Tempos de Adão (por Paulo-Roberto Andel)

Ah, o tempo. Lá se foram quarenta anos, senhor. Domingo de tarde no Maracanã, Fluminense contra Atlético. Tinha sol e calor, mas o estádio era bem mais arejado. Melhor dizendo, era outro.

O Flu disputava o Brasileiro, cheio de chaves até chegar a fase final, dos mata-matas. No ano anterior, 1980, perdemos duas para o Atlético no Maracanã, com direito a levar até gol olímpico. Agora, não.

No começo, Cláudio Adão mostrou toda a sua categoria. Fez um gol de cabeça e outro de falta. Ele foi o melhor camisa 9 que vi jogar. Entendo perfeitamente que os jovens fãs de Fred discordem disso, mas foi questão de presenciar a história. Adão jogava demais, tinha habilidade, força física, senso coletivo e todos os fundamentos. Jogou pouco no Fluminense, menos de dois anos, mas suficientes para deixar o nome na história.

No segundo tempo o Atlético descontou e preocupou, mas a vitória foi confirmada. O Galo tinha um timaço, dos melhores do continente, que só não dominou a América porque havia um José Roberto Wright pelo caminho.

Hoje tudo é diferente: o Fluminense não vai disputar o título, o Atlético está com a mão na taça. Temos Fred, do jeito dele e inevitavelmente a caminho do fim. Mas o que ficou daquela tarde distante de 1981 é o sentimento, essa vontade louca de torcer e esperar pelo melhor.

E logo mais? Vamos ver no que vai dar.