É preciso falar de Arias (por TTP)

Desde que chegou às Laranjeiras em 2021, John Arias não foi apenas mais um nome no elenco do Fluminense. Ele foi usado como auxiliar de lateral (posição criada por Odair Hellmann), como ponta, como segundo volante, meia armador e atacante. Talvez tenha desempenhado mais, mas minha limitação tática vai até a primeira página.

Além disso tudo, Arias se destacou pela sua entrega em campo. Ele pressiona sua capacidade física até a exaustão, e geralmente, quando esgotado, tira ainda um pique inacreditável no fim do jogo, mesmo que isso lhe custe caro.

Arias não é do tipo mimado, que ao menor sinal de sucesso, fica deslumbrado. Mesmo em momentos de destaque, permanecia humildemente na sombra de Ganso, Cano e até de homens caninos que por aqui passaram. É o jeito dele, calado, introspectivo, concentrado. Diversas vezes vi na sua cara, estampada a decepção quando o Fluminense perdia jogos de maneira grotesca.

Na minha humilde opinião, compõe o trio de ferro tricolor ao lado de Martinelli e Fábio. Arias e Martinelli são daqueles jogadores que fazem o time respirar melhor. Quando estão em campo, a bola corre mais limpa, os espaços aparecem e o Fluminense se sente mais confortável no jogo.

(Martinelli, exoticamente, é odiado por parte da torcida)

Os números de Arias falam por si, mas seu impacto vai além das estatísticas: ele é intensidade, é equilíbrio, é a conexão entre o meio e o ataque. Não à toa, sua ausência costuma coincidir com atuações mais opacas do time.

Agora, com sua provável saída para o Wolverhampton, da Inglaterra, o Fluminense corre o risco de perder muito mais que um jogador — pode estar se despedindo de uma referência técnica e emocional em um momento delicado da temporada. A reposição não é simples, tampouco imediata. Ou deveria ser. Mas o Flu se antecipou e escolheu como reposição Soteldo…

A venda é inevitável. Ninguém é ingênuo a ponto de acreditar que Arias ficaria aqui pela eternidade. Ele mesmo já declarou mais de uma vez que sonha em jogar na Inglaterra. E é direito dele, assim como é direito de todo jogador sonhar em jogar na Europa e chegar a seleção de seu país.

Seleção colombiana já é uma realidade para ele, falta jogar na terra da rainha.

O que causa celeuma é o fato de a venda ocorrer logo após a grande performance no Mundialito de Clubes da Fifa. E, também pesa o fato de o clube comprador seja o mesmo que levou André, o Wolverhampton.

Que ninguém se engane quanto aos valores. O Fluminense parece te apenas 50% do valor do jogador. Então, os números jamais serão exatamente aqueles que nos são apresentados.

Não sou histérico, não acho que o Flu vai acabar só porque um jogador vai ser vendido. Mas que o rendimento, ao menos nessa temporada, vai cair vertiginosamente com a saída de Arias, isso vai.

E Soteldo não vai render o suficiente para que a saída de Arias não seja sentida.

Soteldo não joga em alto nível há muito tempo (como não gosto dele, arriscaria que jamais jogou, mas não sou tão irresponsável quanto pareço), seja por causa das contusões, seja por causa de indisciplina.

O simples fato de ser contratado para reforçar o time no Mundialito e jogar parcos minutos, já deixa evidente que o jogador não é saida.

Muita água ainda vai rolar. Inclusive até a venda pode melar. Mas, Arias vai embora.

Hoje, amanhã ou depois… mas vai.

E o torcedor precisa se preparar para isso. Porque a diretoria, irresponsável como sempre, já preparou as mais diversas justificativas, para o valor ridículo da venda do jogador. Se fosse o Flamengo, ali do outro lado do muro, fariam 500 milhões de euros em um lateralizalzinho qualquer. Aqui, veremos Arias sair por valor miserável, sem pagar uma multa rescisória por causa da famosa “gratidão”.

Essa tem sido a dura realidade tricolor. Que há muito tempo, tem sido escondida por “influentes” que têm os mais diversos interesses, nenhum deles em prol do clube.

Esperemos as cenas dos próximos capítulos. E que toda essa algazarra não influencie contra o Cruzeiro, na volta do Brasileirão.

A ver…

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