Fluminense 1 x 1 River Plate – Um divisor de águas na temporada (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o que presenciamos na noite de hoje foi um divisor de águas.

Um divisor de águas, porque o Fluminense foi surpreendente.

Antes de qualquer coisa, é preciso ressaltar que Marcos Felipe é um dos melhores goleiros do mundo na atualidade. A falha cometida no gol do River atesta isso, porque só aos maiores é dado fazer coisas bisonhas, como o lance do pênalti, e permanecer em campo desfilando autoridade.

Marcos Felipe é o nosso reencontro com a linhagem de Marcos de Mendonça, Castilho e Paulo Vitor. Em se tratando de Libertadores, eu diria que também de Fernando Henrique, a nossa melhor reencarnação recente do espírito de competições sul-americanas.

Tirando esse pormenor, o Fluminense fez, tirando aqueles 30 minutos do jogo de estreia no Estadual, quando Miguel esteve em campo, disparado o melhor jogo do ano.

Fosse o futebol justo, o Fluminense sairia vencedor do jogo de hoje. Mas o futebol não liga para essa coisa de justiça. O futebol é resultado. O resultado, o mais malicioso inimigo de um time de futebol.

Foi pênalti em Lucca quando o jogo já estava empatado, que o soprador de apito não deu porque não quis. O marcador o desequilibrou e sequer tocou na bola. É só rever as imagens.

Mas não estamos aqui para chorar erro de arbitragem, porque não é o que mais importa agora. O que importa é que o Fluminense jogou contra o River Plate, uma das maiores potências da América do Sul, se não a maior, com uma autoridade que nos fez lembrar por que a nossa camisa é tão temida na América do Sul.

Diante de tudo que vira até então, e há situações que merecem severas críticas, no terreno esportivo – só no esportivo -, como a negociação de Michel Araujo e o novo sumiço de Miguel, a minha expectativa, falando honestamente, era de um massacre argentino no Maracanã.

Só que o jogo, desde o primeiro minuto, mostrou que não era nada disso. Vimos um Fluminense concentrado, atuando com personalidade e sabendo como lidar com cada situação de jogo. Algo quase alarmante diante de tudo que víramos até aqui.

Destaque para Luis Henrique, sabiamente reincorporado ao time titular, que voltou a mostrar que é o que melhor se define como centro gravitacional do time do Fluminense. Começou o jogo tomando decisões equivocadas, como sempre, mas foi se tornando uma ilha de excelência ao longo do jogo, ao ponto de sua substituição ter sido questionável.

Há quem ache que nossos meias, em determinados momentos, foram mal, mas é preciso entender que nós estávamos jogando com o River. Martinelli e Yago sofreram tanto quanto os meias adversários com a falta de espaço, mas Yago foi especial, infernal na marcação e até recuperando parte de sua inspiração nas fases ofensivas, algo que não se via nos últimos jogos.

Kayky pode ser melhor aproveitado, Nenê quase leva a torcida à loucura num lance em que, sozinho, depois de grande jogada de Egídio, pega de primeira e manda na arquibancada. Razão pela qual, talvez, foi substituído por Cazares, que deu a assistência para o gol de Fred, num lance que Fred começou e que soube se infiltra como o artilheiro que é, atacando espaço e finalizando para as redes do atônito River.

Sim, o River não veio aqui para jogar com o Fluminense Football Club. Veio para jogar com aquele time previsível e chato que nos acostumamos a assistir. Eles também esperavam uma vitória fácil. O mundo do futebol esperava por isso. Ninguém nem contava com a camisa do Fluminense, que a América do Sul respeita como uma divindade futebolística.

O que o River teve que enfrentar não foi a camisa. Foi um time organizado e inspirado, que lhe foi superior.

Ah, o resultado! Era só marcar o pênalti em Lucca que nós teríamos nos saído vencedores. O que importa, no entanto, não é o resultado, mas o que podemos esperar do futuro logo à frente.

O Fluminense de hoje foi o time enjoado de 2020, que jogou o Campeonato Brasileiro lá na parte de cima. Mas foi um Fluminense ainda melhor, principalmente porque teve Kayke, Luis Henrique e um banco que pode fornecer Gabriel Teixeira e Cazares.

Eu assisti a vários jogos da Libertadores essa semana, até porque eu não sei quantos canais tive que assinar para poder cercar os jogos do Fluminense. E não vi ninguém que me impressionasse mais que o Fluminense de hoje.

O que esperar da Libertadores?

O que sempre se deve esperar do Fluminense: o título.

Saudações Tricolores!