Até quando, Mário? (por Raul Sussekind)

Até quando?

Até quando o Fluminense vai ser roubado debaixo do nariz de seus mandatários e nada vai acontecer?

No Campeonato Brasileiro, pela terceira partida consecutiva, Jhon Arias sofreu pênalti claro. Nos dois primeiros, os árbitros ignoraram, o VAR também. Quando o árbitro, a menos de um metro da jogada, resolveu marcar, o VAR o chamou para anular. Pontos contra Vitória e Botafogo se foram, e ontem quase foram também. Arias, que joga sozinho e carrega um elenco mal formado nas costas, impediu nos acréscimos.

Arias não apenas tem jogado sozinho – resultado de um elenco vergonhosamente mal montado – como tem hoje falado sozinho. A covardia dos que comandam o clube é de tal ordem, suas conveniências pessoais estão tão acima dos interesses da instituição, que eles não se sentem nem um pouco constrangidos em permitir que seu melhor jogador tenha de gritar, solitário, com a bola rolando ou depois dos jogos. O treinador do clube ainda expressa alguma revolta. Mas é o mesmo que não viajou para comandar o time numa partida de competição internacional e isso em nada incomodou a cúpula do clube.

O Fluminense está acéfalo. E é assim que a torcida deve encarar. Nunca Arias, Fábio, Cano, Samuel Xavier, Guga e Martinelli precisaram tanto dela. Esses caras nos deram um bicampeonato carioca em cima do mais rico e mais poderoso Flamengo da História. Esses caras nos deram uma Libertadores e uma Recopa. E agora eles estão sós. Nunca esse grupo precisou tanto de nós. Ou a torcida os abraça como fez ano passado ou de novo chegaremos ao final do ano sem saber se jogaremos a Série A ou a Série B na temporada seguinte.

O presidente do clube acusa os torcedores que não lhe dizem “amém” de torcer contra. E o que a torcida tem a dizer quando o clube que ele dirige é assaltado nos gramados e sua resposta é o silêncio dos covardes? Esse mesmo presidente compartilhou seu técnico com a CBF durante a campanha do título mais importante do clube. Esse mesmo presidente chefiou a delegação da seleção brasileira na última data FIFA. A relação com o presidente da CBF é tão importante que o impede de cumprir o mais nobre dos mandatos que recebeu dos sócios do clube – a defesa da instituição?

Tão eloquente quando se trata de defender a SAF, o vice-presidente do clube também se cala.

Paulo Angioni, aquele que ninguém sabe o que faz no FFC, é outro que perdeu a língua.

Apenas a título de comparação, vale lembrar as palavras da presidente do Palmeiras há dois anos em contexto similar: “Eu e o Abel (Ferreira) não viemos para o Palmeiras para sermos submetidos a esses erros absurdos e ficarmos quietos. O Abel reclama, e ele sempre reclamou com muita razão. Agora, ele vai ter a parceria da presidente, que sempre trabalhou nos bastidores, mas que viu as coisas não surtirem efeito”. É por isso que o Palmeiras está aonde está. O contraste fala por si.

Pobre Fluminense!

O silêncio dos covardes é o que permite que um PC Oliveira siga em frente a reiterar, jogo após jogo, que os árbitros estão certos nos lances que envolvem nosso maior jogador. A mensagem subliminar é que Arias simula infrações. Que árbitro anotará algum pênalti em lance que o envolva? É como se o maior jogador do clube em muitos e muitos anos fosse um moleque, simulador contumaz.

Os atuais mandatários do clube envergonham as memórias de Manoel Schwartz e José Carlos Vilela. É uma lástima que o clube que tanto amamos seja comandado por covardes.

Saudações Tricolores.