Por que o Fluminense oscila tanto? (por Paulo-Roberto Andel)

De campeão da América a quase rebaixado no Brasileiro, de sensação do Mundial a saco de pancadas na volta ao Brasil. Afinal, o que leva o Fluminense a quedas tão vertiginosas numa mesma temporada?

São vários os motivos e valeria um debate de horas. Com o tempo curto, façamos pequenas reflexões.

Durante quase dez anos, entre 2013 a 2021, o Fluminense foi um verdadeiro entra e sai de contratações duvidosas – sempre apresentadas com muita pompa mas trazendo pouca qualidade – e expatriação de talentos da base, sempre comprando caro e vendendo barato, numa estranha lógica. O resultado: irregularidade quase sempre, fruto natural de má gestão do clube.

Apesar dos desejados títulos cariocas em 2022/23 e da sonhada Libertadores 2023, o problema das contratações continuou. A única mudança foi na faixa etária dos contratados, que diminuiu somente porque o Flu teve seríssimo risco de rebaixamento ano passado. A emergência exigiu a redução no envelhecimento da equipe.

Neste 2025 mesmo, o que indicava a boa colocação do Fluminense no Mundial? Absolutamente nada. Mais um Carioca pífio, classificações sem brilho na Copa do Brasil e na fraquíssima Sul-americana. De repente, o Flu avançou na competição e bateu times fortes como a Internazionale e o Al-Ahli. Foram momentos bonitos, mas é preciso ter em mente que as disputas têm âmbitos e características muito diferentes. A Copa tinha sete jogos, o Brasileiro tem 38. Por um momento o Fluminense brilhou, mas tem se mostrado incapaz de repetir a façanha no Brasil.

O primeiro turno sequer acabou e as chances tricolores de título são muito escassas. O Fluminense nunca tirou uma diferença de pontos para o líder como a atual.

Na Copa do Brasil, prestes a afunilar, não disputamos uma final há 18 anos.

Na Sul-americana, não disputamos o título há quase 16 anos.

Desde a glória de 2012, o Fluminense é figurante no Brasileirão há quase 13 anos.

Os torcedores de gestão certamente ficam irritados com a realidade, mas ela não tem a pretensão de diminuir o Fluminense, apenas de colocar as coisas no devido lugar: tivemos um curto momento de brilho, em alguns meses, entre o bicampeonato carioca (que muitos torcedores fazem pouco caso) e a final continental diante do Boca Juniors, e só. Desde então, a irregularidade persistiu.

Alguns de nossos grandes adversários nacionais, como Flamengo e Palmeiras, brigam há anos efetivamente por todos os títulos que disputam, em várias temporadas. Nós, não.

Qual foi a última vez que você viu o Fluminense forte em várias temporadas? Em 2010-2012, quando o Flu efetivamente brigou por três títulos brasileiros e conquistou dois. De lá para cá, o brilho tricolor é pontual.

A vitória na Libertadores e a colocação no Mundial de Clubes são páginas eternas da história do Fluminense. Acontece que o livro da vida tricolor é interminável e continua sendo escrito diariamente. Para escrever novas páginas de glória, não adianta ficar repetindo que as anteriores foram muito bonitas.

A vida não espera.