São Paulo Victor e a FluCaicó (por Eric Costa)

Na noite do último sábado (25), a FluCaicó, grupo de amigos torcedores do Fluminense em Caicó – RN, promoveu o primeiro “Encontro com o ídolo”. O sertão potiguar foi visitado pelo eterno goleiro tricolor Paulo Victor, campeão brasileiro em 1984 e tricampeão carioca na década de 1980, que, com a simpatia e bom humor que lhes são peculiares, fez daquele 25 de julho uma das noites mais felizes de muitos tricolores da região.

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O evento, que lotou de tricolores o melhor restaurante local, foi marcado pela emoção de todos os presentes desde a entrada no espaço do evento, que caprichosamente estava decorado por nós organizadores com as três cores que traduzem tradição. Entretanto, foi a aguardada aparição do ídolo Paulo Victor que fez corações tricolores recordarem com alegria as façanhas de um herói quase intransponível da história do Fluminense. A cada olhar ao lado, entre mãos trêmulas segurando câmeras, rostos avermelhados e lágrimas escorrendo, víamos a velha guarda de nossa torcida realizar um sonho. Víamos senhores de 50, 60, 70 anos não se conterem e irem abraçar nosso goleiro como uma criança que entra em campo com seu ídolo. Víamos, enfim, algo que a nós, diretores da FluCaicó, compensava com sobras o esforço realizado durante meses para a viabilização do projeto.

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A noite, que contou com vídeos dos melhores momentos de Paulo Victor com a camisa tricolor, reviveu também as imagens os grandes títulos da década de 80, com comemorações efusivas a cada bola na rede. Os tricolores presentes puderam também matar a curiosidade sobre os bastidores da carreira do ídolo, suas opiniões sobre o futebol atual e constatar a belíssima relação de amor entre o eterno goleiro e o Fluminense. “Jogar no Fluminense foi a maior alegria da minha vida”, disse Paulo Victor, sendo aclamado com aplausos.

O evento foi também solene e cultural. Grandes tricolores da região foram agraciados com a comenda “Júnior Queijeiro”, que remete a um grande amigo tricolor da cidade que faleceu no ano passado.

Mas o encontro com o ídolo também se marcaria por belas homenagens àquele guerreiro intransponível. E foi aí quando pudemos nos emocionar e dividir olhos marejados com Paulo Victor: Seu Adebal (foto), artista local, que batizou seu filho (hoje com mais de 20 anos) como Paulo Victor, declamou versos de cordel ao goleiro, narrando toda trajetória do arqueiro.

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Chegou, então, minha vez de entregar uma simples homenagem que planejei: a carta ao ídolo, cujas palavras tive a felicidade de perceber terem tocado nosso ídolo:

“Paulo Victor,
Assim como os atacantes nos gramados de décadas atrás, linhas e páginas apequenam-se diante de você, um ídolo de tamanha grandeza e importância.

Nasci em um fim de Setembro de 1992. Por acaso de alguns anos, não tive a honra de, das arquibancadas, vê-lo jogar com a camisa tricolor. Mas ao invés de telas de televisão ou computadores, “assisti” suas atuações muito antes. Eu as vi do alto das asas de minha imaginação na infância, quando meu pai contava histórias de um goleiro com alma de guerreiro muito antes de o Fluminense ser assim conhecido. De um herói intransponível em vários jogos, que corria de baliza a baliza no aquecimento e voava livremente entre elas a cada defesa de nossa meta como um verdadeiro guardião.

Com a licença divina e poética de adaptar as palavras de Nelson Rodrigues, você, Paulo Victor, é único por já vestir o verde, o branco e o grená desde quarenta minutos antes do nada. Muitos já vestiram e ainda vestirão nossa camisa. Seu grupo, porém, é seleto. Você tem a camisa como a própria pele e possui a alma pintada daquilo que nosso hino, a mais bela poesia de toda a eternidade, traduz: a paz, a esperança e o vigor e amor ao Fluminense a cada gesto de sua vida.

E é no pavilhão e na galeria de heróis deste clube de vocação para a eternidade que é o Fluminense Football Club em que você será para todo sempre uma imagem a se espelhar e admirar.

Estas são palavras escritas por mim, mas que enuncio junto a meus amigos da FluCaicó na plena certeza de que representam o carinho e amor de toda a torcida tricolor por você.

Obrigado por tudo.”

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Entregar essas palavras e enuncia-las diante tanto de um ídolo quanto de uma plateia de tricolores e em evento no qual o suor meu e de meus amigos estava presente foi uma experiência que carregarei para sempre.

É bonito ver uma lenda viva de nossa história se emocionar conosco e dizer o quanto a festa era especial, brindando com ele pelo restante da noite. É inexplicável proporcionar alegria a tantos da velha guarda de nossa torcida, que realizaram o sonho que talvez não tenham concretizado na juventude pela distância geográfica.

É, enfim, ser Fluminense ter a paz de espírito, o vigor na dedicação e a esperança ao nos sacrificarmos e encararmos o desafio de construir entre dificuldades esse momento com espírito de conjunto – e repúdio a individualidades – carregando objetivo maior de promover o clube tanto amado por nós.

Obrigado por nos mover tanto assim, Fluminense. Obrigado, Paulo Victor, por mais do que o ídolo que mostrou ser: pelo amigo generoso, bem-humorado e fidalgo que estendeu a mão a nós nestes três inesquecíveis dias de convívio.

O sertão potiguar, então, virou mar. Inundou-se nas lágrimas de emoção de todos nós por um 25 de julho inesquecível e eterno.

Saudações tricolores

(*)

“O que acompanhar o Fluminense te traz de bom?”. Como bem me falou o meu amigo Jefferson, este evento ajudou ainda mais a responder isto . Uma das boas coisas que ele me traz são os amigos e dentre eles esses dois da foto que me orgulho de estar ao lado: Jefferson e Cristiano Manoel. Somado ao sacrifício de seu tempo de sono, de lazer e dedicação às famílias etc durante três longos meses, apenas nós mesmos sabemos o quanto nos esforçamos na última semana: quatro horas de sono no máximo durante vários dias, mais de 1200 km rodados para levar e trazer nosso ídolo entre aeroporto e Caicó e tantas outras histórias, com a incrível capacidade de sempre sorrirmos durante isso. Mais eventos virão e contem comigo da mesma forma com que conto com vocês na minha formatura daqui a dois anos lá em São Luís!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @ericmcosta

Imagem: ec

LIVRO LUCIO E RODO

 

3 Comments

  1. “Tricolor em toda Terra, amor igual não se viu”. Quantidade não que dizer qualidade!!! Somos maiores do que os números dizem. Me emocionei lendo, imagino quem estava presente. ST!!!!

  2. caro Eric,

    parabéns pela iniciativa e pela belíssima declaração de amor ao Fluminense Football Club. A todos que viajamos pelo Brasil é evidente a enorme legião de apaixonados – dos quais muitos jamais terão a oportunidade de subir a rampa do maracanã – pelas três cores que traduzem tradição. Parabéns a todos da Flu-Caicó e a todos os tricolores deste imenso pais !

    forte abraço e ST!!

    p.s.: que bom seria se essas palavras inspirassem nosso dpto. de marketing…”demandons…

  3. Show, Eric! Imagino a sua emoção. Tive o privilégio de acompanhar (de longe – sou de Fortaleza) toda a trajetória do grande Paulo Victor no nosso amado Fluminense. Que geração vitoriosa aquela! Sem dúvida, muitas das vitórias foram possíveis graças as defesas inimagináveis no nosso goleiro.

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