Quanto vale a laranjinha? (por Gustavo Reguffe)

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Parece que a nova camisa do Flu veio para ficar. Se não para sempre, pelo menos até a próxima invenção da equipe de designers de nossa fornecedora de material esportivo. Não pretendo expressar aqui tradicionalismo extremo, acho até que mudanças são bem-vindas, em que pese esta, em especial, significar a aposentadoria da camisa grená, uma das mais bonitas dos últimos tempos, em minha humilde opinião.

Acho até que esta terceira camisa atual, sobretudo em comparação com aquela outra laranja lançada no ano do centenário, está bem bonita.

Além da aceitação pela torcida, que já vem mudando o colorido das arquibancadas nos últimos jogos do Flu, a laranjinha deu sorte, não apenas estreando com vitória, mas também coincidindo com um período de recuperação do time na tabela.

Talvez meu comentário inicial tenha raízes um pouco mais profundas. Talvez não seja apenas uma questão de cores; talvez não seja tanto a forma, e mais o conteúdo.

Sou de uma época em que as camisas dos clubes de futebol estampavam nada mais do que as cores e o escudo de cada agremiação. E, desnecessário dizer, eram muito mais bonitas.

Afora a questão estética, o assunto é mais complexo do que parece, e nem é minha pretensão aprofundar demais a análise aqui neste espaço. Mas, num momento em que certos clubes tradicionais chegam a estampar quatro marcas diferentes em suas camisas e calções (!), acho válida a discussão.

É justo que determinada patrocinadora, em troca do suporte financeiro ao clube, espere o devido retorno no aumento da divulgação de sua imagem. Mas até que ponto é saudável esta relação?

Por que o torcedor para caro para usar a camisa oficial de seu clube, sendo obrigado, (in)diretamente, a fazer propaganda desta ou daquela empresa? E se, por exemplo, o clube trocar o patrocínio pela empresa concorrente? Isso nos fará automaticamente consumidores da nova marca?

Em suma, será que estamos reféns de um modelo clube/empresa que não tem mais volta? Será que um dia teremos um panorama alternativo em que o clube possa vir a ter mais independência financeira? Se não, será que ao menos será possível amenizar os efeitos do marketing desenfreado, que põe seu nome do boné aos fundilhos dos uniformes?

Não vejo hoje respostas definitivas para estas questões; talvez eu esteja atrás de um mundo utópico; no mais, são apenas divagações saudosas de alguém que desde cedo se apaixonou pela força da camisa tricolor, apenas com o número branco nas costas e o escudo no peito. E que ficava ofuscado diante da bela camisa toda branca, também tantas vezes campeã.

Ah, em tempo, vou encomendar minha laranjinha, assim que repuserem os estoques…

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

DR DISCUTINDO RELAÇÕES by .

4 Comments

  1. RESPEITANDO AS OPINIÕES DIVERSAS, ACHAR QUE ESSA CENOURA VAI COLORIR O MARACANÃ, É MUITA PRETENSÃO, GRAÇAS A DEUS QUE A FEIRA AINDA NÃO PEGOU, POIS VEJO POUCAS CENOURAS NAS BANCAS, QUERO DIZER CADEIRAS DOS ESTÁDIOS, QUANDO FOI ESTREADO, QUASE QUE FUI EM EMBORA, POIS PENSEI QUE FOSSE UMA PRELIMINAR COM O TIME DA COMLURB EM CAMPO, QUANTO A GRENÁ, ACHEI UMA CAMISA COMUM, SEM AS CORES TRADICIONAIS, NEM O ESCUDO TINHA COR, QUALQUER CAMISA DO FLU, POR MAIS QUE TENTEM VULGARIZAR, NÃO CONSEGUIRÃO…

    1. Cada um tem sua preferência, Desirée, eu também gosto mais da tricolor tradicional. Agora, que essa camisa laranja já está colorindo o Maracanã, isso é fato. Na semana retrasada, o estoque das camisas de tamanho M já tinha se esgotado em todas as lojas Adidas do Rio de Janeiro…

      Um abraço, ST

  2. Reguffe,
    também sou muito mais a grená… quanto ao suposto trabalho dos designers, acho que não deu muito não, basta ver o uniforme do Prass no Palmeiras. Pouco importa, gosto não se discute, se lamenta, o que importa é que colou e vai vender muito, eu tô fora, mas meu molequinho já está todo radioativo nas peladas.
    ST

    1. É isso aí, Zalu, no final das contas, a paixão acaba falando mais alto.

      Grande abraço, ST

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