Sonho tricolor (por Felipe Fleury)

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Informo ao leitor, de antemão, que este não é um estudo de viabilidade técnico-financeira ou qualquer esboço de projeto. Não tenho conhecimento profissional para isso. É apenas – e peço permissão a você – um sonho em forma de desabafo que desejo compartilhar.

Nos últimos anos, grandes clubes do futebol nacional têm se mobilizado para reformar ou construir modernos estádios. Um desejo inerente a todo torcedor, certamente, é ter uma casa moderna, que possa chamar de sua.

Internacional, Grêmio, Palmeiras, Corínthians, Atlético Paranaense modernizaram seus estádios ou construíram novas arenas. Não entrarei no mérito das eventuais facilidades obtidas do poder público, como, por exemplo, no caso da construção do Itaquerão, arena do Corinthians.

Prefiro citar o exemplo do Palmeiras que, através de uma parceria empresarial, aparentemente legal, construiu a sua moderníssima arena – ao custo de 630 milhões – sobre os escombros do seu antigo estádio Palestra Itália. Trata-se de uma arena multiuso, uma tendência mundial, com capacidade para 43.600 torcedores – espectadores de futebol, para shows o público aumenta – onde o clube recebe integralmente a receita de seus jogos e a empreendedora assume todas as despesas correntes para funcionamento do estádio e aufere seus lucros da exploração da publicidade, shows, camarotes, cadeiras especiais, lanchonetes, restaurantes, lojas etc.

Gradativamente, o clube palestrino passará a receber participação também nas demais atividades geridas pela empreendedora até a integralização de todo o custo para a construção, acordo, cujo prazo final foi fixado em 30 anos; ao fim do contrato, a parceria com a empresa será encerrada e a arena definitivamente incorporada ao patrimônio do clube.

Não é preciso dizer que uma arena própria alavancaria qualquer projeto de sócio-torcedor, como se viu exatamente com o torcedor palmeirense, que saltou diversas posições no ranking de associação após a construção do estádio. Além disso, o retorno financeiro é colossal. De todos os clubes das séries A, B e C do futebol nacional, o Palmeiras é o segundo no ranking de público pagante com uma média de 28.913 torcedores por jogo – perde apenas para o Corinthians, com 31.844 pagantes -, com o bilhete de entrada a um preço médio de R$80,00, gerando uma renda bruta de R$23.325.941,00.

Em quatro meses – campeonato paulista e fase inicial da Copa do Brasil -, o Palmeiras “enriqueceu” quase 24 milhões de reais, sem contar a renda oriunda do projeto de associação. Uma previsão minimalista impõe reconhecer ganhos muito maiores durante as demais competições nacionais que, em regra, atraem muito mais público.

O torcedor sente-se estimulado a ir ao estádio, gastar em produtos do clube e associar-se, além é claro, do fator psicológico, pois jogar em sua própria casa, com a torcida praticamente inteira a favor, é sempre um obstáculo a mais para o adversário transpor.

Evidentemente, um contrato de parceria dessa envergadura precisa ser muito bem estudado, a fim de que não haja conflitos, principalmente quanto às datas dos eventos comercializados pela empreendedora e as partidas de futebol, ou mesmo quanto à forma de comercialização de camarotes e cadeiras especiais.

Como eu disse, estou aqui sonhando. Já ficaria bastante satisfeito se o nosso lendário Estádio das Laranjeiras pudesse ser transformado em algo como um Craven Cottage, o também centenário e simpático estádio do Fulham F.C., de Londres, com capacidade atual para cerca de 25 mil torcedores confortavelmente instalados, após recente reforma.

Um clube da grandeza do Fluminense não pode caminhar na contramão da modernidade. Se eu fosse seu presidente, e isso é apenas elucubração, não tenho qualquer pretensão política, trataria o assunto como uma das suas prioridades e criaria um departamento exclusivo, composto de profissionais experimentados e comprometidos para alcançar uma solução viável para a construção de uma estrutura completa de futebol: centro de treinamento e um novo estádio.

O Fluminense merece um estádio moderno à altura de sua grandeza, onde exerça a sua “soberania” e não se submeta a desmandos de terceiros ou a incompatibilidades para atuar num ou noutro campo; e o seu torcedor uma casa que possa chamar de sua.

