Protesto & protestos (por Paulo-Roberto Andel)

Protesto! (1)

O time não foi bem como se esperava, a turba reclamou.

Acontece. Sempre aconteceu.

Tudo pacífico e longe da presidência.

Não achei que fosse o momento de bradar, mas o movimento de protesto merece meu respeito por resgatar um tema importante.

O contraditório.

A pluralidade de opiniões.

Não acho que protestar adiantaria, mas quem comprou o barulho têm lá seu direitozinho.

Lá foram os jovens devidamente para reclamar do que viram. Fecharam a porta. Também não acho que seja a melhor maneira de tratar quem sempre dá força nas arquibancadas. Se eu fosse o diretor, teria ido conversar com a turba.

O velho Fluminense ainda rumina.

Nas redes sociais, revolta e xingamentos.

Sinceramente, lamento quem veja tudo por uma via excludente: “São idiotas, não deveriam reclamar de outro.”

Continuo achando que as divergências são fundamentais. E ninguém pode ser chamado de idiota apenas porque diverge, claro. Quem acha que tudo o que não é a sua razão é coisa de idiota na verdade é o verdadeiro idiota.

Eu faria diferente? Sim. Bem diferente.

Mas o direito da turma sobre as devidas reclamações fez-se presente.

As coisas vão acontecer.

Precisamos ser mais plurais. Respeitar quem pensa diferente, não com intuito de ser rebelde sem-causa. Nada de violência e também cuidado na hora de se avaliar o que se protesta, ainda mais em ano político e bandeirinhas ao vento de vez em quando.

Eu faria bem diferente. Mas reconheço o direito da garotada.

O velho Flu ainda está de pé.

Hoje à tarde tem brasileiro. Começamos com pé direito, precisamos nos reinventar depois da derrota na Libertadores. Começar de novo, a nossa cara, a sina que nos inunda.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

3 Comments

  1. “Minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.”

  2. Prezado Andel,

    No mundo do futebol é sempre assim quando se fala em refletir, criticar ou protestar: “nunca é o momento”. Por isso, temos que respeitar a velha afirmação: o futebol é o ópio do povo. É o ópio, mas pode ser tambéma libertação.

    O velho Fluminense ainda rumina? O “velho Fluminense” não existe da mesma maneira que o “novo Fluminense” também não. O Fluminense é um só…

    O Fluminense é dos velhos, dos novos, dos antigos, dos modernos, dos reacionários, dos vanguardistas, dos esquerdistas, dos direitistas… mas se fizermos uma leitura na obra do maior cronista esportivo brasileiro de todos os tempos, o jornalista Mário Filho, veremos que “o Fluminense já nasceu velho”. E ele caracterizava isso como algo muito bom. Mário Filho em seus escritos ironizava o Botafogo, dizendo que este, nascera em oposição ao Fluminense. Vale lembrar que o Botafogo foi fundado por uma turma de adolescentes.

    Se fizermos uma leitura na obra do maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos, o jornalista tricolor Nelson Rodrigues, veremos que ele disse aos jovens: “Envelheçam! Envelheçam depressa!” Quem disse isso foi o Nelson Rodrigues, não eu.

    Dentro desta concepção de que “o velho Fluminense ainda rumina” podemos ter a equivocada compreensão de que “tudo o que é velho é negativo”. Existem muitas civilizações que aprendem e valorizam muito, com o que chamamos de “velho”. E não vi apenas jovens protestando por aí.

    O velho Flu ainda está de pé? Que maravilha! Temos 110 anos de excelência, com vitórias e derrotas espetaculares, com orgulhos e vergonhas inigualáveis. E eu quero todas elas. Todas as vitórias e todas as derrotas. Todos os orgulhos e todas as vergonhas. Mas acima de tudo TRICOLORES. Com 110 anos de FUNDAÇÃO.

    Pra terminar Andel, deixo umas palavras pra reflexão de quem criticou quem quis protestar. São palavras de um grande companheiro (dizem que ele era tricolor), que nos ensinou que já estamos distantes de tudo, pois temos o nosso próprio tempo, pois somos tão jovens…

    … Você é tão moderno, se acha tão moderno
    Mas é igual a seus pais
    É só questão de idade, passando dessa fase
    Tanto fez e tanto faz

    Nós somos tão modernos, só não somos sinceros
    Nos escondemos mais e mais
    É só questão de idade
    Passando dessa fase
    Tanto fez e tanto faz…

    ST,

    Eduardo Coelho

    1. Andel:

      Caro Eduardo,

      “O velho Fluminense ainda está de pé” é uma referência ao rei George V por volta de 1907, quando a polícia inglesa relatou-lhe as manifestações dos escoteiros pela Inglaterra no início do movimento. Muitos viam o escotismo como algo perigoso para a Coroa.

      Frase do rei: “Deixem lá. A velha Inglaterra ainda está de pé”.

      Ou seja, era cabível que os jovens mostrassem sua voz. E mostraram para sempre.

      O velho Fluminense, o novo Fluminense e vários Fluminenses existem dentro de Álvaro Chaves. E nenhum deles é dono da verdade absoluta.

      ST

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