Tristezas e alegrias extra-campo (por José Augusto Catalano)

Sumi.

O futebol, nas últimas semanas, não me trouxe alegria alguma (parabéns, tricolores!)… Mas os reveses das semanas passadas, com seis derrotas seguidas, não são a razão da tristeza dos vascaínos. Politicagem mesquinha, crise, notícias financeiras que nada tem a ver com o futebol em si e que são veiculadas a cada 15 minutos, muito mais do que o que acontece em campo.

Ok, tragédias econômicas são notícia.

Falta d’água é notícia.

Corte de luz é notícia.

Noitadas também o são. Mas dentro de determinados limites.

Quando a imprensa esportiva resolve suprimir a realidade esportiva em detrimento das mazelas extra-campo, esta não está prestando um serviço aos clubes. Não tem a intenção de resolver ou melhorar absolutamente nada. Não notam que estão matando a própria galinha dos ovos de ouro. É tanta notícia ruim, é tanto disse me disse, que o torcedor cansa.

E não quer mais saber.

Desiste de se aborrecer com algo que deveria trazer alegrias e tristezas “normais” para se tornar um fardo, uma espécie de dívida que o torcedor não pode pagar. Não conheço nada mais desestimulante para o torcedor comum. Engraçado que as notícias policiais que chegam de determinado clube são rapidamente suplantadas por suas grandes vitórias ou derrotas honrosas.

Encontrei-me na quinta-feira passada com dois outros colunistas do Panorama para um bate papo regado a cervejas e comida árabe.

Como é bom poder sentar e conversar sobre futebol com adversários sem reservas.

Como seria bom poder assistir a alguns jogos com amigos sem a preocupação de estar cada um em sua torcida.

Desde a malfadada reforma que dividiu fisicamente o anel do Maracanã em 6 gomos, o estádio, além de ter encolhido, aumentou a separação entre as torcidas. Ao invés de se coibir a violência prendendo os responsáveis, minoria na multidão, isola-se as torcidas como se fossem (são?) tribos rivais distintas dispostas a se matarem. Espero que este cenário mude no novo Maraca.

Anel livre.

Divisões físicas, não!


José Augusto Catalano

Panorama Tricolor/ FluNews

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

2 Comments

  1. Excelente! É possível fazer um futebol saudável, basta compromisso. No entanto, a visão pequena de quem noticia somada à visão pequena de quem lê, vê e ouve, vai transformando, lentamente, num esporte televisivo.

  2. Só lamento nessa história triste do Vasco a acusação ao Dinamite, um dos atletas mais decentes do futebol brasileiro. Sempre fui fã do Roberto e uma vez, encontrando-me com ele num vôo para SP, falei que admirei muito o seu futebol e o seu amor pelo Vasco, mas tinha uma mágoa: por que tantos gols contra o meu Flu? Ele sorriu e disse: é a vida. Grande camarada, não merece a reação da torcida, principalmente considerando o seu passado e a situação que encontrou o Vasco, dilapidado pelo E.M. Já, já volta aos dias de glória, isso é passageiro.

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