O ocaso de Abad (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, quando minha próxima coluna for ao ar, Pedro Abad não será mais o presidente do Fluminense Football Club. Entre suspiros de alívio e incertezas quanto ao futuro, é possível afirmar que, embora possa ter tido algumas (mínimas) virtudes, a gestão do então representante da Flusócio não deixará saudades. Não à toa, seu mandato se encerrará antes do previsto, devido a uma mudança no estatuto suscitada por ele mesmo, quando a pressão por seu impeachment já se tornava insustentável. Entre promessas de campanha vazias, como a da construção de um estádio, e outras mais factíveis, como a finalização do CT na Barra, continuamos sem patrocínio Master e, somente no ano derradeiro de sua governança é que Ganso, um jogador com potencial de ídolo, foi contratado. Seu período à frente do clube só não foi um desastre completo porque surgiram novos bons valores da base e conseguimos evitar um rebaixamento à Série B, além do acerto com Diniz.

Abad será lembrado por suas declarações e posturas desastrosas, ou pela omissão completa, em situações graves para o clube. Seus elogios efusivos a Peter Siemsen e sua insistência em dizer que as dívidas do Fluminense estavam equacionadas, além do resto já citado, renderam-lhe a antipatia e a festa de seus detratores, principalmente quando a realidade bateu à porta, começamos a atrasar salários com extrema frequência, tivemos o problema com Gustavo Scarpa, as demissões de jogadores importantes e até campeões brasileiros por Whatsapp, enfim, muitos e muitos erros que acabaram marcando negativamente sua passagem pelo segundo cargo mais importante da pátria. O vazio institucional existente precisa ser preenchido por alguém que consiga fazer a defesa adequada das cores do Fluminense nos bastidores e em todas as outras esferas. Alguém que tenha conhecimento de causa, vivência em Laranjeiras e peito para enfrentar a mídia, a CBF e o escambau pelo Fluminense.

Há dois candidatos ainda no páreo (Marcelo Souto não conseguiu o mínimo de assinaturas para formar chapa): Mário Bittencourt, apoiado por Celso Barros, capitaneia a chapa “Tantas Vezes Campeão”, enquanto Ricardo Tenório capitaneia a chapa “Libertadores”. Mário é um advogado competente, sem dúvidas. Celso, como sabemos, um grande tricolor, responsável por instituir talvez o maior patrocínio que o Fluminense já teve. Ricardo Tenório é um empresário bem-sucedido, foi atleta do clube, está lá há bastante tempo e conhece a todos. Não conheço nenhum dos três pessoalmente, e acho que cabe a cada tricolor informar-se acerca dos prós e contras de cada um dos candidatos, bem como analisar suas propostas, verificar se elas são factíveis ou não, entender quem os apóia e, principalmente, certificar-se de que aqueles que estão junto com eles em suas respectivas chapas não possuem interesse em se locupletar do clube em nenhum aspecto. E sim, falo dos futuros conselheiros.

O Conselho Deliberativo normalmente passa batido para a maior parte da torcida. São nomes que quase ninguém conhece, pessoas que não aparecem, que não têm mídia, mas que são extremamente responsáveis por tudo o que ocorre no clube. Como o estatuto prevê que a maioria do Conselho hoje seja formada por membros da chapa vencedora, a oposição acaba sendo mínima. Logo, se os conselheiros não forem completamente imparciais e movidos pelo desejo de ajudar ao Fluminense – e apenas a ele – o gestor acaba conseguindo aprovar basicamente o que ele quiser, inclusive contas e balanços fiscais irregulares, que podem vir a criar problemas para o Fluminense no futuro (vide o caso do Cruzeiro). Desta forma, é de suma importância que aqueles que estejam apoiando o candidato vencedor não possuam nenhum tipo de interesse pessoal ao fazê-lo. A Flusócio foi acusada de promover exatamente esse tipo de comportamento e estimular uma perpetuação no poder. Seja isso verdade ou não, melhor votar com consciência para que não tenhamos uma gestão de cartas marcadas.

