Dentro de campo, o Flu vai bem nos resultados e mal no jogo. Precisa melhorar se quiser disputar títulos, ok. Pelo menos o pragmatismo da pontuação nos deixa distantes de desastres como no ano passado. Vamos em frente, porque precisamos vencer logo mais o Once Caldas e acredito nisso, mesmo com freytadas e bayadas.
Fora de campo, a grande chance do Fluminense é a esperança de união sincera da oposição tricolor, sem vaidades e poses pernósticas. Para os próximos anos, trocar a patética gestão atual é voltar a respirar sem aparelhos.
Neste cenário de vitórias e cicatrizes, um fato pouco divulgado chama atenção por sua importância: um passo ali e aqui, uma e outra entrevista, então vemos que aos poucos a imagem de Edinho começa a ser reabilitada no Fluminense. Antes tarde do que nunca: trata-se do maior zagueiro da longa história do clube – e pouco me importa o ruído de pico celebridades contra essa sentença, porque fui o único jornalista a perguntar sobre esse tema ao outrora maior zagueiro tricolor: Seu Pinheiro. Minha pergunta feita em 2011 foi “À essa altura dos fatos, podemos dizer que o senhor foi o maior zagueiro da história do clube?”. A resposta foi serena e precisa: “Não, meu filho, eu sou um dos maiores. O maior de todos é Edinho”.
Das oito temporadas que Edinho defendeu o Fluminense profissionalmente em sua primeira passagem, vi cinco de muito perto. Desde o fim da Máquina Tricolor até a metade de 1982, ele foi o nome mais importante do Flu a partir da saída de Rivellino. Zagueiro, capitão, líder, craque, ídolo, crítico, tudo. Fez até gol de título. Não ganhou o Brasileiro, mas chegou em quinto, quarto e terceiro jogando contra times muito superiores aos atuais. Em compensação foi tricampeão carioca no auge da competição.
Mas o legado que Edinho deixou em campo vai muito além de títulos e talento. Ele era o jogador que nunca desistia, que lutava até o último minuto e que, sempre que preciso, disparava para o ataque. Não è à toa que que fez dois ou três gols em vários jogos, enlouquecendo a torcida tricolor. Com Edinho em campo, o adversário tinha certeza de que o Flu seria osso duro de roer. Não é exagero nenhum dizer que o zagueiro formou duas gerações de torcedores apaixonados pelo Flu por sua causa. E se Thiago Silva, com todo o seu tamanho, é chamado de Monstro, podem ter certeza: Edinho merece ser chamado de Super Monstro.
O descaso que o Fluminense ofereceu a seus principais jogadores ofuscou o brilho de Edinho por muitos anos. Foi acusado injusta e estupidamente por muitos anos de “não ser tricolor” e de “secar o Fluminense”, mas o tempo derrotou os ingratos e ignorantes. Às vésperas de completar 70 anos, o eterno jovem craque vindo do futebol de praia em Copacabana é uma presença de peso na história do Fluminense. Deveria estar no futebol do clube junto com Ricardo Gomes, outro monstro. Imagine os dois ensinando jovens zagueiros… Só precisamos de uma nova gestão para não rifar as promessas tricolores a troco de banana para custear o Sub 40.
Semana que vem falaremos de novo no aniversário do ídolo. Recordar Edinho é viver um Fluminense vibrante, lutador e vencedor que jamais se entregava. O Fluminense de verdade.