Fluminense 3 x 0 Atlético-MG (por Edgard FC)

Ainda tentando me reaprumar das intermitentes penitências abdominais, em meio a comemorações aniversariantes de minha irmã mais nova, eia que o Tricolor nos brindou com uma atuação de gala, mesmo sem usar black-tie. Muito embora desfile suas fantasias mais carnavalescas.

Ainda na primeira etapa, um passe de precisão e frieza saiu dos pés de Luciano (que os argentinos adoram charlar Lucho) e encontrou nosso querido Jota Ká, aquele a quem a história não esqueceu. Nosso craque chutou para defesa de Everson, mas no rebote, Samuel Xavier ‘chutou o chão’ e a bola foi dormir no embalo da rede para abrir o marcador em um a zero. Festa nas gerais.

O jogo era um grande misto divertido de entretenimento e apreensão, no que bem definiu o nosso querido Paulo Andel: ‘joguinho gostoso e morrinha’. Era bem isso mesmo. Uma tarde-noite preguiçosa, presunçosa e rançosa, que nos valeu demais, sobretudo pelas resenhas astrais.

Discutíamos quando entrariam em campo Everaldo, Soteldo, Otávio; de certa forma, já íamos nos preparando para esses desagravos, corriqueiros sob essa administração que insiste em reescrever a história. Como se a enciclopédia do nosso Fluminense não fosse tão rica, que quanto mais escavamos, mais jazidas preciosas costumamos encontrar.

Nesta mesma madrugada, enquanto tentava amenizar as chagas e vasculhava os saberes em busca de combater a insônia ininterrupta, esbarrei em um vídeo de Décio Lopes, jornalista, que lembrava sobre Marcos Carneiro de Mendonça, primeiro goleiro da Seleção Brasileira, além de ser um intelectual, historiador que, quando presidente do Fluminense, organizou uma vaquinha junto aos sócios do clube para doar um avião à Força Expedicionária Brasileira na Segunda Grande Guerra, além de permitir que o estande de tiro do clube fosse utilizado para treinamento das tropas e formar na sede social, profissionais de enfermaria.

Enquanto as mudanças não eram promovidas por Zubeldía, o time se escorava em segurar o placar e sair em contragolpes. Foi em um deles, cinematográfico por sinal, que Jota Ká acionou a velocidade e perspicácia de Kevin Serna que avançou num soluço para só parar nas redes, enfatizando até ali a superioridade e vitória tricolor.

Após o placar menos perigoso ser formado, o treinador se encorajou em fazer as mudanças, mas dessa vez, para decepção de zero pessoas, não evadiu as divisas do campo com Otávio e Soteldo, promovendo apenas Everaldo como cota empresarial na equipe.

Parafraseando o velho Gonzagão que dizia o seguinte: quando o cabra era ruim de voto, não tinha jingle que o fizesse eleger. Assim é Everaldo, o cara é ruim de gol, mesmo com chances empilhadas, não consegue faturar e colar seu nome nas estatísticas da partida.
Aliás não só ele, mas também Canobbio, que embora muito voluntarioso e proativo, quando se aproxima do gol, mesmo que este esteja ao relento, mais parecido com uma toca de golfe ele se lhe apresenta.

Bastou a entrada de Keno, já contando com presença de Lima em campo, para que, mais uma chance de contra-ataque cedida pelo Galo, terminasse em gol. Por sinal um belo gol. Lima fatiou da direita para esquerda a bola em elevação até a cabeça de Keno que de pronto mandou a bola em diagonal enviesada para o fundo das redes, finalizando a vitória do Flu.

Ah, como foi bom assistir ao Fluminense jogar com (quase) onze em campo, pelo menos todos saudáveis. Fez bastante diferença, em vez de estar apenas com nomes, mas também com números na escalação inicial.

Lima é um ótimo jogador para momentos reduzidos de jogo, pode agregar demais durante as partidas, bem como Keno, Cano e outros tantos.

Se ajustar melhor e outorgar chances a outros mais jovens, como Riquelme, Rubén, Joaquín, Davi, Júlio, o plantel vai se qualificar ainda mais e as chances serão mais críveis que as que nos fazem lamentar e repensar se trechos da nossa vida valem a pena.

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FLUMINENSE 3 x 0 ATLÉTICO MINEIRO

Campeonato Brasileiro – 27ª Rodada
Maracanã – Rio de Janeiro/RJ
Sábado, 04/10/2025 – 18:30h (Brasília)
Renda: R$ 801.633,50
Público: 20.198 pessoas presentes

Arbitragem: Davi de Oliveira Lacerda (ES). Assistentes: Victor Hugo Imazu dos Santos (PR) e Douglas Pagung (ES). Quarto árbitro: Maguielson Lima Barbosa (DF). VAR: Thiago Duarte Peixoto (SP)

Cartões amarelos: John Kennedy 44’, Kevin Serna 88’ (FLUMINENSE); Alan Franco 48’, Iván Román 61’, Vitor Hugo 68’, Caio Pàulista 87’ (ATLÉTICO MINEIRO)

Gols: Samuel Xavier 15’, Kevin Serna 58’, Keno 90’+1’ (FLUMINENSE)

FLUMINENSE: 1-Fábio; 2-Samuel Xavier, 3-Thiago Silva©, 22-Juan Freytes e 6-Renê; 35-Hércules (5-Facundo Bernal 89’), 8-Martinelli e 21-Luciano Acosta (45-Lima 81’); 90-Kevin Serna (11-Keno 89’), 17-Agustín Canobbio (30-Santiago Moreno 90’+3’) e 99-John Kennedy (9-Everaldo 81’). Téc.: Luiz Zubeldía. 4-3-3

ATLÉTICO MINEIRO: 22-Everson; 23-Iván Román (77-Biel 62’), 14-Vitor Hugo e 6-Junior Alonso©; 2-Natanael, 21-Alan Franco, 17-Igor Gomes (25-Gabriel Menino INT’) e 13-Guilherme Arana (38-Caio Paulista 62’); 11-Bernard (10-Gustavo Scarpa INT’), 7-Hulk (18-Reinier 75’) e 33-Rony. Téc.: Jorge Sampaoli. 3-4-3