Se tem ameaça de Fluminense, já me apraz (por Paulo-Roberto Andel)

Bom, estamos em setembro, o inverno louco aponta temperaturas altíssimas, o ano que não aconteceu voou e matou muito, estamos por aqui. Vida que segue. Logo mais tem jogo importante pela Copa do Brasil.

Tirei uma folga das análises profundas sobre o clube. Elas intoxicam, entristecem e deixam perguntas sem resposta. São absolutamente necessárias, mas é preciso não deixar a velha paixão ser liquidada pela ganância de passageiros da história.

Me deparei com a nova camisa, a terceira. Tal como todas as outras, ela causa divergências até apaixonadas. É normal, foi feita para isso. Vira notícia, mexe com as pessoas, vende. É um objetivo comercial que pode ser alcançado com bom gosto, caso de agora.

Gostei. Gostei mesmo. Achei interessante a combinação de verde com laranja, que lembra a antiga logomarca da Petrobras. Quando à mexida na heráldica do escudo, também não vejo problemas. Tudo é Fluminense: as letras, o contorno do escudo, as três cores de vitória, o velho cinza e branco, o laranja que veio com o tempo, o dourado que deixou o grená de 2012 ainda mais lindo.

Tudo é Fluminense. Tenho minhas preferências. O time todo de branco em fins dos anos 1970. O tricolor da Máquina. Esse atual está muito bonito. Pelo visto, trazer a Umbro foi um acerto da diretoria, que não gosta de críticas mas só agradece os elogios de sua claque. Dane-se. Está bonito assim mesmo. Se a branca fosse toda branquinha eu ia achar ainda mais legal. O uniforme todo, que a TV não deixa porque os jogadores se confundem com os shorts e meiões adversários, uma tese bastante elástica e discutível.

Tem jogo logo mais. Só queria dizer que eu gosto paca do Fluminense, desde muito tempo atrás, mais de 45 anos. Eu procuro o Fluminense nos meus botões de galalite e vidrilha, na bandeira que minha mãe fez, nos decalques que a gente comprava na Casa Mattos, no escudão que triplicava no velho placar de lâmpadas do ex-Maracanã, nos escudos bordados que a gente sonhava comprar para pregar numa camiseta Hering branca. Nas fotos, nas revistas Placar, nos arquivos dos jornais. Eu lembro da emoção de Gerson falando do Fluminense e contando do acidente com seu ídolo Castilho. Eu lembro do Seu Armando chorando ao falar do Fluminense e do Zezé organizando uma greve de torcedores, para protestar contra barbaridades feitas pelos dirigentes. Eu vejo reprises, pouco importando o resultado final, porque torço até pela vitória impossível num jogo que já acabou. Eu torço para o Fluminense.

Quase meio século depois, a camisa, o escudo e sua heráldica ainda mexem comigo. Com Gilberto Gil também: ele me contou do que sentia em fins dos anos 1940 e começo dos anos 1950. E se identificou ainda mais com José Veloso, o Seu Zezinho, um tricolor apaixonado que ouvia todas as partidas do Fluminense bem alto no rádio. De tanto ouvi-las, uma garota também se apaixonou pelo Tricolor. Seu nome é Maria Bethânia.

Se tem uma vírgula de Fluminense, uma breve lembrança ou ameaça de Fluminense na história, já me apraz e traz acalanto. Em dias difíceis como os que temos passado, toda pequena felicidade vale a pena. Eu gostei da camisa, ela é Fluminense. As letras imortais estão por toda parte, toda cor.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

#credibilidade

2 Comments

  1. A camisa está linda. Aliás, tudo no Fluminense é muito mais lindo que os outros. Eu gosto muito da camisa de 2010, aliás, tenho uma comprada no site do clube, que nem uso, porque é decoração.
    O simples fato de o Fluminense estar lá em cima na tabela com esse elenco triste, deixa evidente que o Flu, é diferente dos outros. Os outros são times de futebol, o Flu é muito mais que isso.

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