A política, o momento e Pedro (por Márcio Machado)

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Se nos bastidores, como pude ficar sabendo, a crise tricolor segue bem viva, com um nível de disputa até infame, no aspecto externo a gestão tricolor pode comemorar algumas vitorias. Já há alguns jogos o presidente não é xingado, o tom da cobertura da imprensa ficou mais leve etc.

Tudo por um detalhe aparentemente bobo, mas que vem sendo a grande sorte dessa gestão, pode derrubar esse momento em um instante.

O torcedor não quer muita coisa no fim das contas: que cheguem jogadores (de preferência, bons), que o time jogue um futebol aceitável e ofensivo e que haja alguma perspectiva de taça à frente, por mínima que seja. Meio que por acaso, o pós-Copa esta ajudando nisso aqui.

Por exemplo, nunca sairia uma decisão administrativa de mandar embora Paulo Autuori e Abelão. O desgaste com a torcida e a questão salarial incentivaram as saídas e, com isso, conseguimos uma oxigenada na nossa maneira de jogar, irrigada com jogadores trazidos por um especialista nisso – o que tem um poder gigante de distrair torcidas e ocupar a imprensa com coisas mais relevantes na prática do que a política interna do clube. A Sul-Americana é uma perspectiva;  mesmo que ainda distante de título, ajuda nesse ciclo onde Abad vem passando as rodadas sem ser ofendido em coro.

Compare ao inicio da gestão com a austeridade de não contratar nada. Foi um mote para a imprensa, que passou à torcida e aí aproveitado por parte da oposição. O Flu do inicio de 2017 era melhor do que o de 2018 sem muita dúvida, vide o valor de saída de alguns jogadores. Ok, na prática a decisão de não contratar era correta já que não havia dinheiro nem pra pagar aquele elenco, quanto mais ele reforçado, mas o fato é que isso desanima e muito o torcedor.

Vejamos a demissão dos oito jogadores no início do ano. Em retrospectiva só dois conseguiram clubes do mesmo nível ou superior, mas porque estavam disponíveis. De valor mesmo eram o Ceifador (que foi muito bem negociado) e o Scarpa, que fez o que fez e está encarando uma batalha muito mais difícil do que esperava – ainda vai pingar um dinheiro disso para o clube. Por outro lado, erros de comunicação e execução das medidas transformaram um acerto da gestão num clube à beira do caos.

Portanto temos uma gestão nem pior, nem melhor que a antecessora que a gerou. Possui os mesmos problemas de não conseguir ser competitiva no futebol, de afundar o clube em mais dividas, de ser péssima no marketing e na gestão da imagem do Flu. O que mudou foi a correlação de forças na politica tricolor, que levou a “imprensa especializada” a ser representante da oposição de vez.

Agora com as perspectivas de mídia e a torcida relativamente controlada com a chuva de contratações 0800, o perigo para a Flusócio reside no grande presente que ela recebeu de Xerém: Pedro.

Não há porque lançar o impeachment para qualquer grupo oposicionista de maneira isolada, ninguém teria o controle de um novo processo eleitoral a essa altura, mas a eventual saída do nosso artilheiro (a não ser para um clube de primeiríssima linha por um absurdo de dinheiro) reviraria as perspectivas imediatamente em todos os campos e levaria à união necessária na oposição para acabar com a gestão atual.

E qual é a conclusão que fica? Simples: se não for por um motivo nobre, ao menos dá para acreditar na diretoria querendo segurar o Pedro mais seis meses ou um ano. É que a vida política deles depende disso.

Panorama Tricolor

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