Terminei um cochilo e fui buscar um sanduíche de queijo na cozinha. Voltei e fui espiar os eventuais recados no celular. A rigor, apenas uma mensagem no Facebook.
“Talvez você conheça Paulo Anchieta Goulart Filho”.
Conheço sim. E muito.
Na foto, ele está feliz com sua esposa.
Paulo me deu uma das maiores alegrias da minha vida. Foi no dia 14 de outubro de 1979. Na época ele era Paulinho, o goleiro do Fluminense, e fez o Maracanã urrar de alegria e dor quando defendeu uma cobrança de pênalti feira por Zico, imagine.
Foi a primeira vez que vi o estádio comemorar uma defesa como se fosse um gol de placa. Igual, nunca mais. Zico nunca mais vai bater pênalti diante de mais de 100 mil pessoas. E Paulinho também nunca mais vai defender o pênalti lá.
Era a magia do Fla x Flu. Eram Adílio e Pintinho, eram Júnior e Edinho. Era Rubens Galaxe num golaço. Era meu pai me puxando pela mão. Era Cristóvão desabando Manguito e acertando o ângulo esquerdo.
Era o sonho.
Na segunda eu era o rei da sexta série. Até a Márcia, que era linda, olhou pra mim. Os veteranos da oitava série vieram nos cumprimentar. Um garoto andando altivo, confiante, depois de ter visto seu time dominar o Fla x Flu. Que tempos! Meses depois, Paulinho, já como Paulo Goulart, seria peça fundamental do histórico Fluminense campeão de 1980.
Os caminhos da vida não permitem que sejamos amigos no Facebook. Não importa. Paulinho é mais do que um irmão.
Ele é a memória de um dos dias mais felizes da minha vida.
Tempos de um Fluminense digno, humilde, vencedor e apaixonante, muito vivo, vivo demais.
@p.r.andel