Em jogo que fecharia a sexta rodada deste Brasileirão, os Tricolores travaram um ótimo duelo no Morumbi, hoje Morumbis, por conta da venda do nome para um patrocínio de empresa de chocolate, ou algo parecido.
Dentro da zona de rebaixamento, o Fluminense se deu ao luxo de jogar com alguns reservas nos onze iniciais, fazendo lembrar aquele catadão de 2008, quando brincar-se-ia no certame nacional.
Fernando Diniz parece ter se perdido, como Presto em ‘A caverna do dragão’, série animada em que um punhado de adolescentes, presos em um mundo encantando, tentavam encontrar o caminho de volta para casa, mas sempre eram distraídos pelas palestrinhas do Mestre dos magos e pelo Vingador, personagem vilão que agoniava a vida do bando.
O paralelo entre Presto e Diniz é que, assim como o menino de verde, aprendiz de feiticeiro, vivia tendo excelentes e excêntricas ideias para ajudar nas missões, mas toda vez que usava sua cartola, era um desastre: as coisas nunca saiam como o planejado.
Eu nem preciso dizer quem é a figura bonachona do velhinho que ganhava a vida na série a realizar charadas para os meninos, mas o fato é que, toda vez que ele poderia indicar o caminho exato para que saíssem daquele umbral, dava no pé, desaparecia, deixava a gente a falar sozinha.
Falando do campo e bola, porque teve, sim senhores, foi divertido e competitivo, eu não disse para quem.
O Fluminense, poupando os donos do vestiário, conseguiu competir contra os donos da casa, que estão invictos desde que seu novo treinador assumiu, já são seis jogos, com cinco vitórias e um empate.
Enquanto isso, o Time das Laranjeiras não consegue emplacar uma boa sequência, está em arritmia nesta temporada, mas já vinha ralentando desde o final da passada, quando conquistara a Libertadores e viajara até Jeddah, na Arábia Saudita, para jogar contra o melhor time da atualidade (talvez não), o Manchester City, cujo treinador Pep Guardiola, trabalha tanto sua equipe com intensidade e consistência, visando sempre a perfeição.
Keno que voltava de longo período de lesão, arrancou com a bola, mas na jogada, Igor Vinícius do São Paulo, marcou contra sua própria meta, deixando o Flu sair na frente na noite paulistana.
Muito embora, fosse o Tricolor Paulista quem chegava mais, e chegou, após Fábio entrar em desalinho com a bola nos pés, deu de bandeja para Juan que entregou ao companheiro mais centralizado, Damián Bobadilla mandou para o fundo do gol, com Fábio tentando recuperar a passada tentando sair na fotografia.
Antes de terminar a primeira etapa, Diniz deu de encrencar com seu ex-pupilo Luciano – este queria bater rápido um lateral cedido por Manoel, que tocou a bola pra fora e caiu no gramado para ser atendido. No entrevero, após bater boca como um desorientado, acabou expulso, enquanto o camisa dez da equipe paulista recebeu o amarelo. Assim quer a CBF, que os árbitros sejam mais rígidos com os personagens de fora das quatro linhas.
A segunda etapa foi quase toda marcada pelo Fluminense tentando encontrar algum rumo, não sei se de Presto e seus amigos Eric, Diana, Sheila, Uni, Bobby e Hank, os rapazolas que nunca desistiam de buscar uma fuga daquele mundo que parecia infinito, em dimensão e em sofrimento.
O castigo viria, antes em gol de Luciano anulado, pois Galoppo, na jogada, fez a carga em Lima, para tomar a bola dele dentro da área.
Mas depois, de forma tranquila, quando em cruzamento para área vinda de um escanteio, a bola passou por muita gente até chegar em Arboleda, que empurrou para as redes, marcando a virada do paulista contra o carioca, os tricolores que hoje vivem momentos distintos.
Sinceramente, essa tentativa de voltar a jogar da mesma forma que jogou um dia, não vai rolar. As coisas, as pessoas, tudo muda. Precisamos urgentemente nos livrarmos de 2022-2023, as lições são muitas. O que deu certo naqueles momentos, com as pessoas envolvidas, tendem a não beirar o mínimo aceitável com o novo grupo que se forma.
Fernando Diniz, com sua formação em Psicologia deveria saber isso de cor e salteado. Eu que apenas tive a disciplina quando cursei meu ensino médio e técnico na sucateada FAETEC (Quintino), gravei na memória e nunca mais esqueci, sobretudo dos conceitos de formação de grupos, dinâmicas etc.
Meu temor é ficarmos fazendo vidinha das memórias boas que já estão emolduradas no passado. Há de se viver o hoje e planificar o futuro com muita urgência. Assim como diziam Cazuza e Caymmi, o tempo não para; ele sabe passar e eu não sei.
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SÃO PAULO 2 x 1 FLUMINENSE
Campeonato Brasileiro 2024 – 6ª Rodada
Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbis) – São Paulo-SP
Segunda-feira, 13/05/2024 – 20:00 (Brasília)
Arbitragem: Anderson Daronco (Fifa-RS), Assistentes: Lucio Beiersdorf Flor (RS) e Tiago Augusto Kappes Diel (RS), Quarto Árbitro: Emerson Ricardo de Almeida Andrade (BA). Árbitro de Vídeo: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (VAR-Fifa-RN)
Cartões Amarelos: Rodrigo Nestor 9’, Alisson 34’, Luciano 45’+7’, Igor Vinícius 58’, Erick 90’+4’ (SÃO PAULO); Lima 22’, Manoel 24’, Alexsander 55’ (FLUMINENSE)
Cartões Vermelhos: Fernando Diniz 45’+7’ (FLUMINENSE)
Gols: Damián Bobadilla 32’, Robert Arboleda 83’ (SÃO PAULO); Igor Vinícius [Gol Contra] 29’ (FLUMINENSE)
SÃO PAULO: 23-Rafael; 2-Igor Vinícius, 5-Robert Arboleda, 28-Alan Franco e 36-Patryck (6-Wellington 90’+1’); 25-Alisson, 21-Damián Bobadilla (8-Giuliano Galoppo 60’) e 11-Rodrigo Nestor (18-Rodriguinho 60’); 17-André Silva (47-Ferreira 78’), 31-Juan (33-Erick 60’) e 10-Luciano©. Téc.: Luis Zubeldía. 4-3-3
FLUMINENSE: 1-Fábio©; 77-Marquinhos, 26-Manoel (13-Felipe Andrade 46’), 25-Antônio Carlos e 6-Diogo Barbosa (12-Marcelo 85’); 5-Alexsander, 8-Martinelli (9-John Kennedy 46’) e 45-Lima; 11-Keno (23-Guga 78’), 21-Jhon Arias e 19-Kauã Elias (80-David Terans 78’). Téc.: Fernando Diniz. 4-3-3
…e para desespero daqueles que acham que o problema se limita aos veteranos, vimos que Diogo Barbosa, Guga, Alexander, Antônio Carlos e Felipe Andrade, ora foram inoperantes, ou catastróficos.
PS: Torço para que após a classificação para a próxima fase da Libertadores, o Diniz entenda que precise descansar e entre em acordo para o seu desligamento do comando técnico, porque se depender do Mário Bittencourt ele fica até o time alcançar a série B.