O que nós achamos da escalação do Fluminense? Depende do esquema (por Marcelo Savioli)

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Amigos, amigas, em que pesem as circunstâncias, confesso um prazer enorme em poder voltar a falar de futebol. Não menor que a expectativa de poder voltar a ver o nosso Tricolor em campo.

Como parece que Odair já definiu o time, sinto-me encorajado a dar meus pitacos. A começar pelo fato de que a escalação se assemelha muito ao que considero ideal, embora não saiba se poderei dizer o mesmo sobre o posicionamento tático.

O time que Odair vem treinando tem: Muriel, Gilberto, Nino, Ferraz e Egídio; Hudson, Yago, Ganso e Marcos Paulo; Evanilson e Fred.

Seguindo a tradição jornalística, apresentei a escalação no tradicional 4-4-2, que não me parece a melhor alternativa para a referida formação, pois o time dependeria muito da subida dos laterais, o que nos deixaria com o eterno problema de ter que proteger os flancos defensivos desguarnecidos no momento do contra-ataque adversário. É isso ou sacrificar os laterais com aquele famigerado ir e vir interminável durante 90 minutos.

É claro que, jogando no 4-4-2, Hudson pode ficar na proteção à zaga, formando praticamente uma linha de três. O que prejudicaria nosso estilo de transição, já que os laterais teriam que jogar avançados. Ou então teríamos que sacrificar os dois volantes de criação (Ganso e Yago), como fazia Diniz, para vir fazer a saída de bola e dar opção de saída pelos lados.

Eu gosto, com essa formação, da ideia de um 3-4-1-2, com Hudson compondo a linha de três zagueiros e fazendo a transição pelo lado esquerdo, enquanto Nino faz o mesmo papel pelo lado direito. Enquanto isso, Ganso e Yago fariam a proteção à zaga e o trabalho de criação, contando com o apoio dos laterais. Fred e Evanilson fariam uma dupla de ataque, com liberdade de movimentação, com o apoio de Marcos Paulo, que seria o elo de ligação entre o meio e o ataque, papel, inclusive, que ele desempenha melhor.

Está aí um time bem competitivo, dependendo de como Fred se reapresentará. Se for o Fred do Cruzeiro, engessado, sem mobilidade e com sérias dificuldades de se conciliar com a bola, teremos sérios problemas. A proximidade de Evanilson seria uma ótima muleta. Não precisa Fred se movimentar como um menino de 18 anos. Basta se movimentar com inteligência e apresentar pelo menos a forma técnica que ostentava em 2015, que pode até ser capaz de formar um ataque titular matador.

É claro que precisaremos muito do apoio dos laterais para termos jogadas pelos flancos, recebendo apoio dos três homens de frente e da dupla de criação (Yago e Ganso). A lembrar, nenhum dos demais jogadores tem como característica explorar bem os lados do campo.

O que temos é Wellington e Pacheco, mas aí já teríamos que repensar o time todo. As melhores opções que teríamos no banco de reservas seriam Miguel e Nenê, mas Nenê está fora de combate. Caso Fred não encaixe, colocaria Miguel em seu lugar, trocando-o de posição com Marcos Paulo ou mudando o esquema para um 3-4-2-1, com Evanilson ficando no comando do ataque.

Sempre defendi essa transição com Yago e Ganso, mas isso não inclui Nenê e Fred no mesmo time, pois fragilizaria bastante nossa recomposição defensiva. Morro de medo, inclusive, de ver Nenê e Fred atuando juntos, pois teríamos o pior dos dois em campo: um cruzando e o outro dando trombadas nos zagueiros para tentar uma finalização improvável.

Enfim, temos um excelente esboço de time titular, mas precisamos que isso se traduza em um esquema produtivo. Falta termos uma visão melhor das peças de reposição. No gol e na zaga temos boas opções. Nas laterais as opções são sofríveis.

Quanto ao meio, não temos jogadores à altura para fazer o papel de Yago e Ganso, pelo menos não os que têm jogado. É hora de Odair testar a turma que veio lá do Sub-20, com destaque para Calegari e André. Desculpem se eu esqueci de alguém, mas três meses de afastamento acabam justificando uma certa amnésia. Aos poucos eu vou me atualizando.

Enfim, parece que nosso menor problema é o setor ofensivo. Além da aparentemente boa escalação pensada por Odair para a próxima partida, temos Miguel, Nenê, Wellington e Pacheco para preencher o setor.

Acho que nossa prioridade no mercado deveriam ser as laterais, embora tenhamos peças no Sub-20 que podem ocupar no mínimo a reserva de Gilberto e Egídio.

***

Tirando a alegria pela volta do futebol, sobra a completa indignação não só com a volta fora de hora, mas com o completo desatino das autoridades públicas no combate à pandemia de Covid-19.

Estamos dando voltas e mais voltas sem sair do lugar já tem mais de um mês. No Paraná e em Santa Catarina as medidas de flexibilização fizeram o contágio disparar. É o que acontece quando medidas são tomadas num ambiente de compreensível apreensão, pois jogamos fora mais de três meses de isolamento social, destruindo empresas e empregos, sem resolver rigorosamente nada.

Mas eu não vou me estender nesse assunto, porque a gente vai acabar indo parar na política e eu não quero contaminar este artigo com outros assuntos que não o futebol. É apenas para endossar o posicionamento de Fluminense e Botafogo, que parecem ser a reserva de sensatez no futebol carioca.

Mas, enfim, se a bola vai rolar, vamos viver esse retorno com intensidade e matar a saudade.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

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