O jornalismo esportivo brasileiro vale a pena? (por Marcus Vinicius Caldeira)

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Esta semana, logo no seu início, fomos pegos de surpresa com a seguinte pergunta no Twitter, elaborada pelo jornalista Mauro Cesar da ESPN: “Fred, vale a pena?”. Na verdade era um texto do referido jornalista, defendendo que por conta do alto índice de lesões e cartões e como consequência, constantes ausências, o Fred não valeria o investimento.

Não vou nem entrar nessa discussão burra! O craque sempre vale à pena, a não ser que esteja jogando de má vontade, fazendo corpo mole ou coisas do gênero. Porém, aproveitando a deixa do jornalista da ESPN, gostaria de perguntá-lo e a todos vocês:

O jornalismo esportivo brasileiro vale a pena?

Na minha opinião, não. Quantas vezes buscamos informações na midia convencional e, passados os fatos, percebemos que as notícias não condiziam com a realidade? O caso Thiago Neves é emblemático. Quem não se lembra das Organizações Globo e seus asseclas como Gilmar Ferreira batendo que o meia continuaria no Flamengo?

E a crônica esportiva, então? Essa ainda é pior, pois mistura a paixão por um clube (que o analista sério tem que deixar de lado) com os interesses econômicos da empresa de mídia que trabalha. E normalmente estes interesses econômicos estão atrelados à defesa dos clubes mais populares do país. Ou seja, a estes, todo o otimismo da imprensa mesmo que eles estejam à beira da bancarrota. Aos demais, todo o pessimismo, mesmo que estejam sendo bem administrados e conquistando títulos. Sabemos muito bem disso na pele, né?

Como se não bastasse, o principal meio de comunicação do país, e que detém os direitos de transmissão de nossas competições de futebol mais importantes, cumpre um papel nefasto de afastamento do grande público dos estádios com seus horários esdrúxulos. E ainda “torce” discaradamente para dois clubes no país – Flamengo e Corinthians – que não por acaso são os de maiores torcida no Brasil. Não satisfeita, tenta “espanholizar” o futebol brasileiro dando mais dinheiro para esses clubes que para os demais, isso quando não dá outras vantagens financeiras para eles por debaixo dos panos.

Para completar este cenário triste, embora a Vênus Platinada tenha uma excelência na transmissão das imagens do jogo, o seu corpo de narradores e comentaristas segue o “padrão Globo de qualidade” que é regido pela mentira e baixa qualidade de informações e comentários. Seu principal narrador, embora dono de uma voz fenomenal, possui o ego nas alturas, tanto que nem transmite jogos do Campeonato Brasileiro. Além de querer emitir opiniões sobre o jogo quando deveria limitar-se a narrar o que está acontecendo. O pior é quando suas opiniões são contrariadas. Aí, Galvão Bueno vira bicho! Os narradores secundários da Globo são péssimos. Cleber Machado e Luis Roberto são ruins mesmo!

Se os narradores são ruins que dirá os comentaristas! Só o o Caio Ribeiro se salva. Ainda sim, já está entrando na onda dos seus companheiros. Casagrande e Junior buscam auxilio na experiência em campo, mas o produto final é de péssima qualidade. E o Falcão, que por detrás das câmeras emitia opiniões e mais opiniões, mas quando chamado a comandar times é demitido a cada três meses?

Quando chega no grupo de comentaristas de arbitragem, aí que a maionese desanda de vez. A Globo parece que precisa passar um ar de idoneidade ao campeonato brasileiro e seu corpo de comentaristas de arbitragem dificilmente discorda de uma marcação dos juizes. Só isso explica o fato do video mostrar uma coisa e “Arnaldos e Wrights da vida” falarem que o lance é diferente do que o vídeo está mostrando. É muita cara de pau!

Bem, então se é ruim vamos mudar de canal. Vamos para a Band. Aí a situação é tenebrosa pois aliada à baixa qualidade dos narradores e comentaristas está o bairrismo exarcebado da emissora paulista. Quem aguenta Neto, Denilson, Osmar de Oliveira? O Milton Neves é uma figura folclórica, não conta! E o Luciano do Valle – que já deveria estar aposentado e que, por conta da idade, esquece o nome dos jogadores no meio da transmissão?

