Santas recordações (por Paulo Rocha)

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Após estrear bem no Campeonato Brasileiro batendo o campeão mineiro em seus domínios, o Fluminense tem outra desafiadora missão neste sábado, agora em Volta Redonda: superar o embaladíssimo Santa Cruz. Campeão do Nordeste, de Pernambuco e vindo de uma goleada sobre o Vitória na rodada inaugural, a equipe “cobra-coral” exigirá muito dos comandados de Levir Culpi. Olho vivo e atenção especial com Grafitte, um goleador que não costuma perdoar bobeadas dos defensores adversários – e lembremo-nos que é justamente o setor defensivo o nosso calcanhar de Aquiles.

O duelo desta rodada me traz à memória três partidas nas quais estive presente, todas disputadas no Maracanã e pelo Campeonato Brasileiro. Foram três vitórias, duas delas bem apertadas, e uma goleada inesquecível, cujo personagem principal pode até, imaginem, voltar a ser protagonista no duelo deste fim de semana.

O primeiro jogo a que me referi ocorreu em 1988. Eu estava na geral – ah, que saudade da geral, local sagrado no qual vivi tantas emoções em minha infância e adolescência. Lá, quando ocorria um pênalti ou uma falta a favor do Fluminense, corríamos para trás do gol para podermos observar a cobrança de um ângulo especial e exclusivo. Além disso, dividíamos a comemoração dos gols com os jogadores que corriam em nossa direção para confraternizar. Naquele dia, vivenciei bem esse aspecto, afinal, com dois gols de Edinho, um em cobrança de falta e outro batendo pênalti, o Flu venceu o Santa Cruz por 2 a 1.

Outra vitória apertada foi em 2001 – desta vez, eu estava na Tribuna de Imprensa. Após abrirmos 3 a 0 com relativa facilidade – um gol contra, um de Paulo César e outro de Roni -, bobeamos na segunda etapa e permitimos que os pernambucanos marcassem duas vezes na reta final da partida. E só não empataram devido ao fato de Grafitte, o mesmo que reencontraremos na partida deste sábado, ter perdido um chamado gol feito no que os locutores de rádio chamavam de “apagar das luzes”.

E por falar em reencontro, me permito voltar um ano no tempo para exaltar outro goleador. Numa noite de quarta-feira (ou seria quinta, não importa), eu trajava camisa tricolor e estava na arquibancada do Maracanã. Fui levado quase ao êxtase ao ver in loco, pela única vez em minha vida, um jogador marcar cinco gols em uma só partida. O nome dele? Magno Alves, o mesmo Magnata que, já veterano, voltou recentemente às Laranjeiras. Goleamos por 6 a 1, cinco de Magno e um de Roni. Inesquecível.

Às vésperas de mais um duelo com o Tricolor do Recife, fico feliz em poder dividir com os leitores deste espaço lembranças destas partidas. Tomara que possamos somar mais uma vitória, mas digo desde já, não será fácil. Como jamais foi, exceção feita à noite em que Magno Alves escreveu seu nome na história do Fluminense. E eu, privilegiado, estava lá. Que a torcida tricolor vá em bom número ao Raulino de Oliveira, afinal de contas, história pode ser feita mais uma vez.

Panorama Tricolor

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Imagem: paro