Encerrada a participação do Fluminense na primeira Copa do Mundo de clubes da FIFA, acredito que seja o momento correto para fazer um balanço da nossa participação neste torneio e do que esperar daqui para frente.
Em termos esportivos, posso dizer sem medo ou vergonha que minhas expectativas antes do início do torneio eram que apenas não passássemos vergonha. Esperava que, na melhor das hipóteses, tivéssemos uma derrota contra o Borussia Dortmund e que buscássemos um segundo lugar na chave contra os dois outros adversários mais fracos da chave. Para mim o nosso teto seria apenas chegar na fase de oitavas de final.
O que aconteceu, como todos observaram, foi que o Fluminense foi surpreendendo a cada partida. O empate com o Borússia, tendo sido muito superior em campo, foi a primeira surpresa. Já na fase de oitavas de final veio a vitória contra o Inter de Milão, atual vice-campeão da Champions, com muita autoridade. Nas quartas pegamos Hal Hilal e também vencemos jogando melhor e com dois belíssimos gols de Martinelli e Hércules.
Alcançamos incrivelmente a fase de semifinal, uma verdadeira façanha do nosso elenco, que é muito mais barato e inferior tecnicamente comparado a grande parte dos competidores. Infelizmente nessa partida nosso desempenho foi muito prejudicado pelo desfalque de três jogadores que foram muito importantes na campanha, Martinelli, Freytes e Samuel Xavier, juntamente com a primeira escalação como titular do Chelsea do cria de Xerém João Paulo, que decidiu a partida com dois golaços. Ainda fomos prejudicados pela anulação polêmica do pênalti marcado em campo, mas cancelado com interferência do VAR.
Eu acredito que a torcida tricolor deva estar muito grata e orgulhosa da nossa performance na Copa do Mundo, terminando entre os quatro melhores times do mundo. Somente poderemos ser superados pelos nossos adversários em 2029 na prometida segunda edição do torneio.
Em termos financeiros, o Fluminense simplesmente teve a maior premiação de competição já paga a um time brasileiro na história. Os US$50,71 milhões, cerca de R$330 milhões na cotação vigente, representam pouco menos da metade do total de receitas do clube em 2024, que alcançaram R$684 milhões. É claro que incidirão sobre a premiação milionária impostos tanto nos EUA quanto no Brasil, e que parte do que sobrar será utilizada para premiação de jogadores e elenco.
Infelizmente a partir da próxima semana a nossa dura realidade estará de volta. O nosso elenco precisa de ajustes ao mesmo tempo que teremos partidas para jogar a cada três dias em duas competições que precisamos ir bem, se possível vencer alguma delas. A principal diferença será que os nossos cofres deverão estar um pouco mais cheios com o que restar da premiação da Copa do Mundo de Clubes.
Eu espero que a diretoria do clube não torre esta fortuna em despesas correntes. Acredito que o melhor seria abater parte importante das nossas dívidas de curto prazo e buscar oportunidades de mercado para reforçar o elenco com jogadores que possam ter valor de revenda no futuro. Também espero que façamos melhor uso da nossa base de Xerém. Teremos mais uma oportunidade para a atual gestão fazer as coisas da maneira correta, parando de contratar jogadores ruins ou em fase final de carreira como Everaldo e Paulo Baya, por exemplo.
Eu sei que é esperar demais, mas quem sabe a torcida suba a régua e passe a exigir mais, muito mais dos nossos dirigentes.
Enquanto há vida, há esperança.