Pra frente, pra frente (por Walace Cestari)

Quimporta se a vitória não veio batendo asas sobre os pampas? Tô criançando o olhar cada vez mais, fugindo das objetividades e das obviedades. Não quero mais muito saber só dos esquemas, treinamentos, pranchetas ou sequência de números. 4-3-3, 3-5-2,4-3-1-2, basta. 7-5-2 é a única sucessão numérica que ainda faz sucesso na memória dos meus pés infantis escolares.

E é nesse soslaio que vejo mestre Abel com olhos de fantasia. Um arauto da coragem. O que vi foi que encaramos de igual o Imortal lá na terra deles. Ao ataque, ao ataque. Esse conjunto é todo disposto ao combate, guerreirosos, corajeiros. Os gaúchos, que são também bons de pelea, equilibraram e foram bem mais felizes nas batalhas.

Não sou menticego de achar que o resultado tenha sido bom ou que tenhamos jogado bem. Não jogamos. Fomos dominados em boa parte do tempo. Mas isso é só uma verdade do jogo, não pega o espírito da realidade que é muito mais relevante: Abel é gostante de futebol. E o Fluminense de hoje joga futebol. Tem alegria nas pernas, busca o gol e não se acovarda.

Um começo fluminante, decerto, mas precisamos mais que gana. Mas não podemos ser a fleuma da esquemática. Vontática. É essa a chave. Ficamos presos pelo Grêmio porque sobram quereres onde faltam poderes. Precisamos de novas saídas, novas soluções. Sejamos múltipla escolha, necessitamos de alternativas. Caminhos, fundamentalmente caminhos.

É fácil sempre apontar ausências que se tornam presentes nas derrotas. Falhâncias diversas. O corpo do time é ainda inexato, manqueiro, porém quem não está vai também não estar mais adiante. E é assim que segue a vida. E vamos afinar os silêncios das faltas para que não se percam lugares para caber tantas ausências. Temos de saber o que temos e fazer os outros temer o que somos, pelo que treinamos, independente do guerreiro que envergue a Tricolor.

Esse é o único senão de todas as negativas que quero deixar de ter. Não teremos contratações e perderemos alguns dos nossos para o vil metal. Por isso devemos nos apoiar na jeitosidade do jogo coletivo. E nisso eu confio o olhar a Abelão. Vamos para a frente, vamos nos divertir, vamos jogar futebol.

Vamos ganhar, vamos perder. Mas eu gosto de ver o Fluminense jogar. E essa é a verdade das nossas quatro linhas. Todo o resto é detalhe. Virar jogo é coisa contada desde muitos passados. Vamos com sorrisos nas chuteiras, mesmo sabendo que a vereda é estreita, esguia e extenuante. Eu confio no Abel.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem:cw

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