Quem disse que nenhuma injustiça não pode ser reparada?

E a dor? E o choro?

Dia desses, conversávamos num campeonato de botão na Pereira Nunes. Alguém discutia por um resultado qualquer, o danado do dadinho caía no chão e nem sempre se via direito para onde se chutava.

Pois é, um dia a luz se apagou, a garagem fechou e o jogo acabou.

Entretanto, havia outros jogos a vencer, muitos mais.

Algumas vezes fomos adversários, você com o seu amado Vasco, eu com o meu amado Fluminense. Noutras, fomos siameses: nosso abraço em Barueri às vésperas do tricampeonato brasileiro tricolor valeu por cinco anos. Outras ainda, ríamos quando você estava prestes a começar trabalho no campo e eu gritei o teu nome. E como ríamos.

Naquele sábado estranho em Volta Redonda, nada dava certo para o Fluminense. Uma surra do Atlético de Goiás. Lembra quando nos falamos no intervalo? “Pois é, a coisa está feia, tem que mudar de atitude no vestiário”. E mudou. Mudou muito. Uma hora depois, o Fluminense conseguiu uma das suas grandes vitórias, três gols em sete ou dez minutos. Não fomos campeões, mas valeu uma vida.

Uma outra vida, bem mais precioso que temos, esteve em risco pouco tempo depois, de maneira quase inacreditável: a tua.

Quem era de reza e vela dedicou-se às orações, outros choraram pelo infinito, alguns acreditaram no que se dizia impossível. Peraí, impossível? Claro que não! Se você fosse embora cedo, seria injusto e incompreensível demais. Para alegria de todos nós, sucedeu o contrário.

Tudo tem seu tempo, seu momento, seu traçado. Demorou, claro, bem mais do que gostaríamos, mas isso nada importa diante da grande satisfação que é ver você de volta.

Há muitos jogos a fazer, coisas a sentir e viver. Ainda mais quando se tem um coração vascaíno e uma estirpe que remete ao melhor do tricolor.

Na verdade, permita-me corrigir, não é o caso de dizer que você está de volta.

O fato é que você jamais saiu daqui, do nosso, dos nossos, de todos os corações que, um dia, temeram pela tua ausência e agora distribuem alegria a granel.

O Videoton espera um amistoso contra o Mundial.

Abraço de sempre, Rafael. Obrigado por estar aqui conosco. É nóis!

Em homenagem ao restabelecimento do jornalista Rafael Marques, da Rádio Globo-RJ

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

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