A divulgação do balanço tricolor de 2023 traz consigo uma aura de cinismo capaz de corar psicopatas.
As notícias que apontam um fantasioso superávit são absolutamente mentirosas.
Na verdade, o dado positivo não passa de uma trapaça para enganar o grande público, muitas vezes distraído com a dinâmica dos números: ele só “existe” graças a uma ressalva com o montante de 230 milhões de reais, relacionada ao adiantamento dos direitos televisivos por pelo menos dez anos no volume financeiro – o contrato é de inacreditáveis 50 anos, equivalente a mais de 16 mandatos presidenciais do Fluminense.
Ora, qualquer estagiário de Contabilidade sabe que este valor não poderia ser injetado num único exercício, mas sim distribuído ao longo dos mesmos dez anos de balanços. Algo tão grosseiro que nem pode ser chamado de manobra.
A anuência dos Conselhos Deliberativo e Fiscal do clube para com tamanha barbaridade só reforça a necessidade de cuidado para os próximos passos. Que o Fluminense não está reduzindo dívida alguma é fato: mesmo com a armação acima descrita, o clube ainda aumentou seu déficit em 30 milhões, isso depois do recorde de arrecadação da história da instituição. A explicação é simples: o Flu torrou uma montanha de dinheiro com contratações no mínimo questionáveis e salários astronômicos, especialmente de veteranos que talvez possam até trazer retorno esportivo, mas não financeiro. E aí, seja por razões naturais ou artificiais, cai muito bem a negociação de jovens jogadores para atenuar o rombo – leia-se pagar o salário dos seniores. Bendita crise do John Kennedy, Batman!
É preciso que todos os tricolores tenham em mente o seguinte: é possível torcer pelo Fluminense, saborear suas vitórias e não passar pano para atrocidades financeiras como as da atual gestão, marcada sim por três títulos, mas também por muita verborragia e pouca credibilidade.
A afirmação de uma administração séria, transparente e responsável com as contas do clube é tão risível quanto a gambiarra utilizada no balanço divulgado, tentando camuflar um rombo gigantesco de mais de 100 milhões de reais para que se transforme num superávit. Basta entender um pouquinho de Matemática para rechaçar tal absurdo.
Os que se irritam com a verdade contida nos fatos, ou desconhecem completamente o assunto ou sofrem de negacionismo contábil.