O tiro pela culatra (por Felipe Fleury)

IMG_20151012_124854

Quem, em sã consciência, pode aceitar que o ano ruim do Fluminense decorreu apenas de um time montado com recursos limitados, que fez o máximo que pôde dentro da competição?
 
Times limitados são quase todos os nossos concorrentes no campeonato brasileiro. À exceção do recente campeão, Corínthians, do São Paulo e talvez se encontre mais um ou dois, que outra equipe seria tão superior a do Fluminense?
 
Mesmo com um orçamento enxuto, foi possível montar um time competitivo, ainda que não houvesse um elenco à feição, para a disputa nacional. Tanto é verdade, que frequentamos a zona da Libertadores por várias rodadas e chegamos à semifinal da Copa do Brasil.
 
O pífio ano Tricolor foi, basicamente, construído ou desconstruído, como queiram, de fora para dentro. Desmandos, contratações equivocadas, vaidades e toda a sorte de inépcias administrativas que culminaram no desmantelamento moral da equipe e na sua vertiginosa queda de produção de um turno para o outro do campeonato brasileiro.
 
Evidentemente, Magno Alves, Antônio Carlos e Welington Paulista, por exemplo, não poderiam vestir a camisa tricolor. Gerson, que embora tenha futebol, não poderia ter sido mantido no elenco como titular com seu destino já traçado em terras europeias. Gum, por anos a fio um “guerreiro”, mostrou-se cansado das batalhas de outrora e foi apenas  um arremedo de zagueiro, responsável direto por algumas das derrotas tricolores no ano.
 
Cristóvão, Drubscky, Enderson e Eduardo Baptista não são treinadores à altura do Fluminense. Foram todos contratados sob o argumento de que não havia verba suficiente para patrocinar a vinda de um treinador melhor qualificado. Investiu-se no barato, nem no bonito nem no bom, apenas no barato. Claro que não daria certo, como não deu.
 
Se parte do dinheiro desperdiçado nas contratações equivocadas do ano, aí vale citar principalmente Ronaldinho Gaúcho, fosse investida na contratação de um treinador, teríamos, minimamente, um nome de respeito no comando tricolor.
 
Ronaldinho Gaúcho, aliás, não foi apenas desperdício de dinheiro, foi desperdício de tempo, de paciência e o responsável, ou corresponsável juntamente com Mario Bittencourt – que o trouxe -, por fazer grassar no seio dos jogadores tricolores o sentimento de total descrença na cúpula de futebol do Clube. Afinal de contas, ninguém se sentiu obrigado a ser profissional enquanto R10, com a fortuna que recebia, não o era.
 
Um aproveitamento de 41% no campeonato e de pouco mais de 20%, no segundo turno, além de ter sido, por enquanto, o time com o segundo maior número de derrotas na competição, não tem nada de positivo. É, na verdade, um ultraje às tradições e à história do Tricolor que, desde 2012, está carente de um título nacional.
 
O tiro que Peter Siemsen deu, designando Mario Bittencourt para a vice-presidência de futebol, saiu pela culatra. Seus planos tinham por finalidade torná-lo o responsável direto pelos eventuais sucessos da equipe, o que o tornaria o seu virtual sucessor na presidência do clube em 2016. Peter não contava, porém, com a incompetência e a vaidade de Mario Bittencourt.
 
Esses três anos de malogro futebolístico da gestão Peter Siemsen ainda podem custar mais caro do que já custaram: podem reconduzir ao Fluminense, através do pleito que se avizinha, figuras que já se imaginavam afastadas definitivamente do clube e que o tricolor que tem boa memória não deseja que retornem.
 
Peter só tem uma chance de fazer o seu sucessor na presidência do Flu: tornar o ano de 2016 diferente de tudo o que se viu nesses últimos três anos, a começar pela escolha de um departamento de futebol que esteja apto a comandar, com competência e desprendimento, os rumos do football Tricolor nas competições vindouras.
 
Temo que uma terceira via, alternativa a essas que estão postas, não tenha força política suficiente, além de capacidade econômica, para sair vitoriosa do sufrágio. Porque, infelizmente, penso que será incapaz, em virtude desses fatores, de mostrar de forma eficaz ao sócio torcedor tricolor – desta vez eleitor em muito maior número – a sua plataforma administrativa com a amplitude que merece.
 
É uma pena, porque tudo de que o Fluminense não precisa é de retrocesso, ou de alguém que não saiba distinguir um ano pífio de um ano positivo.
 
Acostumado às glórias, o Tricolor não pode se conformar com a mediocridade. Em 2016 deveremos saber dar a devida resposta a quem só tem o Fluminense para se locupletar, depositando nas urnas o voto da indignação, o voto da mudança.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: pra

CONVITE LANÇAMENTO LIVROS BRASILIA azul

4 Comments

  1. ST****

    Não, o Peter até agora não o fêz, certamente nunca o fará: “tornar o ano de 2016 diferente”, ou seja lá qual fôr o ano.

    Oscilamos sempre entre equipes de rendimento subaproveitado, más exibições, dificuldades na tabela e algumas “conquistas” fora de campo que mostram-se em pés-de-barro como, por exemplo, aquela tabela de preços para o ano todo divulgada antes da copa e que durou somente 40 dias ou o contrato com o Consórcio que, ao ser alterado, deixou de ser razoavelmente

    1. bom e passou a incrivelmente péssimo.

      Oposição? Sem chance. Enquanto o Fred mandar e desmandar naquilo, tudo os torcedores do espetáculo (que torcem em menor grau para a instituição), babarão pela figura mais que pelo escudo; e na mentalidade de rebanho prosseguirão.

      Quanto aos mesmos desmandos, nenhum jogador deixa de estranhar e ser afetado por tal situação: um “atleta” que, além de capitão, acumula funções práticas de técnico e até mesmo (pasmem!), diretor.

      Ótima crônica, Felipe.

  2. Falou e disse, concordo 100% com tudo.
    A volta da gange do Orca/Celso Barros reforçados pelo político Delei é uma temeridade que se torna uma ameaça real.
    Quase faliu o clube.
    Por outro lado a incompetência do Mario Bitencurt e do seu acecla Fernando Simione é de lascar.
    Erraram em tudo que podiam, começando em emprestar jogadores formados em casa muito melhores do que os que trouxeram e ainda fizeram contratos longos com os malas.
    É de assustar como podem ter sido tão burros.

Comments are closed.