Flu e Galo, muitas milhas depois (por Paulo-Roberto Andel)

Quando me tornei um dedicado torcedor mirim, o Atlético era um tormento na vida do Fluminense. Ganhou duas vezes no Maracanã em 1980, por 3 a 2 e 2 a 0, nesta com gol olímpico de Éder. Isso em 1980. A coisa voltou ao normal em 1981: Cláudio Adão fez dois, um de cabeça em outro de falta, depois eles descontaram. Tinham um timaço: João Leite, Luisinho, Cerezo, Palhinha, Reinaldo, Éder. Só feras.

Tudo ficou para trás. Às vezes o Fluminense lampeja, mas não muito. Agora tem torcida do presidente, de dirigente, de jogador veteraníssimo desinteressado. As pessoas têm ódio. Embora o Fluminense ainda não tenha dono, possui um sujeito que age como se fosse e, se não houver nenhuma reação à altura, a vocação da eternidade que Nelson Rodrigues tanto disse pode se tornar uma ilusão.

Afinal, de quem é o Fluminense? Somente dos seus sócios? E os torcedores? Por mais de 120 anos, quantas pessoas não deram o melhor de suas vidas e fizeram todos os sacrifícios para que o Flu chegasse onde chegou? Foram muitos anos e muita gente, dos mais abonados aos mais humildes. Muito trabalho, muito além de bravatagem idiota nas redes sociais de hoje, onde milhares de anônimos tentam fingir que são muito importantes para o clube, mas não é verdade.

Este momento exige lucidez. O Fluminense não pode ser refém dos desejos insanos de um maníaco. Somos muitos tricolores por todo o Brasil e devemos exigir respeito. Não podemos achar que a conquista da Libertadores sirva de amparo para decisões ensandecidas e que desprezam a história tricolor. Temos que agir como defensores do clube e não entreguistas.

Flu e Galo, muitas milhas depois. Antigamente era só um clássico cheio de craques, agora é um passatempo de sábado à noitinha no Maracanã. Figurante há 13 anos no Brasileirão, o Flu sonha em conquistar a Copa do Brasil em dezembro. Rolam os dados, vejamos o resultado.

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