Outro Flu, outro Voltaço (por Paulo-Roberto Andel)

O Volta Redonda sempre foi um chato para o Fluminense. Eu era criança e me lembro de ouvir a derrota em 1979 no radinho de pilha, em pleno dia de aniversário do Flu. Acho que nunca mais aconteceu isso. Engraçado que, naquela época a gente vivia uma crise terrível, mas se olharmos a escalação do time vemos que era cheio de feras. Cousas do football.

Tempos depois, mais barra pesada: primeiro, a decisão da Copa Rio nas Laranjeiras em 1994, com direito a Paulo Victor no gol dos caras. Segundo, a final do Carioca 2005, dificílima, que só conseguimos vencer no último minuto. Enfim, é um adversário historicamente complicado e não creio que será diferente logo mais, independentemente do momento, nesse campeonato de estranhos horários e dias.

As coisas eram mais fáceis antigamente. Quarta-feira, nove da noite; sábado, cinco da tarde; domingo, cinco da tarde. Às vezes sábado, nove da noite. Hoje são jogos todos os dias em todos os horários, parece que é feito para que as pessoas não acompanhem. Muito estranho.

É claro que o Fluminense é favorito e nem podia ser de outra forma. Precisa vencer se manter bem na tabela e não ter nenhuma surpresa.

Sobre o campeonato, muito se fala. Tem quem queira o fim, a extinção, é uma competição inútil. Mas juro para vocês que eu fico me perguntando: no que valeria a pena alongar o Campeonato Brasileiro chatíssimo ou, eventualmente, ter datas para jogar as competições internacionais, isso para quem se classificar? Sendo brasileiro, na Sul-americana até o Zabumba Torta FC se classifica.

Não se trata de saudosismo, mas entendo que tudo poderia ser diferente com dirigentes melhores, a começar pela Federassauro que parece ter uma especial predileção em sacanear o Fluminense. Mais do que isso, temos visto no século XXI a predominância de um rival, muitas vezes com resultados contestados do ponto de vista da arbitragem.

Não creio que a extinção seja a melhor solução, até porque ando muito cético com a teoria de internacionalização do futebol brasileiro. Nós mesmos somos um continente à parte, tudo é mais difícil de se fazer. E, ainda por cima, se as rivalidades locais desaparecerem por falta de atrativos, aí, meus amigos, é melhor começar a preparar as crianças para assistir a NBA a a NFL porque não vai dar certo.

Por enquanto é isso: torcer pelo Fluzão ardorosamente nesta sexta-feira à tarde, em tempos tão difíceis para todos nós, ou quase todos, pelo menos desde já.

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Muito obrigado a todos os que têm prestigiado esta coluna e, por consequência, este PANORAMA. É um trabalho voluntário com uma equipe briosa, que batalha há anos para manter o debate sobre as cores do Fluminense em alto nível. Não temos injeções de dinheiro, agradamos candidatos não, fazemos acordos políticos, consequentemente não conquistamos milhares de láiques patrocinados, mas estamos aqui felizes, sonhadores, pensando e discursando por um Fluminense melhor. É isso.

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21/07/1979

FLUMINENSE 1 X 2 VOLTA REDONDA

Local: Caio Martins
Juiz: Mario Rui de Sousa
Renda: Cr$ 217.685,00
Público: 4.077

Gols: Toinzinho 2 do 1° tempo; Expedito 13 e Paulo César 42 do 2° tempo

Fluminense: Renato, Edevaldo, Tadeu, Edinho, Rubens Galaxe, Carlos Roberto,
Toinzinho (Robertinho), Mário, Fumanchú, Nunes e Zezé.

Volta Redonda: Renato, Marreta, Almir, Valmir, Laurinho (Wilson), Nem, Rubenval, Valdir, Luis Alberto (Clodoaldo), Expedito e Paulo César.