Estarei no clube no dia 8 de junho e, se eu fosse você, sócio apto a votar, de qualquer categoria que seja, faria o mesmo. O Fluminense vive um grave momento financeiro e de administração em sua história, e precisa que pessoas competentes, sérias e apaixonadas pelo clube estejam à sua frente, sem interesses pessoais, sem vaidades, procurando realmente unir a todos – seja quem forem os vencedores e perdedores – em prol de um clube forte, capaz e vencedor em todos os aspectos. Informe-se sobre as propostas de ambos os candidatos, esquive das fake news, confie naqueles que merecerem a sua confiança e, principalmente, escolha democraticamente aquele que você perceber ser o melhor para os próximos três anos em Laranjeiras. Precisamos ter os pés no chão, entender que a nossa capacidade atual de contratações é baixa e que, pelo menos nesse ano, Abad não atrapalhou e Paulo Angioni, junto a Diniz, acertaram a mão. O time é barato e competitivo. Que siga assim e, neste novo triênio, tenhamos glórias cada vez maiores a conquistar e a comemorar.

Curtas:

– Acabou que não falei nada sobre o momento da equipe, né? Mas dizer o quê… um assalto da arbitragem em Salvador, com erro de escalação inicial de Diniz que proporcionou uns moles, fora a contribuição de Agenor e… derrota. O time viaja pra Medellín, encara a altitude, parece sem fôlego e sem pernas durante parte da partida, perde um caminhão de gols e… derrota. Mas, dessa vez, por 1 a 0, o que assegurou nossa classificação. O momento é de comemorar. Vamos recuperar no Brasileirão, tenho fé. E que venha o Peñarol!

– Falando sobre o Brasileirão, encaramos neste domingo o São Caetano rubro-negro, que tomou uma porradinha do River Plate e foi colocado em seu devido lugar de time pequeno. São fregueses contumazes e diz-se por aí que virão de reservas. O Fluminense precisa pontuar, e deve partir para cima. Dá pra sair da Arena da Baixada com os três pontos, sem sombra de dúvidas, se o juiz e o VAR não atrapalharem e, claro, se nosso técnico não inventar. Existe uma formação que anda dando certo. Basta repeti-la, trocando o mínimo de peças possível e sempre em caso de necessidade apenas. É isso, Diniz.

– Povo, não se iludam… a diretoria QUIS que o Pedro fosse disputar o torneio de Toulon pela seleção brasileira de base, assim como QUIS que o Marcos Paulo fosse também defender a seleção portuguesa de base. Ficaremos sem os dois jogadores por alguns jogos, e eles são bastante importantes, mas no frigir dos ovos, Pedro e João Pedro não podem jogar juntos – eventualmente um seria preterido – e o Marcos Paulo ainda é – infelizmente – reserva do Luciano. Assim, eles jogam na Europa por um tempinho, se expondo numa vitrine maior, visando valorizar seu “passe”. É um claro preparativo para vendê-los bem na janela, o que é uma pena.

– Agenor já mostrou a que veio, e não vai passar muito disso. É um goleiro mediano debaixo das traves e terrível com a bola nos pés. Rodolfo é um pouco melhor com a bola nos pés e talvez um pouco pior na pequena área. Não temos grana nem pra pagar a dívida do Profut direito, quanto mais contratar um goleiro decente. Dessa maneira, temos ainda duas opções que parecem ser ignoradas: De Amores e Marcos Felippe. E eu testaria a ambos. Dizem que De Amores não fica mais no Flu de jeito algum e que está só se recuperando mesmo, e tal… mas e a nossa cria de Xerém? Marcos Felippe foi goleiro da seleção de base e agarrou uma barbaridade, mesma coisa quando defendeu a base do clube. O que estão esperando para dar-lhe uma chance? Só saberemos como ele vai se sair testando-o, certo? Então, alô, Diniz! #umachanceparaMarcosFelippe!

– O Fluminense encara o Cruzeiro nesta quarta-feira, dia 5 de junho, pelo jogo da volta das Oitavas de Final da Copa do Brasil. Empatamos por 1 a 1 no Maraca, então o jogo está no zero e ambos os times sairão para jogar e conseguir a vitória. Da última vez que isso aconteceu, goleamos o time celeste por 4 a 1, no Brasileirão. Mano Menezes ainda é o técnico e tem as mesmas peças, mas a crise institucional por que passa o Cruzeiro pode criar alguma interferência no desempenho em campo. No Brasileiro, amargaram uma derrota no Mineirão para a Chapecoense por 2 a 1. Se o time catarinense os venceu lá, nós também podemos.

– Palpites para os próximos jogos do Flu: Athletico-PR 0 x 3 Fluminense, Cruzeiro 1 x 2 Fluminense.

Panorama Tricolor

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