Vasco 1 x 0 Fluminense (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, a semana até a partida contra o time de São Januário não poderia ter sido melhor para o nosso Tricolor. No domingo mantivemos o bom aproveitamento e tratamos de vencer a Portuguesa por 3 a 1, e na quarta-feira passamos o trator por cima do Madureira, goleando por 4 a 0 e dominando o tempo inteiro as ações. Por último, mas não menos importante, na quinta-feira tivemos o anúncio tão aguardado da contratação do meia Paulo Henrique Ganso, que estava emprestado pelo Sevilla ao Amiens, da França. Em vez de um empréstimo até o fim do ano, pagando uma parte dos salários do craque, conseguimos que ele rescindisse com o Sevilla e viesse para o Fluminense sem custos, assinando por cinco(!) temporadas. Embora eu reconheça que existe um risco nos moldes dessa contratação, com o Fluminense pagando quase que integralmente o salário dele (que, embora diminuído, ainda estoura o teto) e por vários anos, não dá pra deixar de reconhecer como bola dentro.

Assim, inebriados pela aquisição de Ganso, com o aumento do sócio torcedor de modo exponencial devido ao estímulo que um craque desse nível nos traz, além da exposição midiática em que essa contratação coloca o Fluminense, tínhamos esse compromisso de hoje com o Vasco pela última rodada da fase de grupos da Taça Guanabara. Ainda que já estivéssemos classificados, restava a óbvia tentativa de tentarmos a vitória para sermos os primeiros do grupo e pontencialmente enfrentar um time pequeno nas semifinais, diminuindo o impacto do desgaste que a longa semana que teremos, com viagem de Brasília ao Piauí, e depois ao Rio novamente, nos trará – além da vantagem do empate. Sabemos que não existe favorito em clássicos e, no caso do Vasco, que tem sido um pedregulho em nossos sapatos nas últimas décadas, isso é ainda mais verdadeiro. Mas o Fluminense, jogando como tem sido escalado por Fernando Diniz, tem, hoje, um futebol bem mais vistoso que a equipe cruzmaltina.

O clube mais amado do Brasil entrou em campo com Rodolfo; Ezequiel, Matheus Ferraz, Nathan Ribeiro e Mascarenhas; Bruno Silva, Caio Henrique e Daniel; Yony Gozález, Luciano e Everaldo. De mudanças, só a saída de Airton para a entrada de Caio Henrique, já que o volante titular estava pendurado com dois amarelos e ainda arrumou uma virose de última hora. O início de jogo foi bem movimentado, com o gramado atrapalhando o toque de bola do Flu que, embora ofensivo, acabou cedendo alguns contra-ataques ao Vasco por erro de passe. Mas as ações ofensivas, em sua maioria, eram tomadas pelo Flu, e aos 7 minutos, após jogada de escanteio, Bruno Silva cabeceou no travessão a bola cruzada para a área. O gol parecia maduro e as chances se sucediam. Aos 10 minutos, mais um pênalti não marcado para o Fluminense após Bruno Silva ser claramente puxado pela camisa. A transmissão ainda tentou defender o juizão, mas só ele mesmo viu falta do volante tricolor.

Por outro lado, numa das raras descidas, o Vasco arrumou uma falta bastante perigosa na entrada da área tricolor. Ezequiel deu mole. Pikachu também deu, e a bola ficou na barreira. O jogo esfriou um pouco. Parada técnica. Pessoal da transmissão revendo o lance e constatando pênalti em Bruno Silva. Só mais um, pra variar. Mas pro lado de lá não tem esse problema. Bola no braço do Nathan Ribeiro, com braço junto ao corpo, pois esticou o mesmo ao jogar o corpo pra frente achando que o cruzamento seria rasteiro. Pênalti mandrake marcado (mais um) pro Vasco. Rodolfo não conseguiu evitar a sacanagem no placar. O Flu voltou “full pistola” e criou uma boa chance com Yony González de cabeça, mas estava adiantado. Aos 32, Daniel bate falta pra Luciano, mas a defesa do Vasco obstrui a passagem do atacante tricolor. Nada marcado. Após esse lance, o Flu caiu de produção, o que fez com que Diniz mandasse o banco inteiro para o aquecimento. Nathan Ribeiro e Luciano estavam mal, mas o Flu não desistia.

Infelizmente o ataque não estava muito inspirado. As tramas ofensivas não chegavam a oferecer muito perigo e o goleiro Fernando Miguel se mostrava muito seguro quando exigido. O time de São Januário perdeu uma chance clara de ampliar nos acréscimos. Até aqui, o jogo era ataque contra defesa, com momentos de contra-ataque dos cruzmaltinos quando o Flu perdia a bola. No finalzinho da primeira etapa, um momento de descontrole tático do time permitiu uma pressão do Vasco. O juiz começou a distribuir amarelos para os jogadores do Flu, apitando claramente para um lado só. Voltamos para o segundo tempo com Calazans no lugar de Ezequiel, e voltamos a pressionar. Aos rivais, só interessava se fechar na defesa e tentar encaixar o contra-ataque. Até os 10 da etapa final o panorama se manteve, mas o Flu não conseguia furar o bloqueio rival. Os passes já não tinham a mesma precisão, e as perdas de bola se sucediam. A afobação tomava conta do time.

Até a parada técnica do segundo tempo, o Flu voltou a controlar o domínio das ações, mas com pouca efetividade. A opção de passe escolhida sempre era a pior, e as parcas finalizações não acertavam o gol. Alguma coisa precisaria mudar se o Fluminense quisesse pelo menos empatar a partida. Diniz teria que mexer novamente, pois os minutos se passavam e nada acontecia. Aos 27, Yony González foi lançado, mas bateu fraco e ficou fácil para o goleiro. Aos 29, Marcos Paulo entrou e substituiu Bruno Silva. Diniz colocou o Flu com tudo à frente, numa clara tentativa de abafar o Vasco até conseguir o gol. A tática era perigosa, mas compreensível, visto que só a vitória nos interessava. Aos 32, Calazans driblou, invadiu a área e chutou por cima. Aos 34, Daniel saiu para a entrada de Matheus Gonçalves. Era a última cartada de Diniz para perseguir a vitória. O Vasco já não tinha força para contra-atacar e era o momento de aproveitar isso. Mas a infiltração e a finalização precisavam melhorar para tal.

O Vasco vivia da ligação direta de seu goleiro, e acabou arrumando uma falta aos 38. Danilo Barcelos bateu à esquerda de Rodolfo e a bola saiu. Se fosse dentro, não haveria o que fazer. Aos 40, Mascarenhas foi derrubado na intermediária. Após a cobrança, cabeçada no meio do gol do colombiano para boa defesa do goleiro do Vasco, e no rebote Luciano acertou o travessão com sua finalização. A sorte também não queria sorrir. Aos 42, Everaldo fez boa jogada individual, mas chutou na lua. Aos 46, Calazans cruzou para a área e por milímetros não raspou na cabeça tanto de Luciano quanto de Yony González. Não houve tempo para praticamente mais nada após esse lance. Derrota completamente injusta devido ao pênalti não marcado no primeiro tempo sobre Bruno Silva. O Fluminense não jogou o bastante para mercer a vitória e isso nos colocaria, de qualquer maneira, em segundo lugar do grupo. A desvantagem, provavelmente contra o Flamengo, será um teste ainda maior para o time de Fernando Diniz. Novamente o Vasco se mostra uma pedra em nosso sapato. Que Ganso estreie logo.

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