Tombense 0 x 3 Fluminense (por Felipe Fleury)

felipe fleury red 2016

A Copa do Brasil é uma competição única, especial em relação às demais. Não apenas porque é o caminho mais curto para a Libertadores da América, mas porque é democrática no sentido de proporcionar aos clubes modestos do interior deste imenso Brasil, como o Tombense, a chance de enfrentarem os maiores clubes nacionais.

E isso me dá um prazer especial, que é saber que aquele torcedor tricolor que talvez nunca tenha assistido ao seu clube do coração in loco, tem a chance de sentir de perto essa inefável emoção. É isso o que sinto quando a câmera percorre a arquibancada e estampa aqueles rostos que não escondem a alegria de estar vivenciando essa paixão.

Hoje foi a torcida tricolor de Muriaé – e de outras cidades da Zona da Mata mineira – que teve essa feliz experiência, a oportunidade de voltar para casa com o Fluminense ainda mais impregnado em seu coração.

O time, que a cada jogo conquista mais a confiança do treinador e da torcida, vai se consolidando numa formação definitiva. Com uma ou outra alteração, parece que essa vai ser a equipe que se encarregará de ser a base que nos dará as sonhadas alegrias em 2016.

Levir, é claro, é o maior responsável por essa renovação tricolor.

Apesar disso, o Flu começou o jogo contra a modesta Tombense sofrendo sustos. De um erro de passe de Pierre, surgiram as melhores oportunidades da equipe mineira no primeiro tempo. Logo após, porém, o Tricolor se assentou em campo e passou a dominar as ações ofensivas, mesmo sem ser brilhante.

Por falar em brilhante, se o time não o foi como um todo, Scarpa e Cícero, pode-se dizer, chegaram perto disso. Cícero deu um chapéu fantástico num adversário em jogada que terminou com um gol de Scarpa bem anulado. Logo depois, com o lado de fora do pé, de um passe perfeito para Gerson fazer o primeiro gol tricolor.

Scarpa, por sua vez, foi onipresente dentro de campo. Fez de tudo – é versátil – e com muita qualidade, constituindo-se figura imprescindível para esse novo Fluminense.

Marcos Junio deu números finais ao primeiro tempo após belo cruzamento de Jonatham que aproveitou, com total liberdade, para marcar de cabeça.

O Tricolor reduziu o ímpeto na segunda etapa, dando campo ao adversário com o nítido propósito de explorar os contra-ataques e os erros do Tombense.

Edson e Magno Alves substituíram Gerson e Fred e o time ganhou mais velocidade.

Aliás, o Fluminense tem agora um treinador que não teme sacar o artilheiro quando é necessário, porque Levir deu ao time alternativas à única jogada ofensiva tricolor vigente nas últimas temporadas.

Marcos Junio fez o terceiro tricolor, o seu segundo, e foi outro que se destacou positivamente na partida, aproveitando a oportunidade proporcionada pela ausência forçada de Osvaldo.

O Flu que foi a Muriaé, não foi espetacular, mas cumpriu seu objetivo: evitou a partida de volta, que ocorreria em 25 de abril, justamente no período entre as semifinais e finais do carioca. Além disso, mostrou mais uma vez que está se consolidando como equipe competitiva: está na final da primeira liga, disputará as finais do carioca e já avançou de fase na Copa do Brasil.

Ótimas perspectivas para quem não tinha nenhuma no início da temporada.

São Levir! Campeão da Copa do Brasil com Cruzeiro e Atlético, quem sabe com o Flu?

Psicologicamente, o Fluminense já é um time renovado. Gradativamente vai também evoluindo tecnicamente. As perspectivas são outras. Tudo muda quando se trabalha com gente competente.

Sorte nossa, sorte daquela torcida mineira que voltou para casa feliz com a vitória de seu time do coração.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: f2

7 Comments

  1. Estou até achando que sou injusto com Cicero.

    Pierre vai entregar a paçoca a qq momento.

    Pra cima Flusão!!!

    ST

  2. Fica a observação de que nosso volante Pierre, embora bom marcador e talvez o único que saiba marcar bem no time, não joga nada.
    Como é triste ver seus passos para trás, nem sequer para o lado.
    Cruzando bolas no meio campo, quase entregando o ouro.

    Em termos de futebol jogamos com menos um. 🙁

    1. Talvez Pierre, nesse time, seja um mal necessário. O seu desvalor técnico é compensado pela sua luta ali na frente da área, o que, sobremaneira, melhorou o nosso sistema defensivo. Isso não apaga, porém, dois erros crassos de passe que quase renderam gols do adversário. Por enquanto é ele, mas é o tipo de jogador que jamais será insubstituível. Qualquer cabeça de bagre com disposição e um pouquinho de inteligência pode fazer melhor do que ele.

  3. (…) discutimos aquela vez em que o Liverpool FC visitou o City (Worcester City FC) na década de 70, e que um gol de empate forçou outro jogo, agora no monumental de Anfield Road.

    Também houve aquela visita do Estoril Praia à Associação Familiar e Desportiva da Torre, em Portugal, que poucos lembram do jogo em si porque o Leitão da Bairrada e o Cabrito no Forno faziam-se acompanhar de um bom tinto!

    Sói dizer-se: “dia de Taça é dia de festa!”

    E o Fluzão segue invicto.

    1. Tanto aqui como aí, Mauro, a emoção é, guardadas as devidas proporções, muito parecida. Essa oportunidade que o interior do Brasil tem de assistir ao seu clube do coração não tem preço. Muita vez o torcedor interiorano só terá aquela chance na vida para torcer presencialmente por seu time, e é isso que ainda dá um pouco de romantismo a um futebol cada vez mais comercial. Obrigado de sempre, Mauro.

  4. (…) ou visitar outra praça é tanto para o jogador desconhecido quanto para a torcida local uma oportunidade única e inesquecível de festa.

    Muitos jogam contra o time que torcem desde criança a partida da vida deles enquanto são assistidos pelas suas famílias, amigos, colegas e vizinhos.

    Tais jogos, tais viagens, seus resultados, seus grandes almoços (e bebedeiras), são assuntos antológicos que, inclusivé, perpassam gerações.

    Quantas vezes entre uma pint de Guinness e outra (…)

  5. Concordo com teu texto.
    E, para variar, gostaria de acrescentar algo.

    ST**** Felipe

    A Cup obedece à lógica mais antiga de competição entre times no Football:
    – todos estão ao pé de igualdade com todos
    – emparceiramentos por sorteio
    – etapas eliminatórias

    Temos algumas variações em virtude da diferença entre clubes e as importâncias que movimentam, mas os mais velhos ainda se lembram quando todos os times “federados” começavam juntos.

    Jogar contra um time grande ou visitar…

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