Pra cima deles, Tricolor (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, a derrota para o Vasco no último sábado teve um sabor amargo, não só pelo que conseguimos realizar na partida – virar um placar desfavorável, jogando na casa do adversário – mas também, e principalmente, pela nossa capacidade de levar gols num curto espaço de tempo e não saber segurar o resultado. No jogo contra o Galo, houve momentos em que o Fluminense foi extremamente competente para controlar a partida, mas a verdade é que não sofremos mais gols por detalhes e falta de competência do Atlético-MG. Basta revermos os melhores momentos.

Há claramente um desgaste de alguns jogadores, que não estão em boa fase. Falo dos nossos volantes. Orejuela, nosso principal cão de guarda, não atravessa um bom momento. Se no início do ano não errava um passe sequer, hoje entrega bolas perigosas, entorta passes fáceis e não possui a mesma pegada. Outro que ainda não conseguiu recuperar sua melhor forma é Douglas. Quando entra, não mantém o nível de antes. Wendel é a exceção, mas está sobrecarregado. Em jogos nos quais nossos laterais são anulados, o meio fica embolado, a tabelinha com o ataque não sai e sofremos.

No último jogo foi exatamente assim. Lucas e Léo foram anulados e pouco participaram da partida. Bem marcados, distribuíam as bolas no meio e guardavam sua posição. Porém, como nosso meio de campo anda problemático – sem Sornoza e com Scarpa ainda se reacostumando a jogar, além das questões já citadas em relação aos volantes -, isso torna muito difícil sermos ofensivos. Tanto é que só conseguimos arrumar alguma coisa no segundo tempo porque o Vasco não desistiu de atacar e o jogo ficou mais franco. Os pênaltis vieram na hora certa, e nesse jogo não sofremos com a arbitragem, o que tem sido regra.

E, como consequência final de todos estes transtornos, nossa defesa acaba mais exposta. Sem o reforço na marcação que costuma acontecer quando o time inteiro está bem, não conseguimos acompanhar o ritmo de jogadores velozes e de qualidade. Manga e Nenê vieram do banco para definir a partida a favor do Vasco. E é nesse momento que percebemos o quanto faz diferença ter suplentes de qualidade, que possam entrar na condição de titulares a qualquer momento. Nossas opções foram Marquinho, Maranhão e Marcos Jr. Alguém aí ficou tranquilo?

Não posso falar muito do Marcos Jr. Tem limitações, mas já foi decisivo algumas vezes. Quebra um galho como reserva, para entrar em alguns jogos muito específicos. Marquinho e Maranhão, por outro lado, nada acrescentam. Estamos sem Sornoza, e a opção a ele seria o Marquinho, mas não começou jogando – o que indica claramente sua falta de qualidade. Wellington Silva está fora, e a opção a ele seria ou o Marcos Jr. ou o Maranhão – e nenhum deles começou jogando também. Por que não Calazans? Por que não o Lucas Fernandes? Esses dois jogadores já tinham sido testados anteriormente e seriam melhores apostas.

Hoje temos o Grêmio pela frente na Copa do Brasil. O time gaúcho vem de uma derrota para o Sport, na qual sofreram quatro gols, mas fizeram três. Esse placar não nos interessa. Não sei se teremos força para vencê-los por dois a zero (ou três gols de diferença) com o time titular atual, mas não duvido jamais do Fluminense. Mesmo se o time sub-20 entrasse em campo hoje à noite, ainda assim eu acreditaria até o último instante. O time de Abel está longe de ser perfeito, mas tem alma tricolor, e isso basta para comparecermos em massa e não cessarmos o canto até a hora do apito final.

Curtas:

– Bela homenagem ao Abel feita no CT, mas o restante da coletiva foi desnecessário, principalmente a parte em que Abad diz que buscamos o penta, mas os reforços que precisamos virão da base ou do Samorin, e contratar só em último caso. Entendo a economia, mas só um milagre nos trará o penta sem suplentes de nível.

– Se a ideia é fechar o ano com esse elenco, as atenções precisam mesmo se voltar para a Copa do Brasil e para a Sul-Americana. Depois da partida de hoje, veremos se perseguir o caneco nacional ainda será possível. A competição continental continua sendo prioridade máxima.

– E o caso Michael, que fim levou?

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: alo