Como eu disse, trata-se apenas de um desabafo, um desejo incontido de poder um dia levar minhas filhas ao novo estádio do Fluminense e dizer: esta aqui é nossa casa, onde continuaremos a escrever uma história gloriosa, sintam-se à vontade.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: google

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14 Comments

  1. Prezado Felipe, você tem conhecimento de um já antigo projeto do escritório do renomado arquiteto Paulo Casé, que transformaria nosso templo em uma pequena Bombonera?

  2. Existe alguns grupos se dedicando em alguns ótimos projetos de revitalização. Precisamos também de pessoas, influente ou não, para vender esses projetos para parceiros. Isso sem dúvida nos faria dar um salto em nossa história

  3. Será que não existe um grupo hoteleiro interessado em um hotel próximo ao cristo redentor, sambódromo, centro e praias da zona sul? Será que não há uma construtora querendo uma parceria numa arena para shows no meio da zona sul? E uma outra empresa, quem sabe um banco, para o name rights e assim bancar a obra?
    Sei que o momento da economia brasileira não é favorável mas não dizem que é nas crises que se ganha mais?! Peguem os 2 ótimos projetos que estão na net e ofereçam de porta em porta.

    1. O caminho é por aí, Fernando. Vontade de fazer em primeiro lugar. Obrigado pela leitura e ST

  4. Infelizmente, no que depender dos inéptos e covardes que estão no clube há 3 décadas, não haverá a realização deste sonho.

    1. É o que temo, Fábio. Precisamos mudar isso e transformar o estádio tricolor numa prioridade. Obrigado. Um abraço e ST

  5. Esse é um sonho possível, desde que boa parte dos “interessados” existentes no clube,deixem suas supostas aristocracias de lado e olhem para a necessidade de se caminhar com as proprias pernas, sem depender de favores extras. Basta sonhar, como o amigo ja o fez,,, pois sonhando é que se alcança a meta.

    1. Obrigado, Regis. Acredito que todos estamos cansados de favores e migalhas. Queremos a nossa casa. A nossa verdadeira casa. Um abraço e ST

  6. DE ALGUMA PARTE DO ESTÁDIO TIPO ALAMBRADOS, COBERTURAS E AFINS, SEM CONTAR COM UMA POSSÍVEL EVACUAÇÃO DA ÁREA, E AINDA TEMOS UM VIZINHO PRA LÁ DE INDESEJÁVEL QUE É O PALÁCIO DO GOVERNO ESTADUAL,SERIA ÓTIMO PARA NÓS PORÉM SERÁ QUE SERIA BOM TAMBÉM PARA OS MORADORES E COMERCIANTES DO ENTORNO, SERÁ QUE NÃO CABERIA UMA AÇÃO CONJUNTA DELES CONTRA O PROJETO ARENA-FLU, E SEM CONTAR QUE O ÚNICO FLUXO DE ENTRADA É O MESMO DOS CARROS DOS ASSOCIADOS O TRADICIONAL TÚNEL, PORÉM CONTINUO SONHANDO COMO VOCÊ!!!

    1. Obrigado pela leitura e considerações, caro Desirée. As dificuldades são muitas, mas quem sabe nossas cabeças pensantes não encontrem uma boa alternativa…Um abraço e ST

  7. ESSE SONHO NÃO É SÓ SEU NÃO COMPETENTE FELIPE, BOM DIA, MAS ESBARRAMOS EM ALGUNS DETALHES, PRIMEIRO O DESTOMBAMENTO QUE É POSSÍVEL, DEPOIS VEM O PIOR QUE É A CONTRA-ORDEM DOS ÓRGÃOS FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS, TAIS COMO O FLUXO AO ESTÁDIO QUE POR TER APENAS UMA MALHA VIÁRIA O TORNA INVIÁVEL, TEMOS TAMBÉM ACOMODAÇÕES PARA VEÍCULOS OU ESTACIONAMENTO POIS SÓ O TRANSPORTE PÚBLICO NÃO DARIA VAZÃO, O CORPO DE BOMBEIROS FREOU O PROJETO DEVIDO AS CONDIÇÕES EM CASOS DE ACIDENTES COMO FOGO, QUEDA

  8. Perfeito, Fleury! Concordo mil porcento!
    Estamos ficando para trás. Estamos aceitando nos afundar com o futebol carioca. Viabilizar as Laranjeiras deveria ser a maior das prioridades.

    1. Obrigado, Crys. Penso que se trata de uma prioridade. O Fluminense somente saltará verdadeiramente rumo à modernidade com um estádio, próprio, em que possa ser o mandante de seus jogos e lucrar, principalmente lucrar com a sua utilização. Um abraço e ST

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