Celebrando a agiotagem no Flu (por Flávio Souza)

Chegamos ao final da décima sexta rodada do Campeonato Brasileiro e o Fluminense ocupa atualmente a oitava posição na tabela, com 20 pontos ganhos. Está neste momento muito mais perto da zona de rebaixamento, a apenas 6 pontos do Santos com 14 pontos, do que da liderança, a 14 pontos do atual líder, o Cruzeiro.

Ainda estamos com dois jogos a menos do que boa parte dos demais times do campeonato, mas a direção do clube, o elenco e os torcedores precisam entender o sinal de alerta. Voltamos da excelente campanha na Copa do Mundo de Clubes com uma sequência de três jogos no Maracanã e acumulamos três derrotas.

A memória do sufoco que passamos no final da temporada passada, onde nos livramos de um provável rebaixamento apenas na última rodada, ainda é bem vívida para o torcedor tricolor. O que parece é que a diretoria do Fluminense não aprendeu nada e dobrou a aposta em fórmulas que já não deram certo.

Pelo que sabemos agora, a diretoria do clube já esperava que uma proposta chegaria para John Arias após a Copa do Mundo e que ele iria embora, principalmente devido ao acordo firmado entre a gestão e o jogador. O que fez a diretoria para se preparar para a saída do melhor jogador do time? Absolutamente nada. Estamos em plena janela de transferências e não temos nada até o momento. Situação bem diferente dos nossos adversários do topo da tabela, que também vendem seus melhores jogadores, mas que o fazem de maneira planejada e com reposição à altura.

Já o Fluminense gastou mais de 150 milhões de Reais com jogadores no máximo medianos, não tem ainda reposição para Arias, nem para Cano e Ganso, que estão claramente mais perto da aposentadoria do que nunca. Enquanto isso, nossos melhores jogadores da base são rebaixados para o Sub-20 para ajudar a ganhar mais uma taça. O sucesso da nossa base não deve ser medido pelas taças acumuladas ou pelos jogadores vendidos precocemente, precisa vir do aproveitamento dos jogadores no time titular.

Está tudo errado no Fluminense: as receitas aumentam, gasta-se centenas de milhões com contratações todo ano, não se usa a base, a dívida aumenta e nunca temos um time competitivo. É apenas a mais absoluta incompetência ou é um projeto?

O projeto atual consiste em atender os empresários agiotas que todos conhecem e lotar o elenco com jogadores dos mesmos, vender nossos jogadores para os clubes de sempre e tentar convencer sócios e torcedores que não resta outro caminho a não ser uma SAF, se possível uma para a diretoria se dar muito bem.

É preciso mudar a maneira de gerir o Fluminense. Temos totais condições de ter superávits orçamentários anualmente, redução progressiva da dívida, melhor aproveitamento da nossa base e contratações pontuais com mais inteligência.

Este deve ser o projeto. Se uma SAF for interessante, cabe discutir e avaliar. Mas nunca por conveniência de qualquer gestão ou absoluta necessidade.

É preciso mudar urgentemente.