Velhas – e dignas – emoções no Carioca tricolor (por Paulo-Roberto Andel)

Lá vem o Carioca. Hoje chamam de Carioquinha. Um laboratório para o Brasileiro. Mas para quarentões e cinquentões, já foi um Cariocão e tanto.

Antigamente não rolava a obsessão pelos títulos internacionais, sequer o Brasileiro. As grandes rivalidades estavam no Rio, o futebol mais festejado e acompanhado em todo o Brasil, tanto no Maracanã lotado nos clássicos quanto pela audiência em rádio e na – ainda tímida – televisão. Para se ter uma ideia, nos grandes jogos locais a média de público Carioca era costumeiramente o dobro da paulista.

Por fim, os craques estavam aqui. Entre as décadas de 1970 a 1990, o Maraca registrou várias partidas locais com mais de 100 mil pagantes. Pudera: tempos da Máquina Tricolor e do timaço dos anos 1980, do Flamengo de Zico, do Vasco de Roberto e do Botafogo de Mendonça. Imaginem que, mesmo em 1977, quando o mais emblemático time da história do Fluminense começou a ser desfeito, a “baba” do Flu era ter em campo Wendell, Edinho, Marinho Chagas, Pintinho, Cléber, Doval e Rivellino. Só.

A torcida do Fluminense era um continente branco de pó de arroz e mil bandeiras. O ingresso era barato, as pessoas se cumprimentavam nos corredores. Era possível um garotinho de dez ou doze anos de idade ir sozinho ao estádio com segurança.

Os jogos contra os times pequenos eram um barato. Eles sempre aprontavam, especialmente quando eram mandantes. Tinham bons jogadores. A disputa era boa. Jogar fora de casa contra Campo Grande, Olaria e Portuguesa dava um trabalhão. E o Americano em Campos?

Era tudo mais divertido e lúdico, diferentemente de hoje, com superstars analfabetos que não dão entrevistas, aspones por todos os lados e exóticos pavões. Sem americanização e muito menos espanholização.

Volto aos quarentões e cinquentões: eles continuam perseguindo o Fluminense tal como fizeram um dia, quando eram garotos e seus pais os puxavam pela mão em meio às nuvem da paz celestial, formada sempre que o Fluminense entrava em campo no Maior do Mundo. Miranda era o Trésor brasileiro, Edinho era um monstro e Ademílton era ele mesmo.

Vai ser tudo diferente, mas a velha emoção de se reencontrar com o Fluminense é a mesma de rever a eterna namorada, o amigo querido, o saudoso irmão. Ok, o time é limitado mas sonhar é sempre permitido. Tem Fluminense, tem Maracanã e tem um calorão enorme. Chegou 2019.

Mesmo com 50 graus à sombra, aquele velho friozinho na barriga vem quando surge uma nova temporada. Tem cachorro quente General, refrigerante, gente bonita de tudo quanto é jeito, camisas tricolores e branquíssimas. Isso, nem dirigentes patéticos e escrotíssimos vasssalos de candidatos são capazes de destruir. Vai, Fluzão!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

1 Comments

  1. Decidir em 1984 a ser Fluminense apenas 8 anos de idade.Não pelo título ,pois quando decide a ser Fluminense ele não havia ganho campeonato brasileiro daquele ano. Mas sim pelo um amigo, apesar de ser três anos mais velho do que eu na época, a maneira que como ele torcia pelo Fluminense … De ter orgulho de falar de peito aberto que o Fluminense era a religião dele. Isso fez com que eu acreditasse que o Fluminense também era minha religião. E quando passei aí ao estádio 10 anos depois vi o…

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