Arana (conhecem o Guga?), foi desclassificado pelo Afogados, de Pernambuco, na segunda fase do torneio.
A lista de zebras é extensa, assim como é a ancha a premiação da Copa do Brasil.

Em 2024, o pagamento ao time campeão chegará a R$ 90 milhões de reais, quase o dobro do valor pago ao campeão do Brasileirão.
Na Copa do Brasil de 2024, o Fluminense ingressou na competição já na sua terceira fase, classificando-se para as oitavas de final após duas vitórias sobre o Sampaio Corrêa, do Maranhão.

Aliás, o Fluminense fez dois jogos apáticos e preocupantes. Diante do fraco, porém esforçado elenco do Sampaio, o Flu e seu grupo rodado e estrelado não conseguiu exibir um futebol minimante organizado e eficaz, apesar das vitórias.

Não se enganem com os 4 x 0 no placar agregado. Diante de tamanha discrepância entre as agremiações, esperava-se do Fluminense além de um domínio absoluto, gols, muitos gols e atuações com execuções táticas melhores dos que as vistas até aqui, nesse ano de 2024. O que se viu foi pouca qualidade e nenhum convencimento.

O clube aguarda o sorteio da próxima fase para, só assim, saber quem enfrentará nas oitavas de final.

Enquanto isso, antes do Sampaio Corrêa esfriar o assento, quero fazer duas ponderações. A primeira, sobre a atitude do dirigente de vender o mando de campo e transferir o primeiro jogo para Cariacica, no Espírito Santo. Além de ser uma demonstração da saúde (ou da enfermidade) financeira dos clubes brasileiros, pareceu-me um desrespeito ao torcedor da Bolívia Querida. Sob a alegação de que o Fluminense não teria torcida suficiente para justificar o jogo em São Luís, o dirigente abdicou de jogar em casa, diante daquela que é a maior torcida do Maranhão: a do Sampaio Corrêa.

O segundo comentário diz respeito à camisa do Sampaio. Considero uma das mais bonitas do Brasil e meu primeiro contato com ela foi em 1980, quando o Fluminense foi campeão Carioca daquele ano.

A Revista Placar exibia, no centro da publicação, os pôsteres de todos os campeões estaduais. Naquele ano, ganhei a Placar dos meus pais e me refestelava com aquelas imagens: Nelsinho emocionado, Edinho comemorando a conquista sob intensa chuva e toda a riqueza das fotos e das palavras que povoaram por anos o meu imaginário.

Pois entre os campeões daquele ano estava o Sampaio Corrêa e entre as fotos, a que mais me marcou, além do Flu evidentemente, foi a do time maranhense e sua camisa listrada, colorida e que tão bem ornava nos pôsteres dos campeões. Sempre foi um uniforme diferenciado e, como a própria Copa do Brasil, divertido.

Assim, o Sampaio, que não pode receber o Fluminense em casa pela Copa do Brasil, sempre esteve presente nas minhas melhores lembranças futebolísticas.

E a Copa do Brasil vai exibindo riqueza cultural, diversidade regional, brasilidade, disparidades e muita diversão.