Que seja o clássico da paz (por Felipe Fleury)

vasco flu rivellino 10 08 1975

Desde que reassumiu o Vasco, Eurico Miranda tem sido o protagonista de uma triste história de recalque, “dor de cotovelo”, que é totalmente incompatível com o verdadeiro espírito desportivo. Através de bravatas e blefes, tenta reconquistar, pelos métodos escusos dos idos tempos do autoritarismo, o posicionamento de sua torcida no lado do direito do Novo Maracanã.

Imagino que isso pouco importa a Eurico, assim como pouco importava a Roberto Dinamite, ex-presidente vascaíno. O imbróglio só ganhou toda essa notoriedade porque o dirigente o utiliza como uma forma de esconder os problemas técnicos e financeiros que o seu clube já vive há tempos. E, como gosta de conflitos e provocações, aproveitou o ensejo para direcionar as suas baterias contra o Tricolor.

Com o respaldo de Rubinho, fez o que quis no finado campeonato carioca, que o seu time só conquistou – diga-se de passagem – com a ajuda inestimável do presidente da FERJ. Desde o início do Brasileiro, porém, Eurico tem colecionado derrotas. Em campo e fora dele.

E aí torna a carga com o argumento do direito histórico de sua torcida no Maracanã. A Justiça não lhe deu ouvidos, como não poderia deixar de ser. O argumento é tão raso que se pode considerá-lo no volume morto das mais inconsistentes das pretensões jurídicas. Mas a sua estupidez, ao contrário, não tem limites. Inconformado, através de manifestações de caráter intimidatório, tenta fazer valer o seu suposto direito à força.

Portanto, o jogo desta tarde contra o Vasco deve cercar-se de cuidados. Não haverá invasão, nada disso. E a Polícia estará alerta nos arredores do estádio. De qualquer forma, a prudência recomenda que tricolores não estejam desatentos.

Mas eu não me refiro somente aos cuidados extracampo. O medíocre time vascaíno, insuflado pelos recentes acontecimentos – inclusive a perda do craque R10 para o Flu – pode transmudar-se dentro de campo.

O histórico de confrontos contra o Vasco não nos dá a confiança necessária para dizermos que somos favoritos, até porque, em clássicos, não há favoritismo. Embora o Fluminense esteja em posição privilegiada na tabela, nenhum prognóstico pode ser feito.

A violência estimulada por Eurico pode vir de seus próprios jogadores. Assim, para derrotar os vascaínos, será preciso mais do que qualidade técnica. Será preciso redobrada vontade para suplantá-los dentro de campo.

Além de os torcedores vascaínos que forem ao estádio terem a iluminada visão da nossa torcida do lado direito das cabinas de rádio, outro ingrediente poderá deixá-los, pode-se dizer assim, mais “chateados”. A apresentação de Ronaldinho Gaúcho à torcida tricolor antes da partida poderá servir também à equipe do Vasco como fator motivacional extra: estragar a nossa festa, impondo-nos uma derrota, seria um bálsamo para o mafioso da colina.

Eu preferiria que a apresentação do craque fosse realizada nas Laranjeiras, com venda de títulos de sócios, camisas personalizadas e dia de autógrafos com o craque. Mas também não critico a diretoria, que encontrou uma forma de incrementar o jogo e inflar a renda.

Só espero que o clima de festa termine antes de a bola rolar e continue após o apito final, com uma contundente vitória tricolor. Afinal de contas, nos últimos embates fora das quatro linhas saímos vencedores, mas é preciso que vençamos, também, o principal deles, com a bola rolando.

Esta será a principal resposta ao desequilíbrio e à insanidade de Eurico Miranda.

Mais do que uma vitória tricolor, eu torço, contudo, por uma tarde de alegrias e festa. Torço, também, para que todas as bravatas do dirigente irresponsável transformem-se em palavras ao vento e não estimulem qualquer ato de hostilidade, dentro ou fora de campo, porque o futebol não se coaduna com a violência, sobretudo quando instigada por quem deveria zelar pela paz no esporte.

A intolerância está nas mentes dos ignorantes, ou dos que fingem sê-los para alcançar seus propósitos abjetos.

Independentemente do resultado, se a paz reinar nesta tarde de domingo, todos seremos vitoriosos, tricolores e vascaínos. Portanto, a maior derrota de Eurico será a vitória do desporto, com um domingo de harmonia e sem conflitos no futebol.

Que hoje sejamos, portanto, adversários, nunca inimigos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: o globo

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