Flu versus River, noite de Libertadores (por Heitor Teixeira)

Nessa quarta-feira o Fluminense entrará em campo para escrever um capítulo gigante de sua história na Libertadores. Com três vitórias e apenas uma derrota, a equipe de Fernando Diniz já está virtualmente classificada, tendo em vista que precisa somar somente mais um ponto nas próximas duas partidas, sendo a última dessas em casa contra o Sporting Cristal. Apesar dessa tranquilidade, o jogo que acontecerá no dia de hoje tem gerado uma sensação de final na torcida tricolor.

Contrariando as expectativas que sempre são colocadas em cima de uma equipe tetracampeã da Libertadores e que ostenta uma das camisas mais pesadas do continente, o River Plate é o lanterna do grupo D e precisa desesperadamente de uma vitória contra o Flu para se manter vivo na competição.
Desacostumada a viver situações como essa, a equipe argentina não é eliminada na fase de grupos desde 2009 e tem ao seu lado a pressão de um novo Monumental de Nuñez que deverá receber público recorde de oitenta e seis mil torcedores.

O clube das Laranjeiras, por sua vez, entra para a partida em um contexto curioso. A eliminação para o rival na Copa do Brasil, com amplo domínio adversário e sendo fundo do poco de uma sequência péssima em que o elenco curto e decisões equivocadas geraram grande inseguranca, foi um grande choque para um time que vinha num início de temporada gigantesco, que trouxe título carioca e um futebol que vinha encantando o país. Apesar de viver esse momento conturbado, a vitória contra o Bragantino parece ter dado ânimo a equipe, que contará com o apoio de três mil e quinhentos tricolores que já estão ocupando as ruas de Buenos Aires e prometem ser uma minoria barulhenta no templo do futebol tricampeão do mundo.

Apesar de muito fragilizado, como foi exposto no jogo do Maracanã em que o Flu fez história aplicando a pior derrota da história do River em um sonoro cinco a um, a equipe argentina tem histórico de se transformar nas fases agudas da competição, o que aumenta a responsabilidade do time brasileiro em eliminar logo o gigante antes que ele possa se reerguer e retornar mais forte. A partida é importante, também, para dar rodagem em um palco desse tamanho para jogadores de menos experiência, que enfrentarão com certeza a maior pressão externa em um estádio pulsando.

Hoje não tem conversa. Não é dia de pensar em fase ruim, nem em problemas táticos nem em limitações técnicas, nem em problemas com lesões. Hoje é dia de ser Fluminense, como sempre deve ser. Um empate já sela a nossa classificação e deixa o River virtualmente eliminado, mas uma vitória nesse caldeirão seria histórica. E é aí que está o poder de final que o confronto carrega, cortar a cabeça de um gigante dessa forma pode ser o que esse elenco precisa para virar novamente a chave na temporada e seguir na construção de um elenco que lutará, até o fim, rumo a glória eterna.