Padrão (por Marcelo Vivone)

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Fizemos um bom jogo em Curitiba e poderíamos ter voltado do sul com os três pontos na bagagem. Foi uma grande partida do time? Não. Mas foi, acima de tudo, uma partida em que o time aliou consistência tática e espírito de luta.

Nossos jogadores e técnico conseguiram emplacar a terceira partida sem derrota, sendo que com duas delas jogadas fora de casa. Com isso, o Fluminense somou cinco pontos nas últimas três partidas, algo que não acontecia desde as primeiras rodadas da competição.

Os mais críticos dirão que é pouco. Sem dúvida, do ponto de vista de que somos o atual campeão brasileiro e da expectativa que isso gera na torcida, acho essa afirmação correta. Por outro lado, trazendo à tona a realidade que vivemos no ano, discordo dessa visão.

A dura realidade é que temos um time em formação (mesmo estando já quase no final do ano) e que ainda lutamos para nos distanciar dos quatro últimos colocados. Sob esse aspecto, os cinco pontos conquistados, com dois jogos fora de casa e sendo um contra o campeão da Libertadores e outro contra o quarto colocado do campeonato, configuram-se sim como um bom resultado. E eu encaro dessa forma.

E mais do que os resultados, pela primeira vez em muito tempo, vejo em campo um time pelo qual é possível torcer com esperanças. Digo isso, porque torcer, o torcedor sempre irá fazê-lo. Mas, no meu caso, há um mês me via torcendo pelo amor que tenho por esse clube e acreditando que apenas a nossa camisa poderia suscitar um milagre ou uma súbita melhora na negra situação que vivíamos.

Esse quadro angustiante começou a mudar há três rodadas, na partida contra o Atlético/MG, quando finalmente os jogadores mostraram muita disposição em campo e o time conseguiu um bom bloqueio defensivo (fora as falhas individuais do Anderson). Mas ainda faltou melhorar o setor ofensivo.

No jogo seguinte, contra o Bahia, no Maracanã, os jogadores lutaram durante todo o jogo. Mas o time ainda se mostrou bastante oscilante, tendo feito um primeiro tempo muito ruim e um segundo tempo bom.

Já na última quarta-feira, além de jogar com disposição durante todo o jogo, o time mostrou consistência e o que pode ser considerado um embrião de padrão tático. Vi, pela primeira vez, os jogadores sabendo o que precisa ser feito durante noventa minutos e não apenas em um tempo ou uma parte do jogo. É verdade que o adversário foi melhor durante os quinze primeiros minutos do segundo tempo, mas isso é natural quando se enfrenta um time em seus domínios e, principalmente, quando esse time ocupa as primeiras colocações da tabela. O importante é que soubemos suportar a pressão e que retomamos as rédeas da partida.

E Vanderlei tem boa parcela de participação nessa melhora. Bastou que ele tivesse alguns poucos dias para treinar o time e a mudança de comportamento ficou clara. Não sei o que foi feito e por quem, para que os jogadores deixassem fora do campo os atrasos de salários e demais problemas, sejam eles quais forem. Mas, na parte tática, nosso técnico já começa a conseguir fazer os jogadores entenderem o que está sendo pedido. É importante também ressaltar a facilidade que Luxemburgo tem de mexer peças e readequar o esquema durante o andamento de uma partida.

Ainda não vivemos um momento auspicioso, mesmo por que ainda estamos muito perto da zona da degola, mas já vivemos um momento em que é permitido ao torcedor, de forma lúcida e não ilusória, avistar logo ali na frente momentos mais tranquilos e, talvez, um pouco mais à frente, sonhar com algo maior. É evidente que há ainda um longo caminho a ser percorrido e que o time ainda vai oscilar, já que está em formação e que conta com muitos jovens, mas creio ser o melhor momento que time e torcedor vivem no ano de 2013, inclusive com a volta da harmonia fundamental entre eles.

Sábado é dia de a torcida comparecer ao Maraca para empurrar o time. Uma vitória contra a Portuguesa trará mais confiança ao time e nos afastará dos quatro últimos colocados. Pelo menos 30 mil pagantes cairiam muito bem.

Rápidas

– Os méritos do time na partida de quarta-feira são ainda maiores se considerarmos que jogamos em um gramado horroroso, em um estádio em que a torcida fica a meio metro dos jogadores e que o juiz e o auxiliar do nosso ataque do primeiro tempo estavam com a camisa do time da casa por baixo dos seus uniformes;

– Impressionou-me negativamente a participação do juiz na quarta-feira. Não conseguiu arrumar um pênalti para o adversário, mas teve participação decisiva no resultado. O ábirtro gaúcho deveria, por exemplo, ter expulsado o lateral esquerdo do Atlético ainda no primeiro tempo. Já é o segundo juiz seguido em nossos jogos fora de casa que apita nitidamente a favor do time da casa;

– Vanderlei apontou como imaturidade as cavadas de Rhayner e Biro Biro como consequência da imaturidade de ambos. Não sei o leitor, mas me chateia muito ver isso acontecer em profusão no futebol brasileiro. É uma grande chatice essa mania dos jogadores brasileiros de caírem o tempo todo.

Panorama Tricolor

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Foto: www.globo.com

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