Voando baixo (por Jorge Dantas)

O Globo Esporte desta terça-feira, 2 de outubro, ouviu nas ruas das cidades o que os torcedores estão achando da liderança do Fluminense. O que mais se ouviu, naturalmente editado pela equipe da Globo, foi que o Flu está voando baixo, motor rugindo forte e ninguém alcança mais. Teve até um entrevistado que disse que o Flu está como um camaro amarelo.

Não sei dizer se a reportagem é mais uma daquelas que querem apenas despertar o interesse dos torcedores para o campeonato brasileiro ou se é uma forma discreta de secar o time, de criar um desejo nos adversário de vencer o Flu a qualquer preço para destroná-lo, de gerar uma vaidade antecipada nos jogadores com o intuito de mascará-los, obtendo com isso o insucesso do clube como já aconteceu com outras equipes em outros campeonatos. Parece a teoria da conspiração, mas não me espantaria sabendo que a mídia é dominada por flamenguistas e corinthianos, sem contar com os bairristas.

Também os tais “matemáticos” de plantão já começaram a fazer continhas para estabelecer as chances dos clubes.

Isso tudo me aprece não favorecer o estado de espírito dos atletas tricolores, que devem ficar a margem dessas notícias e especulações e se concentrar no futebol apenas, nos jogos, estudando e respeitando os adversários. O Flu tem que colocar toda a sua energia e concentração em cada jogo, como se fosse o último, o decisivo. Esquecer a vaidade e fazer da humildade, do respeito e da dedicação total as suas armas para chegar ao título.

Tudo que se fala para enaltecer o time pode se virar contra ele. O fato de estar na liderança, de ter o ataque mais positivo, a defesa menos vazada, o maior número de vitórias, o artilheiro da competição, o melhor goleiro, o melhor atacante e coisa e tal não se transformar na síndrome do já ganhou.

Porém, deve servir sim para a torcida apoiar o clube e comparecer aos estádios, levando seu calor humano e seu grito de guerra aos jogadores, reconhecendo o seu esforço e luta. Se a cada jogo tivermos uma massa grande e barulhenta, que cale o som dos adversários, seja em que estádio for, aí sim as nossas chances serão dobradas.

O momento é de muita seriedade, muita concentração, muito foco e nada de vaidades e já ganhou.

 

FUTEBOL COMO ESPORTE DE INTEGRAÇÃO OU INSTRUMENTO DE GUERRA?

Já vimos cenas de violência no futebol mundo a fora, que expõem a selvageria humana e o absoluto desamor entre pessoas. Muitos do que agridem a torcida adversária se dizem cristãos e vão a igrejas rezar como bons cordeiros. Mas, se esquecem em seus momentos de fúria que um dos maiores ensinamentos de Jesus foi que os homens devem se amar uns aos outros e que devem fazer ao próximo o que gostariam que lhes fosse feito.

As imagens finais do jogo entre o Coritiba e o São Paulo, em que uma torcedora paranaense é quase agredida em frente ao seu pai por um grupo de tresloucados torcedores frustrados pelo empate apenas, repito, apenas porque pediu e recebeu a camisa do Lucas, faz o pai de família, o homem de paz e de bem pensar se vale à pena ir aos estádios e se vale à pena levar sua família. O que é em princípio um programa de família, um momento de diversão e lazer, pode se transformar numa tragédia. Quantos ainda vão morrer apena porque torcem por outro clube? Será que esses torcedores que quase agrediram fisicamente a menina e seu pai, que falaram palavrões para o Lucas e o convidaram a “se mandar” de Curitiba teriam direito moral de torcer por ele em jogos da seleção? Teriam direito de assistir a jogos nos estádios? Não deveriam, em nome da segurança pública, ser proibidos de assistir partidas da Copa do Mundo nos estádios? O que se espera das autoridades é uma ação enérgica contra esses marginais do futebol, maus exemplos para seus filhos, pais, irmãos, colegas de trabalho, amigos, namoradas e todo o público que teve o desprazer de ver imagens tão violentas e desumanas como as mostradas (mais uma vez) no campo do Coritiba. A sociedade de Curitiba deveria se manifestar contra esses atos para preservar a sua tradição de povo evoluído e civilizado.