Na fechada, temos a séria ESPN comandada pelo José Trajano e uma eqipede narradores bons. Alguns comentaristas de primeira linha como o Paulo Vinicius Coelho e o Paulo Calçade. Além do sempre crítico Juca Kfouri. Mas, infelizmente, ainda somos obrigados a aturar os antiquados e mal-humorados Calazans e Márcio Guedes. Mas, no cômputo geral, a ESPN é a única emissora que transmite os eventos com indepedência e que mantém uma qualidade ao emitir opiniões.

A Sportv é um lixo completo. É o “padrão Globo de qualidade” com um toque mais sutil. É difícil aguentar Paulo Cesar Vasconcelos, André Rizek, Telmo Zanini e outras malas! Dê sorte que saiu o intragável Renato Maurício Prado por discussão ao vivo com o Galvão Bueno, numa completa luta de egos.

O programa de debate semanal da Sportv chamado “Bem Amigos”, comandado pelo Galvão – ou pelo Luis Roberto, na ausência do mala-mor – é um horror! Junior, Alberto Helena, Paulo Cesar Vasconcelos e antes, Ricardo Mauricio Prado, mais o Arnaldo fazem um time de analistas no programa que é um verdadeito FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assola o País, do Stanislaw Ponte Preta).

Temos a recém chegada Fox Sports que começou bem e com independência. Aliás, gosto muito do narrador João Guilherme que cria bordões como o “Que desagradável” remetendo narradores históricos como Januário de Oliveira, Waldir Amaral e Jorge Cury. Porém, vamos ver como é que fica.

Realmente, em termos de televisão, o jornalismo e a crônica esportiva brasileira vão mal. Muito mal. Na mídia impressa temos o mesmo problema, embora com mais opções de escolha. No rádio, a coisa é um pouco melhor, embora tenhamos a rádio Globo agindo da mesma forma que a age a televisão do grupo.

Em verdade, a situação é muito ruim e cabe uma reflexão. Não podemos confiar nas notícias que vem da grande mídia e ainda temos que aturar as crônicas tendenciosas e com segundas intenções. De um tempo pra cá procuro informações nos blogs e na midia seguimentada tricolor. A tendência é de piora na mídia convencional. A salvação está em prestigiarmos a mídia seguimentada pela Internet! Nosso jornalismo vai muito mal das pernas. Pobre do apaixonado torcedor brasileiro!

Marcus Vinicius Caldeira

Panorama Tricolor/ FluNews

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

13 Comments

  1. Perfeito Caldeira, eu já me comprometi a nunca mais acessar a página de oglobo ou globoesporte.com.

    Infelizmente tenho que assitir jogos pela TV quando o Flu atua fora do Rio e estou chegando a conclusão que é melhor assistir no MUTE, mas uma vez ouvi uma pessoa dar uma sugestão que achei ótima: transmissões de futebol sem comentaristas de jogo ou de arbitragem, apenas identificação dos jogadores (fulano passa pra fulano, que passa para fulano…), essa sim seria a transmissão ideal do futebol, já que esperar por imparcialidade, é pior do que esperar papai noel.

  2. Excelente post Marcus, voce expressou com extrema clareza nosso pensamento em relacao a midia em geral.Vida longa a internet e que continue com esse atual formato de acesso a livre opiniao de todos.Comecei a acompanhar os sites e blogs realcionados ao fluminense tem um dois anos, foi a melhor coisa que fiz e ainda recomendo a todos os tricolores que conheco!

  3. Concordo com a maioria de suas opiniões. O Mauro César é um dos poucos jornalistas esportivos sérios deste país e, talvez, o primeiro a achar absurda a posição da crônica carioca em relação ao Flamengo. Acho que tem que haver um forte posicionamento do Flu em cima destes pseudos-jornalistas do Rio, pois só achincalham o nosso clube, até os que se dizem Tricolores.

  4. Que belo texto. Isso deveria chegar aos blogs dos demais clubes, para percebermos que nossa rivalidade deve ser redirecionada. Abraços e parabéns pelo texto.

  5. Parabéns Caldeira!

    Sua análise foi fantástica. Tudo aquilo que, provavelmente, quase a totalidade de nós Tricolores gostaríamos de falar.

    Sugiro um completo boicote à Vênus Platinada. Quero ver ela se sustentar somente com as torcidas dos queridinhos.

    ST, Luiz.

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