Para as noites insones de Roger Machado (por Owerlack Junior)

O ano é 2021, mas muita gente continua a ver futebol como nos anos 1960, onde o 5 era o cabeça de área, o 6 o lateral esquerdo, o 8 o meia e o 10 tinha que ser o craque do time.

Imagina essas pessoas vendo a Holanda em 1974, onde o craque, um tal de Cruijff vestia a 14 e o artilheiro da Copa, Muller, usava a 13?

Quando os laterais viraram alas, foi um escândalo. Consequência, logo se transformaram em meias armadores de sucesso.

Se paradigmas não tivessem sido ultrapassados quantos craques teriam a carreira abreviada por falta de pernas para correr atrás de pontas?

No jogo contra o Botafogo, Roger escalou três jogadores no meio que podem transitar nas posições de meio. Como têm atuações destacadas como volantes, foi a senha para afirmarem que o Fluminense jogaria com três volantes.

Era como tivéssemos jogado com três camisas 5.

Vamos quebrar paradigmas minha gente.
Pensar fora da caixinha, sair do lugar comum.

O time que vem vencendo nos últimos anos joga com um armador de volante, um volante de zagueiro, outro de meia e ninguém tem a intensidade de jogo deles.

Os três jogadores do Fluminense escalados no meio nesse sábado, atuaram obedecendo uma estratégia tática em que um fazia a proteção e os outros dois flutuavam no meio, fazendo jogada com Kayky ou Nenê pelas pontas, chegando na área para finalizar ou infiltrar no espaço que deveria ser aberto com o deslocamento do Fred.

Deu certo? Essa é outra questão.
Me agradou, embora Nenê aberto na esquerda não tenha conseguido jogar e Fred, muito parado, só tenha aberto o espaço uma vez no jogo.

Em compensação, tivemos nosso melhor desempenho nas roubadas de bola na média pressão no campo adversário e Wellington, Yago e Martinelli concluíram a gol mais vezes que em outros jogos.

Essa tentativa do Roger é fruto da nossa carência em relação ao homem de passe vertical, que torne nossa transição veloz e crie jogadas de profundidade.

Já se tentou Nenê, mas ele nunca foi esse jogador em clube algum. Ganso não tem mais o que se falar. Luiz Henrique, forte e habilidoso, carece de ter uma tomada de decisão eficiente. Erra quase sempre no último passe.

Chegou-se na tentativa do Martinelli, tem bom passe, habilidade, visão de jogo, mas precisa correr certo para desgastar menos.

Quinta-feira que vem começa o nosso ano, ainda tem jogador para estrear.

O encaixe desse time passará pelo que Roger tem em mente em relação ao aproveitamento de Nenê. Considero este importantíssimo nesse Fluminense, mas isso não significa titularidade absoluta ou impossibilidade de ser substituído. É jogador para ser utilizado com inteligência.

É aí que Roger terá que perder o sono até quinta.

O River tem um método de jogo aprimorado por um trabalho de cinco anos de Gallardo. Alterna bem média pressão e transição rápida. Mas seu sistema defensivo precisa de dois cães de guarda para compensar a lenta zaga.

Talvez o retorno de Luiz Henrique, com Kayky e Fred seja o ideal nesse jogo, mas é Roger quem tem de perder noites de sono…