O que sobrou da Libertadores? (por Paulo-Roberto Andel)

Para muitos tricolores, foi inevitável escapar do gosto de amargo nesta noite de quarta-feira. Enquanto o rival fazia o Barcelona de tubinho de paçoca sendo amassado com a colher, parte significativa da torcida lamentou novamente a nossa eliminação para um time tão limitado.

Na modestíssima parte que me cabe, não reatou decepção. Crítico que fui desde sempre da montagem do elenco tricolor, esperei pelo pior que, infelizmente mas sem surpresa, acabou acontecendo. Mas concordo com a tese de que, mesmo com seus inúmeros problemas conhecidos, provavelmente o Fluminense não teria sido um adversário tão insignificante para o fraquíssimo Barcelona se Marcão já fosse o treinador. Não garantiria a classificação, mas no mínimo a postura seria outra.

Mas aí vem o outro lado da moeda. Se fosse, se pudesse, seria. Nada disso muda o passado e, agora, a nova perspectiva tricolor é a reclassificação para a Libertadores 2022, com base no frágil argumento de que, para conquistá-la é preciso disputá-la várias vezes. Não foi o caso do nosso rival em 1981, nem do Grêmio em 1983, dentre outros exemplos. E se a participação sucessiva realmente encaminhasse para o título, o Fluminense já teria ganho a Sul-americana e pelo menos bisado a Copa do Brasil.

Para vencer a principal competição continental, fundamental é ter um time e um elenco à altura das tradições do Tricolor – e, claro, um treinador com conceitos terráqueos, sem interferência de interesses empresariais nas escalações.

E justamente nessa perspectiva de reclassificação é que reside uma das fragilidades do Fluminense. O título está descartado. Ninguém fala em ser campeão. Ninguém. Nenhum jogador ou dirigente. Essa é a pauta que precisa mudar se realmente buscamos voos maiores. Caso contrário, a figuração inofensiva continuará a atormentar os corações tricolores – e ela define a diferença entre os grandes e médios clubes no Brasil.

Muita coisa precisará ser feita no Flu para o sucesso futuro do time, a começar pela postura do presidente. Tido como pouco afeito a críticas e contraditórios até mesmo por seus pares e bajuladores – de forma velada -, o mandatário deveria avaliar melhor sua trajetória à frente do futebol, deixando a frente de batalha para quem realmente conheça o assunto a fundo. O Fluminense não voltará ao topo do mundo com tiradas à Odorico Paraguaçu e similares.

À espera de dias melhores em vez de migalhas, seguimos na permanente torcida.

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