A esperança começa a escorrer pelos dedos como a areia fina de uma ampulheta. As três cores que traduzem tradição aos poucos vão ficando esmaecidas. Dando lugar a um cenário descolorido e triste. Tudo isso em pleno aniversário do nosso Fluminense.

O time que um dia ergueu troféus agora luta mais uma vez, contra uma maré de derrota que vem com a força de uma torrente.

Cada jogo perdido é um golpe na alma dos torcedores fiéis, que veem o pesadelo da Série B se aproximar como uma sombra implacável. Outra vez?

Nas arquibancadas, os gritos de apoio foram tornando-se murmúrios de desânimo, enquanto os jogadores enfrentam a pressão crescente de cada partida com uma arrogância inacreditável.

A matemática do rebaixamento se torna mais cruel a cada rodada. Parece querer se vingar do distante 2009, onde o Fluminense a venceu, surpreendendo até mesmo o mais pessimista.

Não resta muito o que dizer, além do que já foi muito bem explicado por meses a fio, aqui mesmo nesta casa. Basta reler todos os colunistas que deixaram aqui suas impressões. Nada até aqui, é surpresa. Ao menos para nós, realistas.

Sim, realistas, e não anti-torcedores como tentaram nos pintar os falsos profetas tricolores. Quantas e quantas vezes como Micaías, fomos feridos por estes Zedequias modernos?

Onde estão estes agora, que adornavam a corte do Princenete com suas barbas coloridas, seus paus-de-selfie e sua falta de vergonha? Suas faces não deveriam estar agora coradas ao menos?

Mas a esperança há de vencer ainda uma vez mais. É o que desejo de coração. Se ela é a última que morre, que lute até o fim.

E que nos traga mais uma vez, nos espólios desta batalha, a absoluta certeza de que este Fluminense segue imortal.