Tudo uma grande coincidência (por Zeh Augusto Catalano)

Enganou-se quem pensou que a grande coincidência da última rodada de 2013, na qual a Portuguesa de Desportos escalou um jogador irregular no dia seguinte ao mais querido ter cometido erro igual, salvando o rubro-negro do rebaixamento, fosse o fundo do poço do futebol brasileiro.

Desafio quem me lê a enumerar a quantidade de partidas ganhas pelo Flamengo este ano por influência direta da arbitragem.

Não vai conseguir, tal a quantidade. Tudo uma grande coincidência.

Campeonato carioca: Começamos pela famosa falta que entrou 33cm e que o auxiliar Castanheira, a dois passos de distância, não viu. Ganharam o título no último minuto com uma banheira olímpica de mais de metro que o mundo inteiro viu, mas não o bandeira. Bandeira esse que, coincidentemente, era o auxiliar no Vasco x Flamengo da falta de 33cm. Castanheira, o homem da linha de fundo, não viu. Tampouco o bandeira. Taça pra Gávea. “Roubado é mais gostoso”. Frase pra eternidade.

Copa do Brasil: Precisando ganhar de 3 a 0 do Coritiba no tempo normal para levar o jogo para os pênaltis, o país inteiro testemunha o senhor Wagner Reway marcar dois pênaltis – o segundo deles de ruborizar a parte negra do uniforme da Gávea. Não satisfeito, deixa passar em branco falta violentíssima em Alex no lance do terceiro gol. O Flamengo vence nos pênaltis.

Não podemos esquecer da grande sorte na moedinha. Seis vezes seguidas a sorte agraciou o mais querido, trazendo a decisão da vaga, esta contra o Coritiba inclusive, pro Maracanã.

Santa moedinha.

Domingo, mais uma vez, uma banheira sem-vergonha, na qual o próprio jogador parou na jogada tal a noção de que estava completamente impedido. Como se não bastasse, com a intervenção deste jogador, impedido, criou-se novo lance no qual outro jogador – o que faria o gol – estava mais impedido ainda. Claro, nada marcado. Ainda havia tempo para um pênalti “polêmico” – termo cunhado pela imprensa para atenuar as bizarrices passadas em campo. Não houve polêmica alguma. Pênalti perdido. Mais três pontos pros cidadãos de amarelo.

Dez da noite de domingo. Estou assistindo a NFL e o jogo é interrompido (exageradamente até) a cada lance duvidoso. Param tudo, comerciais na tv até que os juízes revejam o lance e decidam se mantêm ou não a decisão de campo. Num desses intervalos, mudei de canal e dei de cara com Edinho vendo e revendo o lance do impedimento e pateticamente tentando explicar a velocidade da jogada, que o bandeira não viu etc. Vergonha alheia.

Ninguém aguenta mais isso. E ninguém da imprensa abre a boca pra questionar.

É tudo coincidência.

Erros sempre existiram e sempre existirão. Mas não com essa frequência. O que não reparam é que isso está minando o resto da lisura do esporte. Não há mérito nessas vitórias. Elas empanam o valor da vitória que poderia até vir sem essas interferências. E isso cansa quem ama o futebol e fica se sentindo um palhaço assistindo a esses espetáculos semana após semana. Pior ainda, ver e ouvir alguém, como Edinho, se prestar a justificar e legitimar o injustificável.

Depois não reclamem do 7 x 1.

Piadas a parte, rolou ontem numa comunidade do facebook um debate sobre o que fazer pra combater isso. A maioria das respostas passou por boicotes. Mas não se chega a um consenso. Como os tricolores devem se comportar no domingo contra o mais querido da tv? Fica a pergunta.

No tempo que levei para escrever este texto devem ter sido marcados três pênaltis pro Flamengo.

Zeh

Panorama Tricolor
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