Em ampla e generosa entrevista publicada neste sábado em O Globo, que remete ao melhor cenário da panfletagem eleitoral, o presidente do clube oferece uma verdadeira gargalhada a quem acompanha a política do Fluminense de forma atenta. Isso para não dizer que parece tratar o eleitorado tricolor como idiota.
A política é presente a todos instante, no Fluminense e na vida.
“A gente está às vésperas do Mundial e não está falando de eleição”.
Dias atrás, no próprio Fluminense aconteceu um churrasco em tributo ao vice-presidente, sendo o mandatário tricolor protagonista do evento, inclusive agradecendo o apoio das torcidas organizadas ao futuro candidato da situação, com diversos registros em vídeo que circulam de maneira farta pelas redes sociais.
A própria entrevista publicada em O Globo neste momento é uma manifestação política evidente.
“Infelizmente as pessoas estão fazendo política, lançando candidatura, atacando a gente.”
É impressionante o verdadeiro desconforto que o mandatário tricolor demonstra diante da democracia. Primeiro, sabota a plenitude eleitoral ao não cumprir sua promessa de implementação do voto on line. Segundo: sua equipe de direção do clube parece ser composta por mudos, porque em seus seis anos de gestão raramente se ouviu ou se leu alguma declaração de qualquer vice presidente. Terceiro: graças a André Horta, primeiro a lançar sua pré-candidatura, o cenário político do clube teve seus debates antecipados, em vez da Saramandaia de outros anos eleitorais, com chapas e nomes de última hora. É saudável discutir o Fluminense sempre.
Se o foco do presidente tivesse sido o Mundial em 2025, por que desde 2024 faz provocações sobre o tema SAF, extremamente sensível e que mexe com os 123 anos de história tricolor? Nem o mandatário nem os atuais conselhos do clube foram eleitos para essa missão, mais adequada a um novo mandato com os eleitores previamente esclarecidos sobre tudo que cerca a venda do futebol do Fluminense.
Por fim, falando de ataques, mais uma vez o presidente tem uma confusão de personalidades. As inúmeras críticas que recebe não são de natureza pessoal, mas sim de sua gestão perdulária e planejada de forma tosca. A pouco mais de quinze dias do Mundial, o Fluminense vai a campo com sua formação mais enfraquecida das últimas temporadas e, apesar da boa pontuação no Brasileiro, não convence em campo – a não ser para quem trata como façanhas as classificações sobre times como Aparecidense, Once Caldas e GV San José, dentre outros. E quem troca Kauã Elias e John Kennedy por Everaldo e Paulo Baya não parece nem um pouco alinhado com a busca da Copa do Mundo.
Felizmente, o Fluminense já conseguiu ganhar títulos espetaculares com gestões medíocres, inclusive na atual, o que sempre dá uma ponta de esperança à imensa torcida tricolor.