Em uma fria noite de terça-feira de junho, o MetLife Stadium em Nova Jersey transformou-se em um caldeirão verde, branco e grená. Era a aguardada estreia do Fluminense no novo, expandido e controverso Mundial de Clubes da FIFA de 2025. Como campeão da Libertadores de 2023, o Tricolor não carregava apenas a bandeira brasileira, mas também o ambicioso sonho de conquistar seu segundo título mundial. O desafio era imenso: o Borussia Dortmund, poderoso finalista da Champions League em 2024 e pilar do futebol alemão, era tido como franco favorito. No entanto, o empate em 0 a 0 no placar final revelou-se injusto, dada a surpreendente superioridade demonstrada pelo Fluminense ao longo de 90 minutos épicos. A partida reacendeu o debate sobre a urgência de um centroavante e serviu como mais um contundente argumento contra a ideia de que o futebol brasileiro é drasticamente inferior ao europeu.
Já escrevi sobre isso em colunas anteriores e volto a afirmar com ainda mais convicção: Intensidade e aplicação tática têm a capacidade de reduzir consideravelmente a distância técnica ou econômica entre adversários. A equipe do Fluminense atuou com uma intensidade e com uma qualidade que remete aos nossos melhores momentos da campanha da conquista da Libertadores em 2023. Todos os jogadores atuando exemplarmente, com destaque na minha opinião para Thiago Silva, que junto a Freytes anulou os perigosos atacantes do Borússia, Martinelli, que fez uma partida brilhante, e Hércules, que teve a sua melhor atuação desde que chegou ao clube.
A apresentação não só encantou o mundo, mas também encheu de orgulho os torcedores do Fluminense. Após assistir a jogos de grandes clubes europeus como PSG, Inter de Milão e Atlético de Madrid, podemos afirmar que temos totais condições de avançar, no mínimo, às quartas de final da Copa do Mundo, caso o padrão de atuação contra o Borussia seja repetido.
Contudo, o empate com o Borussia Dortmund também foi um diagnóstico que escancarou, no maior palco do futebol de clubes, um debate que acompanha o Fluminense desde as saídas de John Kennedy e Kauan Elias. A estratégia da diretoria de contratar Everaldo, que já tinha dificuldades para se firmar como titular no Bahia, cobrou seu preço. Infelizmente, a escalação de um jogador ruim como ele culminou no desperdício da nossa melhor chance de gol, quando ele recebeu um lançamento preciso de John Árias e disparou sozinho contra o adiantado goleiro adversário. Difícil saber o que passou na sua cabeça, mas especulo que tenha pesado a responsabilidade.
Já houveram várias partidas neste torneio com oportunidades semelhantes e todos os atacantes aproveitaram e marcaram os gols. Se não pudermos mais contar com Everaldo no decorrer da Copa do Mundo, eu escalaria nosso ataque com Cannobio, John Árias e Kevin Serna. Além disso, traria Riquelme Felipe no banco como a primeira opção para incendiar as partidas no segundo tempo.
Espero que na continuidade do torneio o Fluminense consiga ao menos repetir a performance demonstrada contra o Borússia e que o técnico Renato Gaúcho encontre uma alternativa à escalação de Everaldo.
É possível sonhar mais alto nessa Copa do Mundo.