 

Jorge Dantas

Panorama Tricolor/ FluNews

@PanoramaTri

Imagem: uol.com.br

Contato: Vitor Franklin

7 Comments

  1. Camarada Jorge,
    “O Flu tem que colocar toda a sua energia e concentração em cada jogo, como se fosse o último, o decisivo.”: Esse trecho parece muito como eu gosto de pensar num campeonato como esse. Fico no desespero quando tem aquelas estatísticas de ganhar 9 pontos nos próximos três jogos, 6 nos 2 seguintes. Gosto de pensar que o jogo seguinte é o último e o do título. Outro trecho da sua excelente coluna que queria destacar é “O que se espera das autoridades é uma ação enérgica contra esses marginais do futebol”. Ora, você ouviu a declaração do presidente do Coritiba após o episódio? Ele deu total apoio aos torcedores e criticou duramente o Lucas pela atitude. O que esperar, então? Acho que isso explica o que aconteceu domingo, naquele jogo de 2009 contra o Fluminense, entre outros. Bato uma aposta que, se fosse em jogo do Atlético-PR, esse mesmo dirigente estaria criticando o rival. Hoje, cobra-se muito dos outros e exige-se pouco de si.

  2. Jorge, pode ter certeza que a ideia é secar o Flu, nos dar um espírito de já ganhou. Não engoliremos essa de jeito nenhum e o foco segue.

    Sobre a lamentável cena da torcida do Coritiba, o Celso da Garra Tricolor falou bem no nosso programa especial. Só queria lembrar que no mesmo dia, diversos torcedores do Grêmio (crianças e adolescentes) festejaram com Neymar em campo antes do jogo. Não foi noticiado nenhum incidente como o de Curitiba.

    ST!

  3. Quanto a violência, há quase três décadas, que surgiram os confrontos entre torcidas adversárias.
    Criou-se a cultura do ódio de que aquele que não torce pelo seu time é inimigo.
    A zoação, a brincadeira, virou sinônimo de guerra.
    Desde aquela época não é mais possível torcedores opostos estarem nos estádios lado a lado convivendo pacificamente em nome da paixão nacional.

    A pergunta que não quer calar: Por onde andou o poder público durante esses trinta anos?

    O Brasil, hoje, vive a expectativa da Copa do Mundo, talvez essa seja a resposta para minha pergunta.

    STRI.

    1. Marcelo, acrescento uma pergunta: por onde anda a racionalidade das pessoas? Se as pessoas não recuarem nessa agressividade, não haverá poder público que dê jeito. Acho que antes de cobrarmos ações dos poderes públicos, devemos nos corrigir. O problema maior está em nós e não nos poderes públicos. Somos nós contra nós mesmos. Em países onde os poderes públicos primam pela excelência, a violência pela violência está crescente também.

  4. Saudações Jorge,

    Depois da nossa vitória sobre o time do tinhoso, o Fluminense ganhou “destaque” na mídia (o que muitos de nós não vê com bons olhos – enxergamos conspirações por todos os lados) onde pregam que o Fluminense já é o campeão de 2012.

    Nas redes sociais, blogs e nas mesas de bar formou-se um burburinho e instalou-se o pânico de que os jogadores entrem no clima do ôba-ôba e encarem as próximas partidas com a empáfia estampada no peito e saltos nos pés.

    Eu, particularmente faço montes para o que a mídia “formadora de opinião” acha. O Fluminense não é pré-campeão de porra nenhuma, como foi o botafogo mineiro até a 21a. rodada e os mulambos de sampa em 2010. O Fluminense tem sim, e como tem, reais condições de ser campeão esse ano.

    Se alguém acha realmente que esse clima de festa promovido pela “imprensa especializada” irá atingir equipe técnica, jogadores, diretoria, desconhece ou não quer ver o trabalho que tem sido feito no Fluminense. Temos hoje um excelente gerente de futebol. Temos hoje um técnico, que como bem disse uma amiga, Crys Bruno, é mais que um comandante, pode ter milhões de defeitos, mas é mais um jogador que entra em campo com o time. Temos uma equipe técnica. Temos liderança em campo, liderança essa que não é exclusiva de um único jogador. Temos um capitão que hoje se mostra mais maduro, mais consciente de sua importância para o grupo. Temos um elenco fechado, blindado, sejam eles titulares ou reservas. O foco é jogo a jogo, um degrau de cada vez, manutenção do trabalho e do planejamento que tem como meta dois de dezembro de 2012.

    Paro aqui de ser racional. Sou torcedor.

    E como torcedor acordo todos os dias gritando que o Fluminense será Campeão. Essa é a parte que me cabe, essa é a parte que nos cabe.

    Que os especialistas da mídia façam suas campanhas (ou conspirações), que os jogadores e equipe façam sua parte em campo e que nós Torcedores façamos a nossa parte nas arquibancadas.

    Mais uma vez, não me canso de repetir (aumenta o volume que isso aqui é Rock’n Roll): o FLUMINENSE será o CAMPEÃO de 2012!

    STRI.

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