Se o Fluminense… (por João Leonardo Medeiros)

João Leonardo

Se Dourado não tivesse sido contratado, estaríamos agora com o Magno de titular e preparando o Pedro e o Richarlison para assumirem, o que se saísse melhor, a posição de centroavante no ano que vem. Vinha Magno no primeiro tempo e trocava para os garotos quando ele cansasse.

Se Marlon não tivesse sido doado ao Barcelona para abater uma dívida na negociação do Gerson, poderíamos agora testá-lo de volante, posição em que possivelmente renderia um grande jogador antes mesmo de recuar para a zaga.

Se o contrato de Pierre não tivesse sido renovado injustificadamente, não precisaríamos vez por outra vê-lo desfilar sua absoluta inutilidade em campo, abrindo assim espaço para testar o Marlon, o Marlon Freitas ou qualquer outro que saiba que a bola é redonda.

Se o Giovanni tivesse sido mandado embora quando seu contrato expirou, ano passado, não teríamos agora um peso morto no elenco. Na ausência desse peso morto, poderia ser contratado um titular para a posição, coisa que William Matheus não é. E, claro, poderíamos subir com calma Leo Pelé, sem afobamento, para ver se o lateral bem sucedido da base poderia render no profissional.

Se não tivéssemos empenhado uma grana mensal expressiva no Dudu, no Danilinho, no Maranhão e no Osvaldo, teríamos feito uma porção de coisa. Pelos meus cálculos, esses quatro somados dão mais ou menos uns 800 mil em salários, que era o valor do salário do… deixa pra lá.

Se não tivéssemos posto todas as fichas, ano passado, num lateral direito que não atuava regularmente há dois anos como solução da posição para esse ano, não teríamos que aturar o reserva mediano (para fraco) Wellington Silva como titular absoluto de uma posição importante do time.

Se o presidente não tivesse se empenhado pessoalmente para contratar Henrique – um zagueiro que, acredito eu, ele jamais havia visto jogar regularmente –, teríamos hoje uma zaga com Gum e Renato. Marlon, Nogueira e até Edson e Marlon Freitas seriam excelente opções e, claro, teríamos cerca de 9 milhões de reais nas contas das Laranjeiras. Daria para concluir a única parte do CT que tem não apenas potencial de desenvolvimento esportivo (isso as outras todas também têm), mas também de prover retorno financeiro: a hotelaria (posto que o clube pouparia com eventuais concentrações).

Se Osvaldo não tivesse sido contratado, se não tivesse sido mantido no elenco esse ano, teríamos agora a oportunidade de preparar o que parece ser um ótimo jogador, o Paulinho, do sub-20. Fred viu e gostou do que viu. Muita gente disse o mesmo. Agora, base é uma coisa, profissional é outra completamente diferente. Mas a gente poderia testar com calma o potencial do garoto.

Se o Fluminense não tivesse trazido o rapaz de 10 milhões de reais (por metade dos direitos econômicos), que ainda é absolutamente imaturo no futebol, talvez pudesse trazer um jogador já formado, de qualidade bem razoável, dentre aqueles que estavam à disposição no mercado sulamericano (ou mesmo no Brasil). No mundo do futebol, 10 milhões ainda são uma grana expressiva e nós precisávamos de um jogador para hoje, para ontem, pois para amanhã já fizemos um igual em Xerém (Pedro).

São muitos “se’s”, muitas conjecturas, muitos raciocínios do que poderia ter sido feito se outra coisa não tivesse sido feita antes na montagem do nosso inchado e ainda assim deficiente elenco. Alguém vai sempre dizer, em favor da gestão de futebol do clube, que erros acontecem, isso é do jogo etc. Com muita boa vontade, poderia aceitar o argumento em parte, porque o que está em questão não são os erros, mas seu volume e sua repetição cansativa. Pior, o que está em jogo é sua previsibilidade.

Vejam só, quando foram contratados Dudu, Maranhão, Danilinho, William Matheus, Wellington Silva, Pierre, Dourado etc., a maior parte da torcida chiou, reclamou. Ninguém se empolgou com essas contratações. Quando se renovou com Pierre e com Giovanni, todo mundo achou um absurdo. Quando se contratou Wellington Paulista, ainda jogador do Flu (não esqueçamos), a maioria absoluta da torcida achou um erro grosseiro. Quando se preservou Osvaldo no elenco desse ano idem. Em todos esses casos, a torcida estava certa, em absolutamente todos. Será que os homens da gestão do futebol não poderiam antecipar o desperdício de recursos com esses jogadores?

Para não dizer que não houve acerto algum, posso dizer que Wellington foi uma boa sacada e uma grata surpresa, Renato Chaves idem, e a própria volta do Magnata se demonstra efetiva. Aliás, tem outro acerto decisivo: se Eduardo Baptista não tivesse sido demitido e Levir Culpi contratado, a gente provavelmente estaria agora rumo à segunda divisão. Para mim, é pouco para tanto investimento, para tanto erro, para justificar a gente bem remunerada da gestão do futebol. Se era para errar assim nessa escala ciclópica, repetidamente, era melhor consultar diretamente os palpiteiros da torcida. Na média, eles têm acertado mais.

Hoje, nosso principal jogador é o imponderável. Que ele jogue a nosso favor.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: jole

6 Comments

  1. Caro João Leonardo,

    mais um texto que aponta de maneira objetiva alguns dos crassos erros de “nossa” diretoria. A incompetência e o amadorismo são tão evidentes, que, às vezes, me questiono se não há uma pitada de má-fé em algumas condutas, para favorecer alguns interesses pessoais. E o pior é que não vejo qualquer candidato que possa mudar este terrível cenário obscuro, que tomou conta do clube. Outra coisa que me indigna é a falta de humildade para assumir os erros praticados. Parabéns!…

  2. Perfeito. Assino embaixo sem tirar uma vírgula sequer. Abraços.

  3. Concordo sim contigo,é muita inconpetência junto. Eu ainda acrescento mais uma. O empréstimo do promissor Danielzinho, que tinha jogado algumas partidas no time de cima, sem fazer feio , arrumando o meio de campo com personalidade. Desconfio que o Levir não gosta de aproveitar ninguem da base, ou sofre algum tipo de preessão.
    ST

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