Para os que estão em casa (por Erica Matos)

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“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

João Guimarães Rosa

Nosso time começou o ano muito bem, depois teve queda grotesca e agora está numa oscilação que nos dá alguma esperança de terminarmos no G4.

Nesta semana não teve como não lembrar do Tetra, em seu aniversário de dois anos.

Dia 11/11/2014, o Fluminense era Tetracampeão na rodada de numero 35 do Campeonato Brasileiro.

Há um ano atrás, um ano após o Tetra,  dia 10/11/2013, estávamos entrando na zona de rebaixamento.

O tempo passa muito rápido e a vida é cheia de altos e baixos.

Se pararmos pra analisar, traçando um parâmetro do momento em que estamos vivendo hoje, com o da mesma data há um ano e há dois anos atrás, temos a constatação de que, nem na vida e nem no futebol, temos garantia nem segurança alguma.

Essa semana, me peguei lembrando da rapidez e, muitas vezes, da estupidez da vida, ao assistir o jogo contra o Coritiba no sábado passado em Laranjeiras, no nosso oscilante time de 2014 quando saímos da quarta, para a sétima posição na tabela.

Fiz um retrospecto e voltei há dois anos atrás naquele mesmo lugar.

Revi minha chegada eufórica ao nosso clube, revi um ano que foi um sonho, um ano em que estivemos “duas vezes no céu”, como diz o título do livro do nosso amigo Paulo-Roberto Andel.

De repente, voltei há um ano atrás, 2013.

Lembrei de que, ao constatar que estava fazendo um ano do tetra, vinha então a dura realidade da zona de rebaixamento, com 52% de chances de irmos para a série B do campeonato.

Penso no meu priminho de 6 anos, que acompanha o futebol na família, como de costume e tradição.  Foi difícil explicar para mim mesma o que estava acontecendo em um ano, imagine explicar para uma criança, que o campeão brasileiro estava entrando na zona da degola um ano após?

Lembro da família lamentando e meu primo questionando o seu pai: “Mas não somos os melhores do Brasil? Como o senhor está triste agora?” (isso depois da derrota para o Corinthians).

Fomos do céu ao inferno em um ano.

Com esta turbulência no Fluminense, não havia dúvidas que repetir neste 2014 a trajetória do ano passado era motivo de muito medo.

Confesso que na rodada de numero 30 deste ano, contra o Santos, foi o dia do Ufa! Comemorei com alívio, o fim de 2014 e desejei um 2015 mais maduro para o nosso time.

Na vida, o equilíbrio é essencial para que alcancemos metas.

Nestes dias, me vi relembrando de passado-presente, de um time que não me traz plena segurança  e  que mostra os equívocos do caminho.

Não tenho a euforia do quase utópico 2012, não tenho o desespero e o medo de 2013 e tenho um 2014 que me dá a esperança de dias equilibrados venham e que, juntos, tenhamos a maturidade e coerência de um clube que tem uma história linda e uma torcida sem igual, o que nos faz eternos apaixonados pelo Fluminense.

Queremos um equilíbrio independente de promessas de prêmios, de dinheiro, de patrocínio, de jogador.

Um equilíbrio no qual tenhamos um time que (pelo menos tente), honrar a camisa que veste, o salário que ganha e que tenha a integridade de não se omitir nunca.

Traçando uma paralela com o texto de Guimarães Rosa, muito pertinente ao que queremos e ansiamos no Fluminense , “O que queremos deles é coragem.”

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @erica_matos

Imagem: google

o engenheiro e a esfinge 14 11