Sobre o caos na arbitragem (por Gustavo Reguffe)

Leio no Lancenet que o presidente da CBF, José Maria Marin, cogita uma punição maior ao juiz do último jogo entre Santos e Corínthians, além da reciclagem já imposta a este como condição antes de que volte a apitar. Juntamente com essa notícia, chamou-me a atenção a reação um tanto teatral do técnico Tite, chorando a derrota na coletiva logo após o término da partida.

Ora, erros de arbitragem não são exatamente raridade no futebol brasileiro; muito pelo contrário, são grosseiros, frequentes e acontecem cada vez mais tanto na parte técnica quanto na disciplinar. O que de certa forma me causou espécie foi a reação em cadeia ao erro em questão. Na verdade, a surpresa foi menos pelos atores envolvidos do que pelo tom da revolta.

Ultimamente o Fluminense tem sido sistematicamente roubado no campeonato brasileiro, seja em jogos como mandante ou visitante, e mesmo assim não tem posado de vítima nem aderido ao chororô explícito de outras agremiações. Para citar apenas dois casos, dois pontos importantes nos foram tirados tanto na partida com o Atlético-MG, por ora concorrente direto ao título, com a anulação de gol legítimo, quanto na desastrosa arbitragem com o Cruzeiro, ocasião em que o confuso Paulo Godoy Bezerra deixou de marcar pênalti escandaloso em Rafael Sóbis no fim do jogo.

Por que então nos casos citados não houve uma grita semelhante a essa dos corintianos, corroborada pelo presidente da CBF? Não quero acreditar em teorias da conspiração para ajudar este ou aquele time, apesar de grande parte da imprensa jogar contra nós, mas também não dá para aceitar que haja dois pesos e duas medidas orientando os passos da presidência da CBF, sobretudo em se tratando de arbitragem.

O teatrinho do Tite é até compreensível, apesar de ridículo; ele tá defendendo o time dele, não vê o próprio time sendo beneficiado em qualquer coisa. Para ele, o Neymar simula as faltas, os zagueiros do Corínthians são leais e ponto final. O que não pode é a CBF se pronunciar com tamanha veemência somente quando determinado time é prejudicado, e ficar tudo por isso mesmo.

Nesse cenário, é importante que o Flu tenha voz ativa fora de campo também. Não podemos ficar acuados diante de tamanha desorganização. O clube precisa mostrar mais firmeza em suas posições, porque o ambiente não nos está favorável. É apenas uma crítica construtiva, mas acho que está faltando à gestão Peter Siemsen um pouco mais de energia ante os desmandos da CBF em relação à arbitragem.

Gustavo Reguffe

Panorama Tricolor/ FLuNews

Imagem: ligapelotense.com

Contato: Vitor Franklin

2 Comments

  1. Enquanto as pessoas continuam acreditando que os erros acontecem contra todos, vejo a ocorrência de fortíssimos indícios de que há algo de muito podre no futebol brasileiro.

    Foi só desagradar ao queridinho da CBF e Rede Globo que ó ó ó…

    Já não acredito em Papai Noel há muitos e muitos anos…

    ST, Luiz.

  2. O Corinthians é o time mais beneficiado pelas arbitragens infelizes desde a década de 1990 e recebe apoio da CBF agora, em um jogo que não vale nada, enquanto o FFC, prejudicado em várias partidas, uma delas confronto direto que pode valer a definição do título, merece o silêncio?
    A punição da CBF é uma intimidação clara aos que intencionalmente ou não, prejudicarem o SCCP, indiretamente um apoio para que errem a seu favor.
    Enquanto o silêncio em relação ao FFC, o clube mais roubado do Brasil desde 1986…….

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