Ambição e planejamento se pagam com resultados de campo (por Raul Sussekind)

Foi publicada hoje matéria do ge.com mencionando que a possível classificação do Atlético-MG à final da Libertadores lhe renderia premiação que pagaria metade da folha ANUAL de salários do clube. A atual folha do Atlético-MG certamente não é baixa. Isso me fez pensar…

Montagem de elenco é TUDO. Se o Fluminense tivesse sido minimamente ambicioso e eficiente neste ano, enfrentaríamos o Flamengo na quarta-feira. E com chances reais de vitória. Mas a montagem desta temporada foi das mais infelizes em muitos anos. E vejam que não faltam exemplos de montagens ruins nas últimas (muitas) temporadas. David Braz, Rafael Ribeiro, Wellington, Hudson (o retorno), Bobadilla, Hernandez, Alexandre Jesus… Com muito boa vontade, salvam-se Samuel Xavier e Manoel (a despeito da trajetória descendente de ambos em suas carreiras). Mas evidentemente havia nomes infinitamente melhores do que ambos, mais jovens, em melhores momentos.

Cazares fica como uma aposta que não critico mas que não deu certo. Nonato e Arias, mesmo que funcionem, chegaram tarde. Se ao invés de TODOS esses jogadores, tivéssemos focado em 3 ou 4 nomes que chegassem pra jogar, disputaríamos com chance o título da Libertadores.

A base que terminou o Brasileiro de 2020 era boa. Fizemos a melhor campanha entre os 20 clubes nos últimos 10 jogos. Falou-se em Roger Guedes. Não teria vindo porque ganhava um milhão. Quanto ganham, juntos, Bobadilla e Abel? Não valia investir em Nacho? Zaracho? Não valia o risco diante desta premiação fantástica? Reforços mais modestos? Fernando Sobral e Lima, do Ceará. Éderson, do Fortaleza. Nomes havia.

O meio de campo era a maior carência. Não veio ninguém. Ataque? Abel, um jogador que era lançado a cinco ou 10 minutos do final pelo Inter. Bobadilla, um atacante com sobrepeso também já próximo do ocaso da carreira. Lateral esquerda? Ninguém. Goleiro? Nada. Um atacante de velocidade? Zero. Os contratados, ruins, medianos, ainda impedem que garotos talentosos sejam lançados. Quando um Matheus Martins vai jogar? Um João Neto? Desanima repetir todo ano a mesma ladainha, mas das duas uma: ou há motivos sobre os quais não podemos escrever sem provas, ou há incompetência abissal. Nos dois casos, a tristeza é imensa porque seguiremos com nosso pequeno Napoleão por anos ainda. Uma pena.

Enquanto o Atlético-MG lutará pela sua segunda Libertadores em uma década, e Palmeiras e Flamengo lutarão pela segunda em três anos, o Fluminense também se encaminha para sua América. Aquela de Campos Sales, que já foi grande, e hoje é apenas um retrato na parede e um punhado de boas lembranças.

Minha filha de 15 anos adora o Fluminense, mas o Fluminense que ela conhece é um time médio, caminhando para ser pequeno.

Obrigado, Peter. Obrigado, Abad. MUITO OBRIGADO, Mário. Vocês conseguiram transformar um gigante em um clube (decadente) de bairro.

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